EPÍLOGO

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A festa de domingo na Casa Jauregui com certeza será o evento da temporada. Toda a família estará reunida, junto com cerca de uma centena dos amigos mais próximos, para comemorar o aniversário da viscondessa viúva.
É considerado grosseiro mencionar a idade de uma dama, de modo que esta autora não irá revelar quantos anos Lady Jauregui celebrará. Mas não há o que temer... Esta autora sabe!
CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN,
9 DE ABRIL DE 1824


– Pare! Pare!

Camila desceu correndo e rindo os degraus de pedra que levavam ao jardim atrás da Casa Jauregui. Depois de sete anos de casamento e três filhos, Lauren ainda conseguia fazê-la sorrir, ainda a fazia dar risada... e ainda a perseguia pela casa sempre que podia.

– Onde estão as crianças? – arfou ela, quando a maior a alcançou no final da escada.

– Francesca está cuidando delas.

– E a sua mãe?

A mais velha sorriu.

– Ouso dizer que Francesca está cuidando dela também.

– Alguém pode nos ver aqui – disse Camila, olhando para um lado e para outro.

O sorriso de Lauren ficou malicioso.

– Talvez devêssemos ir para o terraço privativo – retrucou Lauren, segurando a saia de veludo verde que a esposa usava e a puxando para si.

As palavras eram tão familiares que bastou um segundo para que Camila fosse transportada para nove anos antes, no baile de máscaras.

– O terraço privativo, é? – retrucou, com ar divertido. – E posso saber como a senhora teria conhecimento de um terraço privativo?

Lauren roçou os lábios nos dá mulher.

– Eu tenho meus métodos – murmurou.

– E eu tenho os meus segredos – respondeu Camila, sorrindo com ar travesso.

A mais velha se afastou.

Ah, é? E a senhora pode compartilhá-los?

– Nós cinco estamos prestes a nos tornarmos seis – disse ela.

Lauren olhou para o rosto da esposa, e então para a barriga.

– Tem certeza.

– Tanta certeza quanto da última vez.

A mais velha pegou a mão da esposa e a levou aos lábios.

– Desta vez será uma menina.

– Foi o que você disse da última vez.

– Eu sei, mas...

– E da vez anterior.

– Mais um motivo para as chances estarem a meu favor agora.

Camila balançou a cabeça.

– Que bom que você não é uma apostadora.

Lauren sorriu.

– Não vamos contar a ninguém ainda.

– Acho que algumas pessoas já desconfiam – comentou Camila.

– Quero ver quanto tempo vai levar para aquela Lady Whistledown descobrir – disse Lauren.

– Está falando sério?

– A maldita mulher soube de Charles, de Alexander e de William.

Camila sorriu enquanto deixava que a mais velha a puxasse para as sombras.

– Sabia que eu já fui mencionada no Whistledown 232 vezes?

Isso a fez parar imediatamente.

– Você está contando?

Duzentas e trinta e três, se incluirmos a ocasião depois do baile de máscaras.

– Eu não acredito que você está contando.

Ela deu de ombros com indiferença.

– É emocionante ser citada.

Lauren achava uma grande chateação ser citada, mas como não pretendia estragar a diversão da menor, disse apenas:

– Pelo menos ela sempre escreve coisas boas a seu respeito. Do contrário, talvez eu precisasse ir atrás dela e expulsá-la do país.

Camila não pôde deixar de sorrir.

– Ora, por favor. Acho difícil que consiga descobrir a identidade dela quando ninguém da sociedade foi capaz de fazer isso ainda.

Lauren levantou uma sobrancelha com ar arrogante.

– Isso não parece algo que uma esposa devotada e confiante diria sobre á outra eposa.

Camila fingiu estar examinando a própria luva.

– Você não precisa desperdiçar energia com isso. Ela obviamente é muito boa no que faz.

– Bem, ela não irá saber sobre Clara – prometeu Lauren. – Pelo menos não até ficar óbvio para o mundo.

– Clara? – indagou Camila baixinho.

– Está na hora de a minha mãe ter uma neta batizada em homenagem a ela, não acha?

Camila se encostou na eposa e pousou o rosto no tecido macio de sua camisa.

– Acho Clara um lindo nome – murmurou, afundando mais na proteção dos braços da amada. – Só espero que seja uma menina. Porque, se for um menino, ele jamais irá nos perdoar...







Mais tarde naquela noite, num sobrado na parte mais privilegiada de Londres, uma mulher pegou sua pena e escreveu:

Crônicas da sociedade de Lady Whistledown,
12 de abril de 1824
Ah, gentil leitor, esta autora descobriu que o número de netos da família Jauregui em breve chegará a onze...

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