Meu Verdadeiro Amor

CAPÍTULO 16

As Featheringtons ofereceram um pequeno jantar ontem à noite e, embora esta autora não tenha tido o privilégio de comparecer, dizem que a noite foi considerada um verdadeiro sucesso. Três Jaureguis compareceram, mas, infelizmente para as anfitriãs, nenhum era do sexo masculino.
O sempre amável Nigel Berbrooke estava lá, muito atento à Srta. Philippa. Esta autora foi informada de que Lauren e Taylor Jauregui foram convidados, mas não puderam estar presentes.
CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN,
19 DE MAIO DE 1817

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Os dias se transformaram em uma semana e Camila descobriu que ser camareira dos Jauregui era capaz de manter uma moça realmente muito ocupada. Seu trabalho era cuidar das três meninas solteiras, e ela ficava hora após hora fazendo penteados, costurando, passando vestidos, polindo
sapatos... Não havia saído da casa em nenhuma ocasião - a não ser por aquela única vez no jardim. Mas, enquanto a vida semelhante que levava sob o jugo de Argélia era sombria e degradante, a Casa Jauregui era cheia de risadas e alegria. As meninas implicavam umas com as outras e se provocavam, mas nunca com a maldade que Camila vira Roseli demonstrar em relação a Paulina.

E quando o chá era informal - no andar de cima, apenas com Lady Jauregui e as filhas -, Camila sempre era convidada a participar. Ela em geral levava sua cesta de costuras e cerzia ou pregava botões enquanto as mulheres da família conversavam, mas era muito bom poder sentar e tomar uma boa xícara de chá, com leite fresco e bolinhos quentes. Depois de alguns dias, Camila passou até a se sentir confortável para às vezes participar da conversa.

Havia se tornado a hora preferida do dia de Camila.

- Onde vocês acham que está Lauren? - perguntou Eloise, numa tarde cerca de uma semana depois do que Camila agora chamava de "o grande beijo".

- Ai!

Quatro rostos se viraram para Camila.

- Você está bem? - perguntou Clara, segurando a xícara no caminho entre o pires e a boca.

Camila fez uma careta.

- Espetei o dedo.

Clara curvou os lábios num sorrisinho.

- Mamãe já falou pelo menos mil vezes... - disse Hyacinth, de 14 anos.

- Mil vezes? - retrucou Francesca, com as sobrancelhas arqueadas.

- Cem vezes - corrigiu Hyacinth, olhando com irritação para a irmã mais velha - que você não precisa trazer suas costuras para o chá, Camila.

Agora foi a vez de Camila conter um sorriso.

- Eu me sentiria muito ociosa se não trouxesse.

- Bem, eu não vou trazer meu bordado - anunciou Hyacinth, não que alguém tivesse pedido.

- Está se sentindo ociosa? - quis saber Francesca perguntando a irmã.

- Nem um pouco - respondeu Hyacinth.

Francesca se virou para Camila.

- Você está fazendo Hyacinth se sentir ociosa.

- Não estou! - protestou Hyacinth.

Clara tomou um gole do chá.

- Você está trabalhando no mesmo bordado há um bom tempo, Hyacinth. Desde fevereiro, se não me falha a memória.

- A memória dela nunca falha - disse Francesca a Camila.

Hyacinth olhou para Francesca, que sorriu ao levar a xícara aos lábios.