CAPÍTULO 3

1.7K 186 71
                                    

Esta autora espera ansiosa para ver as fantasias que os membros da sociedade irão escolher para o baile de máscaras dos Jauregui. Há boatos de que Eloise Jauregui está planejando se vestir de Joana d’Arc e Penelope Featherington, recém-chegada de uma visita às suas primas irlandesas para sua terceira temporada, usará uma fantasia de duende. A Srta. Paulina Robert, enteada do finado conde de Penwood, planeja um traje de sereia, que esta autora mal pode esperar para ver, mas a irmã mais velha dela, a Srta. Roseli Robert, tem sido muito discreta quanto à própria vestimenta.
Em relação aos homens, se os bailes de máscaras anteriores servirem de indicação, os corpulentos se fantasiarão de Henrique VIII, os mais elegantes de Alexandre, o Grande, ou talvez de diabo, e as entediadas (as cobiçadas irmãs Jauregui com certeza entre eles) como elas mesmos – traje preto básico de noite, apenas com uma meia máscara em reconhecimento à ocasião.

CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN,
5 DE JUNHO DE 1815

– Dance comigo – pediu Camila em um impulso.

A Jauregui abriu um sorriso divertido e enroscou os dedos nos da menor ao murmurar:

– Achei que você não soubesse dançar.

– A senhora disse que iria me ensinar.

Lauren a encarou por um longo instante, olhos nos olhos, então puxou sua mão e falou:

– Venha comigo.

Com Lauren puxando a jovem atrás de si, as duas atravessaram um corredor, subiram um lance de escada e viraram uma curva, parando diante de um par de portas francesas. Lauren girou as maçanetas de ferro forjado e as abriu, revelando um pequeno terraço privativo, enfeitado com vasos de plantas e duas chaise longues.

– Onde estamos? – perguntou Camila, olhando ao redor.

– Exatamente acima do terraço do salão de baile. – Lauren fechou as portas atrás das duas. – Não está ouvindo a música?

Camila podia escutar com facilidade o rumor baixo das conversas, mas se aguçasse os ouvidos conseguia discernir o ritmo suave da orquestra.

– Handel – comentou ela, com um sorriso deliciado. – Minha tutora tinha uma caixa de música com esta melodia.

– Você gostava muito da sua tutora – observou ela baixinho.

Camila estava de olhos fechados, cantarolando a melodia, mas, ao ouvir o que a outra dissera, abriu os olhos com ar perplexo.

– Como a senhora sabe? – perguntou.

– Da mesma forma que soube que você era mais feliz no campo. – Lauren estendeu a mão e tocou o rosto da outra, passando um dedo enluvado devagar por sua pele até chegar à linha do maxilar. – Posso ver no seu rosto.

Camila ficou em silêncio por alguns instantes e então se afastou.

– É, bem, eu passava mais tempo com ela do que com qualquer outra pessoa na casa.

– Parece ter sido uma infância solitária – observou Lauren baixinho.

– Às vezes era. – Camila foi até a beirada da varanda e pousou as mãos sobre a balaustrada enquanto olhava fixamente para a noite escura. – Às vezes, não. –  Então se virou de repente, com um largo sorriso, e Lauren soube que ela não revelaria mais nada sobre sua infância. – Já sua infância não deve ter sido nada solitária, com tantos irmãos e irmãs por perto.

Meu Verdadeiro AmorWhere stories live. Discover now