CAPÍTULO 7

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Ficou claro a todos os convidados do baile Mottram, na quinta-feira passada, que a Srta. Roseli Robert não parava de olhar para o Sr. Phillip Cavender.
É da opinião desta autora que os dois realmente combinam.
CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN,
30 DE ABRIL DE 1817


Dez minutos mais tarde, Camila estava sentada ao lado de Lauren Jauregui na carruagem da própria.

– Está com alguma coisa no olho? – perguntou a Jauregui com educação.

Isso chamou a atenção da mais nova.

– C-como?

– Você não para de piscar – explicou Lauren – Pensei que talvez pudesse ter alguma coisa no olho.

Camila engoliu em seco, tentando conter uma risada nervosa. O que deveria dizer? A verdade? Que não parava de piscar porque ficava esperando acordar do que só podia ser um sonho? Ou talvez um pesadelo?

– Tem certeza de que está bem? – insistiu a Jauregui. Camila assentiu. – Devem ser só os efeitos do choque – comentou Lauren.

Ela assentiu de novo, deixando-o acreditar que aquilo era tudo o que a estava afetando. Como podia não tê-la reconhecido? Ela sonhava com aquele momento havia anos. Sua princesa encantada  enfim aparecera para salvá-la, mas não sabia quem ela era.

– Como você se chama mesmo? – perguntou Lauren. – Sinto muitíssimo. Sempre preciso ouvir um nome duas vezes para me lembrar dele.

– Srta. Camila Cabello.

Não parecia haver motivo para mentir. Ela não lhe dissera seu nome no baile de máscaras.

– Prazer em conhecê-la, Srta. Cabello – disse a Jauregui, mantendo os olhos na estrada escura.– Sou a Sra. Lauren Jauregui.

Camila reagiu à saudação com um aceno de cabeça, embora Lauren não estivesse olhando para ela.

Ficou em silêncio por um instante, sobretudo por não ter a menor ideia de como agir naquela situação tão inacreditável. Ela se deu conta de que se tratava da apresentação que não acontecera dois anos antes. Por fim, falou apenas:

– A senhora foi muito corajosa.– comentou a mais nova.  Lauren deu de ombros. – Eles eram três, e você, apenas uma. A maioria não interviria.

Desta vez, Lauren olhou para ela.

– Detesto valentões. – limitou-se a dizer.

A jovem assentiu mais uma vez.

– Eles iam me estuprar.

– Eu sei. – retrucou Lauren. Então acrescentou: – Eu tenho quatro irmãs.

A jovem  quase respondeu “Eu sei”, mas se conteve bem a tempo. Como é que uma arrumadeira de  Wiltshire teria essa informação? Em vez disso, preferiu comentar:

– Imagino que por isso tenha sido tão sensível ao meu drama.

– Gosto de pensar que outro homem as ajudaria se algum dia estivessem em situação semelhante.

– Espero que nunca precise descobrir.

Lauren assentiu com ar grave.

– Eu também.

A carruagem seguiu em frente na noite silenciosa. Camila se lembrou do baile de máscaras, quando não lhes faltara assunto sequer por um instante. Ela percebia que agora era diferente. Era uma arrumadeira, não uma gloriosa dama da sociedade. As duas não tinham nada em comum. Mesmo assim, ainda esperava que Lauren a reconhecesse, parasse a carruagem, puxasse-a de encontro ao peito e lhe dissesse que a vinha procurando fazia dois anos. Mas Camila logo se deu conta de que isso não iria acontecer. Lauren não conseguia reconhecer a dama na arrumadeira, e, a bem da verdade, por que deveria?

Meu Verdadeiro AmorWhere stories live. Discover now