VII - WISH YOU WERE HERE (1975)

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Depois do sucesso monstro que foi o Dark Side, o que fazer? Como porquinho voadores o Pink Floyd iria lidar com a carreira agora que finalmente perceberam o problema que, sem querer acabaram criando? Dark Side of the Moon foi maravilhoso, perfeito, e colocou um padrão de qualidade MUITO alto no cenário progressivo. Os 4 espertinhos viram que no fim das contas, estavam de volta á estaca-Ummagumma, sem ter nenhuma ideia de onde começar ou como seguir em frente. O que restava eram fazer alguns showzinhos, surfar na onda do sucesso por um tempo e ver se aparece algum conceito bom nesse meio tempo.

Senhoras e senhores, apresento-lhes o sucessor do "disco do prima", o igualmente espetacular Wish You Were Here. 

Antes de começar da forma habitual, gostaria de dar uma passada pela história desse carinha aqui, porque se eu a omitisse, estaria tecnicamente deixando a análise incompleta, além de não dar o devido reconhecimento á importância de Syd Barrett para a história do Floydão e sua quasi-paranormal influência na banda. Vai lá, pega um biscoito ou um cházinho, porque taaaaalvez eu fique enrolando por uns bons parágrafos.

Voltemos ao ano de 1974, 1 ano depois do lançamento do Dark Side. O Pink Floyd estava fazendo mais sucesso do que nunca, e com shows cada vez mais lotados em lugares cada vez mais renomados, o trem do hype parecia sem fim. Essa súbita mudança de rotina trouxe probleminhas consideráveis para os 4 espertinhos. Quais? Vejamos: eles não gostam de multidões barulhentas (especialmente aqueles que cantam junto e soltam foguete), eles não tinham um assessor, mal davam entrevistas, cada aparição na TV valia o mesmo que ver um unicórnio, e a mídia especializada parecia não ir muito com a cara deles.

É claro que esse cenário não-muito-agradável não era exatamente o que eles esperavam. O sentimento de irmandade que unia a banda estava sumindo, além de não terem notícias do Syd por um tempão. As coisas não poderiam estar melhores, mas também não podiam estar mais amargas do que isso. Agora, a gravadora não estava interessada em discos experimentais ou algo que remotamente lembre Atom Heart Mother (um dia eu chego lá), além de muita gente querendo conhecer os mais novos reis do prog. Isso resultou em um cruel sentimento de desilusão, e como a criatividade aparece de onde menos se espera, o Roger teve uma ideia, e logo depois a apresentou para os outros.

Os outros concordaram com a ideia, adicionando alguns toques pessoais aqui e ali, e retornaram para Abbey Road. De acordo com os registros da época, o álbum foi gravado no estúdio 3 dessa lendária construção, entre janeiro e julho de 75, 4 dias por semana, com cada sessão começando por volta das 2 e 30 da madrugada e indo até o cair da noite. Eles tentavam, tentavam e tentavam, mas não havia muito o que fazer. Dark Side of the Moon causou uma massiva exaustão criativa, e esse tédio fez com que começassem a trazer quinquilharias para o estúdio (dardos, uns rifles de chumbinho, cerveja, quebra-cabeças, caça-palavras, baralhos, etc). Enquanto faziam vários nadas, vez ou outra folheavam algumas composições (mais sobre elas quando falarmos das músicas), finalmente decidiram que seria melhor centrar o álbum em uma música com mais de 20 minutos, assim como no Meddle. Conforme as gravações iam andando, eles receberam uma visita inesperada, e de repente, sem nenhum aviso prévio, o destino respondeu á maior pergunta que se tinha, mas que nenhum deles possuía a cara de pau de fazer.

Como estava Syd Barrett?

Ah, o quão engraçado é o destino. Seu humor doentio não cansa de me impressionar toda vez que eu passo um tempo pesquisando balelas na interwebs.... A resposta era tão clara e ao mesmo tempo, confusa. No dia 5 de julho de 75, todos os espertinhos estavam em Abbey Road, terminando de ajeitar algumas coisas que resultariam na clássica Shine On You Crazy Diamond, quando foram informados que um sujeito os esperava na portaria do estúdio. Era um homem que nenhum deles reconhecia á primeira vista. David achou que se tratava de um funcionário da EMI que estava de folga, só passando para dar um oi, enquanto os outros presumiram ser um conhecido do Waters.

Análise de (quase) toda a discografia do Pink FloydWhere stories live. Discover now