XIV - UMMAGUMMA (1969)

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FOGO NO PARQUINHO!

Finalmente, o álbum que causa discórdia nos fóruns, o terror dos floydianos! O mais sem noção de todos! 

Meu Deus, eu sabia que um dia desses, eu teria que sentar no sofá e ouvir OS DOIS LADOS do Ummagumma, sem choro nem vela. Desde que eu comecei a escutar Pink Floyd, sempre tive um receio em relação a esse carinha aqui, não minto. Algo nele soa muito errado. Meio que não parece Floyd. 

Vamos tirar o elefante branco da sala. O Ummagumma é um dos discos 8 ou 80, ou você ama ou odeia com todas as forças a ponto de achar que ele não conta. A perfeita definição de um divisor de fanbase. Esse é definitivamente um disco que fortemente recomendo ouvir por sua conta e risco, justamente por essa enorme diferença de opiniões. Dito isso, aqui está a análise, sem mais delongas.

No quesito de arte, infelizmente chegamos a um território onde elas são extremamente limitadas, e quando digo isso me refiro ao fato de que não há muito o que ver por aqui. Desculpa mesmo, eu não achei coisas bacanas para enfeitar o texto. Ahem, continuando....Temos a tracklist.

DISCO 1

- Astronomy Domine

- Careful with that Axe, Eugene

- Set the Controls for the Heart of the Sun

- A Saucerful of Secrets

DISCO 2

- Sysyphus (partes I-IV)

- Grantchester Meadows

- Several Species of Small Furry Animals Gathered Together in a Cavle and Grooving with a Pict

- The Narrow Way (partes I-IV)

- The Grand Vizier's Garden Party (Entrance, Entertainment, Exit)

O primeiro disco do Ummagumma é sem sombra de dúvidas a melhor parte dessa bagunça toda. Apenas. Com os clássicos da época somados á estreia ao vivo de Careful with that Axe, Eugene nos dão uma experiência única, tal como era comum naquele período, onde modificar as músicas durante apresentações era a norma. Aqui, temos o ápice disso. O começo com Astronomy Domine traz um retrato da era Barrett, agora estando muito mais espaçosa, ambiente e até mesmo escura.

Temos também uma simplificada porém extremamente graciosa versão de A Saucerful of Secrets. O disco em si é uma gravação que antecede o uso da tecnologia quadrofônica, se limitando apenas ao Stereo, mas ainda sim consegue não apenas surpreender, como também ser completamente diferente de qualquer outra versão. Nice.

Set the Controls for the Heart of the Sun é muito mais etérea do que a versão de estúdio, sendo mais puxada para o space rock que conhecemos hoje em dia. Essa nova atmosfera é menos oriental, porém, as mudanças em si trazem uma sensação de mistério.

Bom, e Careful? Ah, essa é interessante. O ritmo é menos sombrio do que a versão existente no Live at Pompeii, mas o grito... OH BOY. Parece algo vindo diretamente de um pesadelo, e a crescente tensão apenas enfatiza o terror contido na canção.

O disco 1 do Ummaguma sozinho acaba valendo pelo álbum inteiro. Sério, se você não é fã de bizarrices experimentais e apenas deseja aproveitar um disco razoável, por favor, limite-se somente a esse disco. É curto até demais, porém, cada segundo vale a pena.

Agora, o disco 2. É outra história.

 É outra história

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Então.... O disco 2 é literalmente A COISA MAIS BIZONHA QUE EU JÁ OUVI EM TODOS ESSES MEUS 19 ANOS DE EXISTÊNCIA.

Bicho do céu, isso é MESMO Pink Floyd? Porque não parece. Nem um pouquinho. Tá mais pra uma cacofonia sonora á la disco 5 do Everywhere at the End of Time misturado com alguns minúsculos momentos de clareza, como Grantchester Meadows ou The Narrow Way parte II.

Desculpa Richard, por mais que eu goste de você e da sua música, eu infelizmente não posso perdoar Sysyphus. Como os deuses caíram! Sysyphus é a pior forma de se começar um lado de um vinil. Caótica além do tolerável, totalmente sem nexo e progressão. São longos minutos onde o Rick fica martelando o teclado, e quando ele quebra, é hora de martelar o sintetizador e os próprios dedos. E sim, as coisas pioram.

OH COMO PIORAM.

Mas antes disso, Grantchester Meadows.

Grantchester Meadows é a minha favorita do álbum. Ela é uma das bases para o som mais pastoral que viria em AHM, e por sua vez, recria o clima que existe em Cirrus Minor (um single da época, apareceu em Relics). Acho que essa é a única estreante que viu um relativo sucesso, sendo tocada frequentemente até a época do Meddle. Simplesmente tranquila, com uma letra doce e um tanto nostálgica, fora a ambiência de floresta europeia. O raio de esperança no meio da terrível tempestade que é o disco 2. Roger Waters faz um bom trabalho aqui, apenas para nos decepcionar miseravelmente na próxima faixa, cujo nome é grande demais para ficar escrevendo repetidamente, então vou chamá-la apenas de Several Species por conveniência.

Several Species virou uma piada. Piada esta que prova que tal como a arte contemporânea, certos tipos de músicas são abstratos até demais para serem considerados música propriamente ditas. Essa daqui é um absurdo. ABSURDO. Chega a passar a impressão de que o Waters cheirou nescau e fumou folhas de bananeira enquanto estava dentro de um quarto cheio de esquilos igualmente fumados. Yep... Essa é a descrição mais precisa que eu posso dar sobre essa faixa. E ela é terrível. TERRÍVEL, HORRENDA, DEPLORÁVEL, UMA VERDADEIRA CALAMIDADE, TÃO RUIM QUE CHEGA A ASSUSTAR.

Decepção, apenas.

E chegamos ás faixas escritas pelo Gilmour. Por incrível que pareça, The Narrow Way é uma tentativa quase-bem-sucedida em fazer uma peça dividida em 3 atos, dois deles sendo instrumentais. Ao invés de tentar algo novo, como os outros integrantes estavam fazendo, David fez o que deu certo no passado, e apesar de não ter o crédito que deveria, essa faixa merece pelo menos o reconhecimento de ser a primeira composição do cabeludo como um membro fixo do Pink Floyd, dando uma bela ideia do que poderia vir nos próximos anos. Os 3 atos são passagens agradáveis e legitimamente bem feitas, ao contrário de todo o resto, remetendo á algumas partes do More (o disco anterior), ahem, digo, ás partes BOAS do More. 

Bom trabalho, Dave. Merece uma estrelinha na testa.

E como desgraça pouca é bobagem, para fechar o álbum com chave de madeira, senhoras e senhores, lhes apresento o desastre maior. Existe um motivo para o nosso baterista residente, Nick Mason, nunca ter criado uma música sozinho. The Grand Vizier's Garden Party leva o troféu de PIOR MÚSICA DE TODA A HISTÓRIA DO PINK FLOYD. Bicho do céu, ela é insuportável! Por quê!? Ora bolas, ela é basicamente o Nick batendo aleatoriamente em tambores e em qualquer outra tralha por intermináveis minutos. Não há sentido, não há o menor sinal de progressão harmônica, não há nada que possa me indicar que esta merda é, de fato, uma música. Ela é terrível, TERRÍVEL! Ou os 4 espertinhos estavam muito desesperados para ter mais faixas no disco ou todos os outros 3 são umas antas quadradas! Caralho, que horror. Que maneira horrenda de se encerrar um álbum.

Enfim, vamos ás conclusões. Ummagumma foi o disco que inaugurou o período experimental do Pink Floyd, fora que é a primeira gravação ao vivo dentro do extenso catálogo da banda. Sua importância para a história do Floydão é inegável, todavia, trata-se de uma tentativa desesperada de se fazer algo sem a capacidade criativa de Syd Barrett. O experimentalismo cru fez com que a qualidade do álbum caísse drasticamente em comparação com seus antecessores, e como consequência, a péssima situação do disco 2 ofusca o disco 1, que é bom. Isso gerou uma bola de neve que destruiu o pouco que sobrava da boa imagem do Ummagumma.

Veredito?

4/10 - O primeiro disco é bom de se ouvir sem compromisso. O disco 2? Bom, é só pra quem se odeia mesmo. Eu joguei quase 2 horas da minha vida fora ouvindo essa....Coisa....

E para compensar, aqui o Ummagumma que compensa ouvir (sério, já fui no show dos caras 2 vezes, e é simplesmente fodástico!):

https://www.facebook.com/ummagummatbpf

Até um outro dia. 


Análise de (quase) toda a discografia do Pink FloydOù les histoires vivent. Découvrez maintenant