⁶⁸

148 16 1
                                    


— ELE VAI MORRER! — Meu esposo gritou contra o homem que tinha a cabeça baixa — MEU VÔ VAI MORRER POR SUA CAUSA, PORQUE VOCÊ NÃO ESTAVA ONDE DEVERIA ESTAR. MINHA MÃE PODERIA TER MORRIDO — Gabriel gritava andando de um lado para o outro, dez horas depois.

O mesmo agora vestia uma calça jeans preta e uma blusa de mangas que estava nos cotovelos, amarrotada. O cabelo cacheado estava desarrumado, devido a maneira em que ele ficava passando as mãos. Melanie, olhava tudo com o rosto vermelho, mas com um grande vazio nos olhos.

— David, que merda você estava fazendo, cara? Por Deus, o que você estava fazendo? — ele parou de andar, a respiração estava ofegante e ele olhava para David com um olhar perdido — que merda você estava fazendo, cara?

David não respondeu.

E eu senti uma pontada no meu coração quando Melanie passou a mão no olho, tirando uma lágrima que caía. O que aconteceu é que, quando eu estava indo na direção de Gabriel, na longa e extensa sala que estávamos, eu recuei para o banheiro assim que escutei o primeiro tiro, fiquei lá até que alguém a qual eu nem lembro, me tirou de lá.

Desde então, nessas menos de vinte e quatro horas, faltando três dias para o mês acabar e exatas oito horas da manhã, eu estava arrasada. Mas não mais que meu esposo.

— acabou — Melanie falou, a voz estava rouca e ela olhava para baixo — acabou. Vamos pedir para que desliguem os aparelhos ou seja lá o que eles estejam fazendo.

Gabriel a encarou em silêncio, o silêncio era mútuo na sala. A dor estava preenchendo o local e notei quando um floco de neve desceu pela janela grande que havia ali.

Respirei devagar, quando saí do escritório, aquela era um momento familiar vulnerável e eu não queria estar ali.

FragalhosTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang