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- a culpa não é minha - falei em um sussurro, a voz embargada - eu não fiz nada. Não dessa vez. - eu sabia que era em vão, sabia que não iria adiantar nada. Mas eu queria pelo menos, ao menos, tentar.

- não é sua culpa, Eva Margort? - meu nome saiu em um tom baixo e ameaçador, com raiva vívida, me fazendo ficar parada. - e os chiliques que vem tendo ultimamente? Não é culpa sua? E o fato de você ficar se opondo a uma decisão minha que já foi decidida? A culpa não é sua? - a voz do meu pai era calma, muito calma.

O que me fez desejar com todas as minhas forças o oposto. Porque quando sua voz está calma, quer dizer que ele vai agir com calma, paciência e perspicácia, o que não ajuda nada na minha situação. Meu tio não estava aqui para me ajudar, minha mãe não iria sair de onde quer que estivesse para me ajudar, por mais que ela ouvisse meus gritos. Os seguranças não iriam fazer nada sem ser a mando do meu pai, o que não iria falar nada.

Eu estava sozinha e sem saídas.

- me desculpa - falei baixo, olhando para o chão - eu não queria te fazer passar vergonha na frente do tio Ruben. Eu só queria...

Ele me interrompeu.

- tire a roupa e vá para seu quarto agora - eu fiquei parada, o olhando com lágrimas nos olhos. Tirei uma mexa do cabelo marrom liso do meu rosto, sentindo todo o meu corpo tremer. - eu falei AGORA! -estremeci com o grito, e corri para meu quarto chorando, temendo os próximos acontecimentos.

De fato, a culpa era minha.

FragalhosWhere stories live. Discover now