Fragalhos

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- por que? - eu perguntei enquanto soluçava, andando de um lado para o outro. Odiando meu cabelo por estar grudando no meu rosto que de alguma maneira, está solto - porque vocês estão fazendo isso comigo? Eu sempre me esforcei para ser uma filha perfeita, eu sempre me esforcei para dar orgulho para vocês. Eu falo quatro idiomas, eu sei tocar três instrumentos, sei pintar e dançar. Eu sou uma verdadeira dama - olhei para ela com a mão no coração. Aquilo estava me custando demais - POR QUE VOCÊS NÃO GOSTAM DE MIM? O QUE EU FIZ PARA RECEBER O ÓDIO DE VOCÊS? EU... EU SÓ TENHO, CARA, EU NÃO... - comecei a bater as mãos na cabeça, tentando achar alguma resposta plausível para aquilo, mas não achei.

Não havia.

- eu me dediquei tanto... - EU ME DEDIQUEI CADA MINUTO, CADA SEGUNDO DESDE OS MEUS TREZE ANOS E VOCÊS NÃO VEEM. - uma pausa, dolorosa pausa - porque você não faz nada quando meu pai está me batendo ou me pondo de castigo? - aquela pergunta me fez parar e raciocinar a minha realidade.

Realidade.

Realidade.

Meu peito subia e descia, porque aquilo estava acontecendo?

- EU ODEIO VOCÊS!

- Eva...

- EU ODEIO VOCÊS, ODEIO ESSA VIDA E ODEIO MAIS AINDA O FATO DE VOCÊ SER A PORRA DE UMA MÉDICA E TER ME SALVADO DAQUELA OVERDOSE. EU ODEIO ESSA VIDA, EU ODEIO TODOS VOCÊS - eu não estava aguentando. A tontura se tornou mais forte, minha cabeça latejava, meu coração batia de uma forma que me deixava com ânsia de vomito.

- Eva... - ela tentou me tocar, mas eu me afastei.

- vocês são ruins para mim - sussurrei, enquanto olhava para a janela. A noite em Las Vegas não poderia estar mais bonita - por que?

Olhei de relance para minha mãe, não vendo que ela trazia uma seringa consigo, a picada me fez a olhar com choque. Mas estava tudo bem, isso iria acontecer.

Devia.

Somos os Collins, os perfeitos Collins. E eu tenho que ser um exemplo de filha e sorrir para as fotos. Enquanto eu não sou, preciso estar fora por um tempo para retornar as atividades.