Treze

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Marília sentiu alguém se remexer sobre seu corpo e abraçou mais o pequeno corpo; o perfume era suave e ao mesmo tempo afrodisíaco, trazendo boas sensações para seu corpo. Os olhos castanhos se abriram na mesma hora assustados, vendo Maiara dormir sobre seu corpo. Porra! Tudo naquela garota cheirava a um convite para sexo. Estava prestes a empurrá-la quando se lembrou que por volta das cinco da manhã ela acordou, vendo que a garota dormia abraçando seu próprio corpo. Como a mais velha também sentia frio, ela pensou: por que não?

Trouxe o corpo pequeno para cima do seu e se ajeitou melhor no lugar, esticando, pela primeira vez em horas, sua coluna. Maiara se mexeu confusa e abriu os olhos, pedindo desculpas, mas Marília explicou que ela que aconchegou daquela forma devido ao frio. A mais nova perguntou se ela tinha certeza e, após receber a confirmação, voltou a deitar sobre o peito da maior e envolver seus braços ao redor dela, não demorando nem cinco minutos para voltar a dormir.

Agora lá estava ela, vendo Maiara ressonar tranquilamente sobre seu peito. Marília se permitiu analisar o rosto sereno da ruiva. Os machucados já eram quase invisíveis; a pele bronzeada era macia e livre de espinhas e os cílios eram longos; seu nariz combinava perfeitamente com a boca delicada e extremamente beijável da garota. A maior levou uma mão aos cabelos ruivos e começou a afagá-los inconscientemente, sentindo a textura macia e sedosa.. A menor se remexeu embaixo de si e a loira viu os longos cílios se abrirem vagarosamente.

Maiara piscou lentamente até se dar conta de onde estava, erguendo a cabeça e a apoiando sobre o peito da maior. Marília suspirou e sem perceber continuou a carícia.

— Bom dia! — Maiara disse com um tom rouco e levantou uma mão, coçando um dos olhos. — Me mexi muito de noite? — Marília abriu um sorriso e negou com a cabeça.

— Se você se mexeu eu nem vi, porque dormi feito uma pedra.

— Céus, minha cabeça está explodindo — Maiara disse, escondendo seu rosto na curva do pescoço de Marília.

A respiração quente acariciando a pele de Marília causou um arrepio na mais velha, que se levantou às pressas, se esquivando de Maiara como se tivesse acordado de uma espécie de transe.

— Já perdemos tempo demais. Devemos ir — ela disse séria. — Esse aniversário me causou um bom atraso.

— Por que em seu tom pareceu que eu tivesse alguma espécie de culpa? — Maiara perguntou arqueando uma sobrancelha.

— Alguém viu minha calcinha? — Uma Maraisa completamente descabelada apareceu ali, abrindo a outra parte da cortina. — Céus eu não sei onde está a minha calcinha.

— Vamos parar em algum motel de beira de estrada para tomar um banho apenas, precisamos seguir o caminho — a loira avisou.

— Eu deixei ela aqui no banco ontem. Oh, meu Deus. Roubaram a minha calcinha.

— Amor, deve estar jogada em algum canto. Não roubaram ela — Luísa disse, se espreguiçando e se sentando ao seu lado.

— Era a minha calcinha preferida.

— Hey, Lila... — A voz doce de Maiara chamou-lhe a atenção. —Desculpe se fui, é... Um pouco chata demais ontem — ela pediu e Marília assentiu, passando para a frente e abrindo a porta sem dizer nada.

Dois minutos depois ela voltou com uma Lauana desnorteada. Luísa olhou para Lauana e sorriu maliciosamente.

— Eu escutei uns gemidos pela manhã — falou e a mulher cruzou os braços.

— Qual o problema em me masturbar? Tive um sonho quente, ora — disse, olhando para baixo, vendo Maraisa olhando embaixo dos bancos.

— Lau, você viu minha calcinha?

— Perdeu a calcinha de novo, Maraisa? — Lauana perguntou negando com a cabeça.

— Eu não fico me preocupando em onde jogar ela, quando tenho uma Luisa Sonza me esperando. — Maraisa respondeu apontando para sua namorada.

— Vamos! Saia daí porque preciso dirigir — Marília disse séria.

— Não vai nem escovar os dentes ou comer? — Luísa  perguntou.

— Ela é preta e rendada. Ninguém viu mesmo? — Maraisa  mal prestava atenção no que diziam ao seu redor.

— Se eu me lembro bem, tem um motel há vinte minutos daqui — Marília informou. A risadinha de Maiara  ecoou pela lataria do caminhão, fazendo a motorista lhe olhar cética. — Do que ri?

— Acho que achei a calcinha da Maraisa!

— Onde está? — A morena perguntou atônita.
— Enroscada na parte de trás da jaqueta da Lauana — a mulher citada se virou tentando ver as próprias costas e Maraisa puxou a calcinha de lá.

— Ew! Não acredito que dormi com isso.

— E ainda se masturbou — Luísa tirou o sarro, fazendo Lauana lhe olhar severamente.

— Vamos! Preciso dirigir! — Marília insistiu e as garotas foram para a boléia, ficando apenas Lauana na frente com ela.

O vento frio invadiu o caminhão assim que Marília abriu a janela ao seu lado. Suas orbes focaram no céu, que era sempre tão azulado, mas naquele dia estava acinzentado.

— Ai, que frio! — Maiara reclamou baixinho.

— Hoje vai chover e se prepare! Quanto mais para lá chegarmos mais frio se tornarão os dias — ela disse, tendo em conta que iriam para uma cidade que fazia fronteira com o México, não que México fosse frio, mas elas ainda estavam há alguns dias de entrarem de vez na primavera.

Os vinte minutos se passaram em total silêncio, Luísa estava deitada com a cabeça no colo de Maraisa, que acariciava suas costas e sorria bobamente admirando sua namorada; Lauana olhava pelos vidros enquanto as árvores iam ficando para trás; Marília dirigia e de vez em quando fitava Maiara através do retrovisor.

Já Maiara, bem, ela estudava as feições de Marília. A garota sempre séria permitiu-se sorrir por um dia e depois voltou à seriedade de sempre. Por quê?

Ao chegarem, entraram a pé no motel e, ao explicarem que queriam apenas um banho, a mulher permitiu a passagem das cinco e mais a gata no mesmo quarto.

— Por que está tão fria comigo e evitando me olhar? — Maiara perguntou enquanto todas entravam agora limpas, depiladas, cheirosas e mais leves, no caminhão.

— Não estou fazendo nada disso — Marília se defendeu, vendo um relâmpago iluminar o céu.

— Me desculpa se eu te fiz passar dos limites de seus próprios princípios — Maiara pediu baixinho, timidamente fitando suas mãos. Marília olhou para a garota, vendo o vento fazer os fios de seus cabelos esvoaçarem sobre seu rosto. — Eu estava um pouco bêbada e não deveria…

— Maiara, entre no caminhão — Marília falou em um longo suspiro e Maiara lhe fitou, seu sorriso fraco tentou camuflar seu olhar triste.

— Tudo bem — ela respondeu, entortando a boca e entrando no caminhão. Marília desviou seu olhar, pois a garota usava novamente seu vestido azul e não queria faltar-lhe ao respeito vendo sua calcinha. — Podemos conversar sobre isso alguma hora? — A menor perguntou fitando a loira, que segurava a porta.

— Eu realmente prefiro não tocar nesse assunto — e, ao dizer isso, a porta foi fechada.

Marília deu a volta no caminhão e entrou, se acomodando ao lado de Maiara sem voltar a olhar para ela nas próximas horas.

Destino Incerto | MaililaМесто, где живут истории. Откройте их для себя