Capítulo Noventa e Cinco

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Eu parei.

Irmão, eu simplesmente travei.

Travei ao ponto de não conseguir fazer qualquer outra coisa além de encarar aquele filho-da-puta. Ele tinha chegado ao ponto de...?

Mano...

Chega eu sentia meu queixo tremer, contra a minha vontade. Essa porra que passou a contaminar minhas veias feito veneno era tão forte que eu tava sentindo meus braços gelados. Aquilo não era certo.

— O que foi? — ele alargou ainda mais o sorriso, querendo parecer brincalhão. — Ficou mudo aí, de repente. Você não entendeu o que eu disse?

Minha mente meio que tava reiniciando. Eu não sabia o que iria acontecer.

— Poxa, Alexandre, você que é um cara tão inteligente, raciocínio rápido... sério mesmo que você não entendeu? — ele abriu mais os olhos, esperando uma resposta; uma resposta que a minha boca não era capaz de dar no momento. Minha boca não, mas meus braços, porém... maluco, eu tava a ponto de implodir. — Tá certo, então. Eu explico melhor... o que eu quis dizer é que...

E a implosão ou explosão, sei lá, veio... e antes que ele pudesse continuar a alimentar meu ódio com aquela voz de merda dele, eu já tava calando o filho-da-puta com um murro, mas o murro, irmão, que eu acho que nunca bati com tanta força na minha vida, a não ser quando aquele desgraçado do Capeta havia atirado no Mateus.

O vacilão rodopiou e foi ao chão.

Eu praticamente me joguei em cima dele, mas o arrombado já devia estar esperando essa reação — e como não esperar, quando me aparece pra me falar uma desgraça daquelas? O que aquele maluco queria na verdade? Eu já não tava entendendo —, pois tentou me travar usando as pernas, quase como uma chave, mas ele não tava enxergando o ódio que pingava de mim, feito ácido. Com aquela sensação maldita no meu peito, não tinha satanás que me segurasse. Sacodindo meus braços com tudo, abri espaço e encaixei dois murros em menos de um segundo e foram outros; eu já nem ligava se era na fuça dele que eu tava acertando, eu só queria bater.

Com a cara borrada pela loucura, eu só consegui discernir que tava causando algum efeito, pelo brilho vermelho manchado que conseguia ver contra a pele dele. Continuei esmurrando, mesmo com ele tentando me prender com as pernas. Não cheguei a pensar nem por um momento que ele viria a ter mais força do que eu, mas o maluco tinha treinamento e, de algum jeito, ele tava conseguindo me afastar pouco a pouco dele.

Tentei encaixar mais um murro, mas ele travou meu braço direito e, sem que eu entendesse bem como, ele começou a empurrar minha cabeça pra trás pelo meu queixo, ainda que um pouco desajeitado. Eu tava meio que ajoelhado por cima dele, mas o arrombado tava se travando em mim com as pernas e me impedindo de me aproximar, parecia mais a porra de uma cobra, se envolvendo em mim.

— Mas não aprende mesmo, né? — ele grunhiu, entredentes, quase ao ponto de cuspir, enquanto dava um jeito de botar um sorriso de merda naquela cara e continuar me forçando pra trás. Mas eu não ia deixar. Ele podia ter seus truques, mas eu tava ligado que eu era mais forte do que ele, pra todos os efeitos e tinha ao meu favor que eu tava por cima e pesava bem mais do que ele e comecei a jogar meu corpo contra o dele, pra ver até quando seus braços e pernas me aguentariam. Ele não se deu por vencido. — O que mais eu vou ter que fazer pra enfiar juízo nessa sua cabeça, hã?! — pensei que tinha encontrado uma brecha e puxei meu braço pra trás com tudo, mas ele se contorceu sobre o chão e prendeu meu braço de novo, mas isso lhe custou o apoio que tinha no meu queixo e pude aproximar minha cara mais da dele. — Me fala! O que mais eu vou ter que fazer pra você entender que eu não sou que nem os nóias dos seus amigos?

DeclínioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora