Capítulo Cinquenta e Dois

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— Vamo' ver se você se garante sem as suas galinhas ciscando atrás de você — a menina disse, pingando ódio dos olhos.

O pessoal se aglomerava ao redor sem ousar se aproximar, o que deu a elas um bom espaço pra resolver aquele assunto de uma vez.

Calmamente, a menina andou na direção dela e Suzana, mais receosa, foi se aproximando também.

Inevitavelmente, as duas se atracaram, mas realmente parecia que a Suzana não tinha muita capacidade de brigar por conta própria, pois a menina foi muito mais rápida agarrando seus cabelos antes que ela pudesse fazer o mesmo.

Com apenas uma mão, a menina conseguiu abaixar a cabeça da Suzana através dos cabelos e com a outra, feito uma alavanca, ela usou pra subir soco atrás de soco contra a cara dela.

A amiga dela que tinha tentado intervir fez menção de entrar no meio de novo, mas apenas um olhar meu foi o bastante para fazê-la desistir da ideia.

Sem jeito, a Suzana foi conseguindo defender a cara das porradas, o que a menina foi ligeira em perceber e usou as duas mãos pra puxar ela com tudo na direção contrária.

Por mais que fosse mais velha e aparentasse que levaria a melhor, a verdade é que o porte físico da Suzana era praticamente o mesmo da menina que me pareceu ser bem acostumada com tretas do tipo.

Mais um puxão com tudo para a esquerda fez Suzana perder o equilíbrio e cair sobre um joelho. Deu pra ver que ela começou a ralar a pele contra o asfalto.

Acho que pensando ser uma boa ideia, Suzana tentou agarrar as pernas da Isabela pra tentar derrubá-la, mas isso só lhe garantiu uma joelhada da menina na boca que a jogou, atordoada, contra o chão.

Nisso, a menina tinha largado o cabelo dela e rapidamente percebendo a oportunidade, Suzana tentou se erguer num contra-ataque. Mas, pelo o que parecia, a menina previu isso e já foi caindo sobre ela, agarrando seus cabelos e forçando sua cabeça contra o chão. Isabela meio que foi montando em cima da barriga da Suzana o que permitiu que a mulher do Capuava conseguisse agarrar seus cabelos também e começou aquele cabo de guerra pra ver quem aguentava mais tempo puxando o cabelo da outra.

Porém, a menina não pretendia seguir por aquele caminho, pois, de algum jeito, ela encontrou espaço pra encaixar dois murros na boca da Suzana que, burra feito uma porta, soltou os cabelos da outra pra tentar conter a dor na boca.

Agarrando uns montes de cabelo pelos dois lados da cabeça da Suzana, a menina os usou como apoio pra bater com a cabeça dela contra o chão, enquanto dizia:

— Você não falou que ia arrancar meu cabelo na tesoura, sua vagabunda? Pois agora quem vai arrancar aqui sou eu! E eu não preciso de tesoura pra isso, eu arranco é na mão mesmo.

E ela foi disposta a cumprir isso, pois puxou tanto o cabelo para a esquerda que a cabeça da Suzana ficou toda torta, enquanto ela gritava:

— Ai, ai, AI! Para, menina!

— Agora é menina, né, sua vaca velha do caralho! — fora de si, a tal Isabela desceu mais dois murrões que pintaram a cara da Suzana de vermelho. — Sua vaca desgraçada!

A molecada que também assistia a treta esgoelava numa algazarra da porra, o que tornava difícil escutar claramente o que elas diziam.

Na hora de conseguir apoio pra puxar ainda mais o cabelo da Suzana, a Isabela ramelou dando abertura para uma das pernas da outra que conseguiu dobrá-la em meio segundo e acertar um chute na barriga da menina que caiu pra trás.

Contudo, surpreendendo a todo mundo, ao invés de correr pra atacar, Suzana se levantou e disparou na direção contrária, acho que tentando fugir.

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