capitulo 9

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Não somos livres nas nossas atitudes porque não somos livres nos nossos desejos, não conseguimos ir contra aquilo que está dentro de nós.

No corrimão frio de metal Ceylin prendia com força suas mãos, finalmente descobrira o possível local em que o pai estava. Só precisava descobrir como reunir forças nas duas pernas e voltar para casa, tamanho seu nervosismo.

A pista foi dada por Merdan, quem dedicou os últimos meses a ajudá-la a procurar como um pedido de desculpas. Ele encontrou um amigo de serdar que, de alguma forma, sabia da informação. Ceylin não quis detalhes, reviver aquele sentimento inconformado que havia nela só lhe prejudicaria, estava decidida a deixar que a justiça fizesse seu papel, estava cansada de buscá-las por meios próprios. Passaria a vida inteira percorrendo por uma justiça que nunca existiria.

Era a terceira vez que o celular tocava, ela ignorou todas as vezes, mas a insistência lhe fez achar que podia ser algo sério. No visor nomeava Ilgaz, apesar de não terem se visto nos últimos dois dias, estavam trocando mensagens de bom dia, boa tarde e boa noite. Ilgaz dizia que a amava, ela dizia que amava de volta.

-Eu estou aqui no escritório, do lado de fora. Você vai demorar? Quero levá-la para almoçar comigo. -Perguntou, ela percebeu a ansiedade na voz dele.

-Ilgaz.... -Clareou a voz. -Você pode vir me buscar?

-Claro. -Imediatamente respondeu. -Aconteceu algo?

-Acho que encontrei o corpo do meu pai.

Ceylin entrou no carro em choque, estava praticamente imóvel debaixo de uma grande tempestade com raios e trovões. Ilgaz até pensou em repreendê-la por agir e procurar sozinha, se expondo a riscos maiores, mas lembrou que não tinha mais esse direito quando não ficou ao lado dela. E vê-la tão abalada lhe despertou péssimas memórias.
Ele parou mais a frente, no estacionamento de uma loja. Buscou as mãos dela sobre a coxa e apertou. A advogada imediatamente o olhou nos olhos, era o único capaz de dar o conforto que ela precisava.

-Está tudo bem? -Ela negou com a cabeça.

-É errado dizer que enquanto não via o corpo havia esperança que um milagre acontecesse? -Ilgaz balançou a cabeça negando. Jamais era errado ter esperanças. -Se o corpo dele realmente estiver aqui, então estou encerrando um ciclo.

-Era sobre isso que você e meu avô tratavam? -Ceylin não se dignou a negar, apenas não respondeu. -Não se preocupe, não irei expulsá-lo como ele vive dizendo para todos.

-Ele me ajudou, faz um tempo que temos contato. -Contou. Em seguida Ceylin ofereceu o papel com o endereço para Ilgaz. -Você pode fazer isso? Eu sei que seu pai ...

-Você confia em mim para fazer? -Perguntou surpreso, ela assentiu. -Tudo bem. Só me interessa a sua opinião.

Ceylin não pensou naquilo, não lembrava do quão sensível era aquele tema para os dois. Mas quando perdoava, perdoava de todo o coração. Nunca desconfiou de Ilgaz, sabia da honestidade e honra dele. Desconfiaria até de si mesma, dele jamais.

O promotor passou todas as coordenadas para Eren, como se fosse uma denuncia anônima. Enquanto isso, Ceylin andava de um lado para o outro no escritório. Era um sentimento que não sabia explicar, não sabia se estava feliz, se estava triste, aliviada ou desesperada.

Ao perceber que não podia deixá-la sozinha, Ilgaz resolveu ficar. Sentou na cadeira e ficou calado apenas a olhando, pronto para qualquer coisa que Ceylin precisasse. Se ela quisesse colo, ele estaria lá.

-Você não está perdendo trabalho por minha causa, está? -As pernas dela não paravam de balançar um só segundo. Ilgaz negou com a cabeça. -Otimo. Sua família nunca precisou de motivos, se eu começar a dá-los....

SEE RED -IlceyWhere stories live. Discover now