Capítulo Trinta: O final.

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_NÃO! MERDA! - Karl grita.
_GUSTAVO! - O nome do meu melhor amigo foi chamado tão alto que me fez acordar do meu transe.
Vejo Gustavo se jogando em meio as chamas.
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Saio correndo, em direção ao carro, Jay grita meu nome mas tudo o que vejo, é a porta do carro sendo puxada por Gustavo.
_Sai Laura! - Gustavo ordenou.
O ignoro por completo, tirando minha blusa e enrolando na minha mão, o ferro do carro está quente, por conta do fogo, ainda assim, sinto o calor prestes a queimar a minha mão, enquanto puxo a porta.
_Que merda! - Exclamei.

Karl se junta a nós, Derek também, puxamos a porta com firmeza, fazendo ela abrir.
As chamas diante dos meus olhos me fazem quase fechar eles, minha mão queima, a medida que eu seguro a porta tentando puxar a porta, quando ela finalmente abre, seguro a mão de Ayla com força.
_Venham! - Falei, segurando a mão da Ayla, que está quase desmaiando.

Puxei Ayla para fora do carro, colocando a mesma na grama, longe das chamas, Gustavo ainda gritava o nome de Lorenzo, quando o carro explodiu.
As chamas me deixam cega, por alguns instantes, senti meus olhos se enchendo de lágrimas.
_Laura eu... - Ayla começa a falar.
_Não fala! Por favor! - Peço, deixando as lágrimas descerem.

Kent saiu de perto de nós, vejo ele socando o corpo de Ross no chão, olho para a minha arma, agora a seguro com firmeza, quase machucando minha mão com a mesma, os olhos de Kent se encontram com os meus, ele sabe o que estou pensando.8

Passagem de tempo: Um ano e meio Depois.

Escuto meu pequeno bebê chorar, subo as escadas de casa e entro no quarto dele.
As paredes azul bebê, me dão um ar de segurança. Estamos morando na Rocinha, meu pai precisou de ajuda a alguns meses atrás, quando milagrosamente alguém tentou invadir e quase conseguiu, por sorte, não mataram ele.
Foi exatamente naquele dia que tanto eu, quanto Jade e Cobra resolvemos voltar, a mídia tem ficado em cima de nós, desde o acidente eu vivo fugindo de fotógrafos, imprensa, câmeras, eventos no geral me dão agonia.
_Oi bebe da mamãe! Está com fome amor? - Pergunto, olhando para os olhos dele.
David é a cara de Lorenzo, mas seus olhos são como os meus, ele parou de chorar assim que me viu, jogando as mãos para o alto, para que eu pegue ele.
_Safado! - Exclamei, pegando ele no colo.
_Mama! - David balbucia, me olhando.
_Mamãe filho! Vamos comer! Seu avô deve chegar em alguns minutos, advinha o que ele quer? Isso mesmo! Te mimar! - Falo, David sorri.

Cobra ficou de vir visitar David, junto com Jade e Beatriz, que agora está com quase cinco anos, ela é literalmente, o amor da vida de David, ele faz festa toda vez que ela chega, a tia babona dele, ama quando eu deixo ela dar a comida para ele ou peço para ela brincar com ele.
_Mamãe vai pegar o suco! Calma! - Aviso David, colocando ele na cadeirinha.

David me olha, sereno, esperando a hora que vai finalmente comer.
A alguns meses, durante uma imensa invasão, ou, ao menos a tentativa de tomarem o comando da rocinha, tio PR foi baleado, quando ficamos sabendo da notícia, estávamos jantando, tia Jade, Ayla, Gustavo, todos nós viemos correndo para o morro para ajudar, por sorte, PR conseguiu ir até o hospital e sobreviver.
Os olhos de Analu, no momento em que entramos no hospital, talvez tenham sido os olhos mais tristes que eu vi em anos.

Inicio do Flashback

A casa de Jade e Cobra está literalmente lotada nesse momento, estamos comemorando o aniversário de Beatriz.
Meu telefone está tocando, sem parar, enquanto eu tento achar ele dentro da bolsa.
Laura: Oi pai.
Diego: Filha eu preciso de ajuda! O Pedro... ele está ferido!
Laura: Puta que pariu.
Diego: venham pela passagem segura, por favor!
Laura: eu chego em vinte minutos.

Fim do Flashback

Tecnicamente, todos os que estavam na missão ainda estavam mortos, mas, o cartel mexicano iria descobrir que, fantasmas podem contra-atacar.

David olha animado para a porta, sorrio, tentando dar a comida para ele.
_Filho colabora com a mamãe! - Exclamo, tentando novamente fazer ele não derramar toda a comida na cadeirinha.
_Ele está chegando, não está? - Pergunto, olhando para a porta.
Segundos depois, Lorenzo passa pela porta, ele abre um lindo sorriso, David solta um pequeno grito, animado com a presença do pai.
_Oi amor! Oi bebê do papai! - Lorenzo fala, pegando David da cadeirinha.
_Como foi o trabalho? - Pergunto, olhando para ele.
_Estamos indo em direção a algo grande, muito grande! Lembra que te falei sobre seu pai e o meu quererem ir embora daqui? Pois então, temos um plano para fazer isso! Tio Pedro já quer sair, depois da última invasão! - Lorenzo falou.
_Acha seguro? - Perguntei.
_Amor, já viu nossa família fazer algo que seja seguro? - Lorenzo perguntou.

Ao pensar que um ano e meio atrás eu estava chorando, no asfalto, imaginando ter perdido ele, ainda me dói, por isso nós estamos tentando arrumar as coisas, Lorenzo está finalmente quase inaugurando a escola de futuros pilotos de carro, ele precisa tanto da adrenalina quanto eu, mas cada um tem a sua forma de lidar com isso.
Terminei minha faculdade, me especializando em transtorno pós traumático, depois do ataque, fui eu quem tive que lidar com Ayla sem falar com ninguém, Kent pirando e se enfiando dentro de casa por semanas e Karl, que agora está em reabilitação por conta do vício em álcool.

Lorenzo me puxa por a cintura, sorrindo, ele passa a barba no meu pescoço.
_O que está fazendo? - Perguntei, quando senti sua mão apertar a parte interna da minha coxa.
_Estive pensando... deveríamos fazer outro bebê! - Lorenzo falou.
_Safado! Seu filho está escutando isso, sabia? - Perguntei, passando as mãos por dentro da camisa dele.
_David amor, tampe os ouvidos! - Lorenzo falou.
_Que pouca vergonha! - Escuto a voz de Gustavo.
_Gato sem sapato! - Exclamei, correndo até ele.
_Sentiu minha falta? - Gustavo perguntou.

Gustavo se mudou para a Rússia a quase um ano, ele começou a  trabalhar com Thiago depois de não conseguir mais ficar perto de Ayla, ele se culpa, por ela ter ficado três meses em coma.
A fumaça gerada pelo incêndio no carro, a deixou muito frágil.
_Óbvio que eu senti! - Falo, abraçando ele mais forte.
_Estou bem maninha, calma! - Gustavo fala.

Maninha.

Fazia anos que eu não ouvia Gustavo me chamando assim. Ayla não sabe que ele está aqui, Gustavo pediu para não contarmos e eu atendi seu pedido.
_Cadê o amor do titio? - Gustavo falou, pegando David no colo.

Meu bebê rapidamente, coloca a cabeça no ombro de Gustavo, apenas relaxando sobre o ombro do tio.
Sorrio.

Estar em casa, é diferente de estar em paz, minha casa já foi em muitos lugares, Estados Unidos, Inglaterra, pó um tempo depois da morte de Ross,  até as coisas estarem calmas, um condomínio fechado no Rio,  e finalmente, aqui, onde tudo começou, mas não é o lugar, são as pessoas.

Agora, olhando minha família jantar, meus tios, tias, que não dividem o mesmo sangue que eu mas que, dariam a vida por mim, Gustavo, Marcelo, Ayla, todos eles, são parte de uma coisa única.

Lorenzo me olha e sorri.
_Eu te amo! - Ele sussura no meu ouvido.
_Eu te amo! - Exclamei.

Estamos finalmente seguros e felizes, talvez o destino ainda nos dê algumas surpresas, mas ainda assim, estamos seguros, e felizes.

Nossa história é intensa, mas nunca, terá um fim que não seja feliz.
_E sobre a ideia de mais um bebê? - Pergunto para Lorenzo.

Ele gargalha, me girando no ar.
_Podemos começar a praticar hoje! - Lorenzo fala, eu começo a rir.

As borboletas no meu estômago, nunca irão sair dele, enquanto eu estiver ao lado dele.

           Fim.

Diante Do Seu Olhar - Livro 2 - Where stories live. Discover now