2.9.

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A capitã Park Eui estava exausta, sabia que não ia aguentar muito mais tempo.

A sua camisa estava rasgada na zona dos braços dando visão para alguns cortes pequenos e ligeiros, o suor caía do seu rosto deixando a sua visão turva, as suas pernas tremiam de exaustão e os seus reflexos diminuíam cada vez mais.

Por outro lado, Christopher parecia completamente bem, apenas alguns cortes no seu casaco que não tinham chegado à pele, o homem sentia-se ainda mais forte e sabia que sairia vencedor desta pequena luta.

Eui estava irritada, batia-se mentalmente não acreditando como teria sido ela capaz de acreditar nos dois guardas que a trouxeram até aquele beco mortal. Mesmo sabendo que não resistiria por muito mais tempo, ela ainda desejava ver o rosto do príncipe uma última vez.

Não havia muito tempo para conversas entre os dois capitães e apenas o som das suas espadas eram ouvidas.

Junto do palco de madeira, onde todas as pessoas se tinham reunido para assistirem ao enforcamento de uma das piratas mais temidas dos mares, um homem entroncado aproximou-se do rei receoso.

Yoon Mina observava tudo com atenção, parecia ser uma luta contra o tempo, tudo estava a acontecer demasiado rápido, não haviam sinais do príncipe e o rei pareceu ficar ainda mais preocupado depois de saber da notícia.

A capitã Park Eui tinha desaparecido novamente.

O rei ergueu o seu corpo decidindo não contar à multidão que permanecia junta esperando ansiosamente pela chegada de Eui ao palco. O rei virou o seu corpo encarando Yoon Mina com uma sobrancelha erguida.

-Onde está o príncipe? - questionou autoritário o rei.

Ainda sentada na sua cadeira confortável, a mulher sorriu de lado.

-O príncipe não se estava a sentir bem e decidiu caminhar um pouco. - informou a mulher.

Acreditando, o rei assentiu, não parecia estar muito preocupado com o facto de Jeongin ter saído para uma caminhada, afinal, o rei sabia que ele estaria em segurança junto dos guardas reais que o deveriam acompanhar.

Autoritário, o rei chamou alguns guardas reais até si exigindo que Park Eui fosse encontrada com a maior brevidade possível; acatando as suas ordens, os cerca de dez guardas reais partiram em busca pelo príncipe na cidade do reino de Lótus.

Ainda no beco, Eui tentava controlar a sua respiração, não se permitia a desistir, mesmo que fosse a coisa mais honesta a se fazer; toda a sua tripulação estava morta, porém, ela ainda tinha de encontrar Hyeon.

Christopher esticou o seu braço numa tentativa de alcançar o pescoço de Eui que, rapidamente, inclinou a sua cabeça evitando o ataque mortal do homem que sorriu. Park Eui aproveitou o pequeno momento para esticar o seu braço, desta vez, quem tinha uma espada apontada ao pescoço era Christopher que pareceu surpreso.

-Onde está Hyeon? - questionou a mulher com alguma dificuldade.

O capitão sorriu ainda mais mostrando os seus dentes brancos, os seus olhos encaravam os de Eui que pareciam arder de raiva, naquele momento, Christopher viu uma oportunidade para contar tudo o que tinha feito a Park Eui.

-O capitão Hyeon está morto. - respondeu brevemente. - Eu próprio o matei.

A capitã ergueu ambas as suas sobrancelhas, o choque era grande e sentiu que o seu coração parou de bater durante breves segundos, os seus olhos enchiam-se de lágrimas de raiva, o seu corpo estava exausto, mas mesmo assim ainda sentia a força necessária para matar Christopher.

Naquele preciso momento, os passos do príncipe eram ouvidos e Christopher aproveitou a situação para retomar a luta tocando com a sua espada na lâmina de Eui que se posicionou na defensiva tentando evitar qualquer tipo de ataque vindo do inimigo.

As espadas não paravam de balançar, os corpos de ambos movimentavam-se velozmente e nenhum deles pareceu notar na presença do príncipe que observava tudo com cuidado e nervoso.

Eui estava afastada de Christopher tentando respirar e descansar um pouco, porém, o capitão viu isso como uma oportunidade e, num ato veloz, aproximou-se da mulher movimentando a sua espada de forma a, desta vez, conseguir matar Eui.

A espada de lâmina afiada de Christopher entrou dentro do corpo de Eui rasgando a sua pele na barriga surpreendendo a mulher que, derrotada, caiu no chão.

O seu chapéu triangular caiu no chão ensanguentado e a mulher arfava com a sua respiração quente e dolorosa, a sua visão estava turva e os seus olhos pareciam querer fechar completamente.

Feliz, Christopher deixou a sua espada cair num ato vitorioso, bem como o príncipe que arregalou os seus olhos deixando também cair a sua espada chamando a atenção de Christopher que virou o seu corpo.

O capitão encarou o príncipe encolhendo os ombros, Jeongin apressou-se a correr até à mulher que estava deitada no chão contorcendo-se de dor; também o príncipe tinha tido um corte assim quando esteve no navio e sabia o que teria de fazer naquele situação.

O olhar de Eui encontrou o do Jeongin e sorriu de lado envergonhada por estar naquela situação à frente no príncipe.

Ganhando algumas forças, a mulher ergueu o seu braço pedindo que o príncipe não se aproximasse dela e, com imensa dificuldade, a capitã agarrou na sua espada ensanguentada apoiando-se nela para se conseguir levantar.

Christopher, por outro lado, não deu importância ao facto da mulher estar a levantar-se, ele sabia que seria algo em vão e que a mulher morreria naquele beco sujo e imundo, da mesma maneira que tinha nascido, imunda e suja.

A mão esquerda de Eui foi pousada no corte profundo da sua barriga pressionando com toda a força que tinha naquele momento tentando impedir que mais sangue escorresse, os seus passos foram largos até ao capitão.

Com a sua mão direita, a mulher apontou a sua espada velozmente no pescoço de Christopher e, num ato rápido, a sua mão movimentou-se cortando todo o pescoço do capitão.

Uma chuva de sangue ocorreu e, Christopher Bang caiu no chão morto.

Ainda receosa de o capitão não estar morto, a mulher penetrou a sua espada no peito de Christopher manchando ainda mais a sua espada. Por diversas vezes que a sua espada penetrou o corpo de Christopher.

A mulher estava irritada, cansada e com uma enorme vontade de chorar; ainda não acreditava que Hyeon tinha sido morto por Christopher e Park Eui condenava-se por não ter estado junto de Hyeon no dia em que o deixou sozinho no Bones.

Ansioso e com pena, o príncipe caminhou até Eui que permanecia ajoelhada junto do homem morto.

Com cuidado, retirou a espada das mãos da capitã e, num ato rápido, abraçou a mulher que já derramava lágrimas de tristeza misturadas com medo.

Park Eui fechou os seus olhos e ergueu a sua cabeça.

Naquele momento, um grito alto e tenebroso de dor foi ouvido por todo o reino de Lótus.

Pirate Maker || Yang JeonginWhere stories live. Discover now