Pirate Maker || Yang Jeongin

1.0.

Imensos homens tinham deixado a bebida e observavam agora o jogo entre Eui e William.

O homem esticou os braços e sorriu encarando Eui enquanto esperava pelo palpite da mulher. William parecia nervoso depois da proposta da mulher, mas aceitou-a mesmo assim.

-Tens três dados de face cinco. - informou Eui confiante.

O homem sorriu, ela estava certa, mas William não podia simplesmente fazer o que sempre tinha feito durante este jogo, esta mulher com certeza o conhecia, por isso, esticou os seus braços e inclinou o corpo ligeiramente para trás.

-Já nos conhecemos antes? - questionou o homem curioso.

Eui sentiu que esta era a sua oportunidade, por isso assentiu descruzando os braços e relaxando os ombros.

-Foi o William que aceitou que os meus pais me vendessem. - informou sem nenhum dó do homem que arregalou os seus olhos perplexo.

O homem de cabelos compridos ergueu o seu corpo pronto a agarrar na sua espada, no entanto, já era tarde de mais, a espada brilhante de Eui estava apontada no peito do homem que sentia o seu corpo a suar de nervosismo.

William não tinha a noção do monstro que tinha criado, depois de Park Eui desaparecer quando tinha cinco anos, ele supôs que a menina pequena tinha morrido e nunca mais se preocupou em procurá-la, mesmo sabendo de todos os roubos que ela tinha feito apenas para o beneficio de William.

-Quero todo o ouro que tens contigo. - exigiu Eui com um sorriso enquanto colocava o seu chapéu triangular de volta na cabeça. - Também quero todas as tuas armas e prometo que não te matarei.

Nunca na vida de Eui ela tinha visto um pirata a tremer imenso, ela gostava disso, era o tipo de poder que lhe corria nas veias, ela era uma capitã respeitada e orgulhava-se disso.

Desesperado, o homem retirou todo o ouro que tinha nos bolsos entregando-o nas mãos de Eui que o guardou rapidamente, duas espadas de ouro foram-lhe entregues e a mulher achou-as pesadas, no entanto, ela não precisava das espadas, ela queria apenas o ouro.

Assim que obteve o que desejava, retirou uma pistola velha da cintura apontando-a para um barril de cerveja, com firmeza, acertou no barril que começou a despejar a cerveja deixando todos os piratas ali presentes felizes enquanto corriam até ao barril.

Todo aquele alvoroço gerou uma grande confusão, o que fez com que Eui pudesse fugir de volta para o seu navio, no entanto, William ainda estava vivo e encarou os homens que o tinham acompanhado com uma expressão rígida.

-Do que estão à espera? Vão atrás dela! - gritou o homem irritado.

Eui sorriu enquanto corria o mais rápido que podia até ao cais, esta seria a última vez que iria visitar a sua terra natal, ela poderia ter nascido ali, no entanto, a sua verdadeira casa era o mar e o seu navio.

De longe, o príncipe observava uma pequena silhueta que corria desesperadamente por entre casas da cidade, Jeongin percebeu que seria Eui e soltou um breve sorriso recordando o passado; mais uma vez, a mulher viria até ele como no dia do seu oitavo aniversário.

Atrás da capitã corriam cerca de dez homens com as suas espadas e pistolas ao alto atirando algumas balas mas falhando miseravelmente, Eui soltava gargalhadas achando aquilo divertido.

Jeongin observou a capitã quase a chegar ao cais e ergueu o seu corpo.

-Içar velas! - gritava a mulher. - Preparem-se para partir!

A mulher virou o seu rosto observando os homens cada vez mais perto; desesperada, a mulher observou uma carroça com alguns barris de madeira atados com uma corda fina para que não caíssem.

Eui agarrou na sua espada e num movimento rápido cortou as cordas frágeis fazendo com que todos os barris caíssem no chão provocando algum estrondo; os homens que a perseguiam caíam desajeitadamente no chão acabando por bater com a cara no piso frio e molhado, deixando Eui ainda mais feliz.

Toda a tripulação parecia ter ouvido o grito desesperado da capitã e preparavam agora o navio para zarpar, a âncora era levantada com imensa força, a tripulação gritava de maneira a ajudá-los a ganhar mais força; desesperado, Jeongin atirou uma corda para que Eui se pudesse agarrar.

Park Eui estava perto do cais, no entanto, o navio estava demasiado longe para que uma corda pudesse ser atirada, por isso, não havia outra maneira a não ser saltar para a água e nadar até junto da corda que boiava no mar desesperada para ser agarrada.

Toda a sua tripulação estava na borda do navio rezando para que a capitã conseguisse chegar a tempo, Eui nadava com braçadas fortes ainda que estivesse pesada com o tanto de medicamentos e ouro que transportava.

Os homens que a perseguiam continuavam a disparar as balas de pólvora das suas pistolas na esperança falhada de atingirem Eui que, de momento, agarrava firmemente na corda enquanto tentava subir de volta para o navio.

Assim que os seus pés pousaram no convés todos os homens da sua tripulação festejaram, Eui retirou todos os sacos molhados de moedas atirando-os para o chão e caminhou até ao príncipe que esperava sentado enquanto bufava de dor.

Eui retirou o saco castanho de pano molhado do seu casaco e encarou Jeongin com um sorriso envergonhado enquanto coçava a nuca.

-Estão molhados, mas espero que ainda sirvam. - comentou a mulher.

Jeongin encarou os remédios com as etiquetas molhadas e ergueu uma sobrancelha, o seu conteúdo não estava muito molhado e por isso ainda os podia tomar. O príncipe olhou para Eui e assentiu sorrindo enquanto abria um pote com os remédios e os tomava.

-Dentro de uma semana estarei bom.- informou. - Obrigado.

A mulher assentiu afastando-se do príncipe para lhe dar algum espaço pessoal, o homem devia querer estar sozinho durante alguns minutos e Eui estava feliz de ter conseguido a sua pequena vingança.

Assim que se aproximou da sua tripulação, que agarrava nas moedas com felicidade, a mulher ergueu o seu braço e sorriu.

-Próxima paragem, ilha de Tortuga! - exclamou ansiosa.

Toda a tripulação gritou ansiosa, faltava pouco para chegarem à ilha onde vários tesouros aguardavam pela sua chegada.

Jeongin encarou Eui com um sorriso sincero, a mulher parecia feliz com tudo o que tinha e ainda mais feliz quando navegava.

O príncipe deu por si a desejar que um dia, Park Eui olhasse para ele da mesma maneira que ela olhava o oceano.