2.8.

209 27 6
                                    


Uma enorme multidão juntava-se junto do palco de madeira, os seus olhares eram de raiva, felicidade e encorajamento.

Diversas cadeiras tinham sido preparadas para que as pessoas nobres se pudessem sentar de forma a terem a melhor visão para o enforcamento.

As duas carruagens pararam e toda a multidão gritava o nome da família real.

O príncipe Yang Jeongin saiu da sua carruagem acompanhado de Yoon Mina que mantinha uma expressão séria no rosto; toda a multidão pareceu ficar em choque, aquela seria a primeira vez que viam o príncipe herdeiro acompanhado de uma mulher que seria a futura rainha.

Os passos eram pequenos e suaves até às três cadeiras banhadas de ouro que esperavam pela família real, os gritos ainda ecoavam na cabeça de Jeongin que tentava ignorar todos os insultos dirigidos a Park Eui.

Antes de sentar o seu corpo na cadeira confortável, o príncipe encarou e céu com nuvens que começavam a desaparecer, dando visão para o sol quente.

O rei avançou três passos e ergueu as suas mãos pedindo silêncio, toda a multidão encarou o rei com um pequeno sorriso; apesar da pobreza do reino, o povo sentia que, naquele momento, algo de bom viria com a morte de uma pirata.

-Estamos todos reunidos para assistir à morte de uma pessoa cruel, - começou o rei em voz alta. - uma pessoa que nos amaldiçoa, que nos rouba, que matou imensos familiares nossos.

Ao ouvir as palavras do rei, a multidão fez-se ouvir, os seus gritos poderosos de felicidade deixavam Jeongin triste, ele precisava de sair dali e estar junto de Park Eui.

Segundo os seus planos, a mulher já devia de estar a caminho do cais, o que significava que não faltaria muito até os guardas reais darem pela falta de Eui.

Encarando toda a multidão, o príncipe franziu a testa ao reparar nos dois guardas com quem tinha falado, ambos os homens pareciam agitados com algo enquanto trocavam olhares com o príncipe desesperados.

Jeongin precisava de falar com eles, porém não sabia como o fazer. Yoon Mina pareceu reparar no desespero do príncipe e, num ato de ternura, pousou a sua mão na do príncipe que a encarou confuso, a mulher aproximou-se do homem e sorriu.

-Vá até ela. - pediu a mulher ruiva. - Eu trato de tudo por aqui príncipe.

Yang Jeongin assentiu com um pequeno sorriso no rosto, curvou o seu corpo e murmurou um leve "obrigado" à mulher que apenas baixou a sua cabeça feliz de conseguir ajudar.

O príncipe caminhou até aos dois guardas pedindo que estes o seguissem até um local mais calmo. A caminhada parou quando nenhuma pessoa poderia ser avistada e apenas os três homens estavam juntos.

-O que aconteceu? - questionou o príncipe agitado.

O facto de estar apenas o príncipe junto dos dois guardas na cidade onde ninguém passava fez com que a voz do príncipe soasse mais alto do que o pretendido. Os dois guardas suspiraram e um deles coçou a nuca nervoso.

-Quando chegámos às masmorras a capitã não estava lá. - informou o mais velho.

O príncipe ergueu ambas as sobrancelhas surpreendido. Eui não poderia ter escapado sozinha, eles tinham um plano que deveria ser cumprido e tudo estava organizado, além disso, a mulher estava fraca e não deveria conseguir ir longe sozinha.

Ainda sem perceber, o príncipe pousou a sua mão no queixo pensativo enquanto caminhava por pequenas distâncias tentando arranjar uma explicação para o acontecido.

Os guardas encaravam Jeongin sem perceber o que estava a acontecer.

O príncipe tentava ligar todos os pontos na sua cabeça. Foi aí que Jeongin percebeu tudo e mordeu o lábio.

O capitão Christopher Bang não tinha acompanhado o rei como sempre fazia, o que só poderia significar que ele estava junto de Park Eui.

Irritado, o príncipe chutou uma pedra para longe enquanto retirava o seu casaco entregando-o ao guarda que ergueu uma sobrancelha. Num ato veloz, o príncipe baixou o seu braço retirando a espada do guarda da sua cintura, deixando o guarda ainda mais atrapalhado.

-Onde vai o príncipe? - questionou.

Os passos do príncipe eram largos, porém, ainda assim virou o seu corpo encarando ambos os guardas que permaneciam estáticos esperando uma resposta de Jeongin que apenas pousou o seu dedo nos lábios pedindo silêncio aos guardas.

Apesar de confusos, os guardas perceberam o que o príncipe queria dizer com aquele pequeno sinal e por isso, encostaram os seus corpos junto da parede de uma casa velha esperando pelo regresso do príncipe.

Nervoso, Jeongin percorria todas as ruas do reino, as suas mãos estavam suadas, o seu cabelo estava ainda mais despenteado depois de tantas vezes que o homem passava as mãos pelos cabelos agitado e nervoso; a sua respiração era rápida e quente.

Park Eui parecia não querer ser encontrada e a hora da sua partida estava perto. 

O príncipe estava prestes a desistir, sentia que tinha passado pela mesma rua três vezes e, agora, toda a cidade parecia igual, as casas velhas de madeira molhada deixavam o seu corpo frio, o nevoeiro levantava deixando algumas gotas de orvalho caírem sobre o seu rosto e deixando o seu cabelo levemente molhado.

Os passos de Jeongin pararam apenas durante segundos para conseguir controlar a sua respiração.

De longe, o príncipe ouviu o som frenético de metal a bater e o corpo do príncipe foi erguido rapidamente, esperançoso, correu atrás do barulho.

O som levava até um beco velho e húmido e Jeongin abriu a sua boca surpreendido assim que observou o cenário assustador.

Park Eui lutava freneticamente com Christopher Bang, uma dança de espadas era ouvida, os corpos de ambos percorriam o beco sem saída enquanto se tentavam desviar dos ataques um do outro.

Ambos pareciam cansados, no entanto, a respiração forte de Eui era a mais ouvida, o seu corpo estava fraco e ela parecia não aguentar durante muito mais tempo, Christopher balançava a sua espada com um sorriso orgulhoso no rosto.

Tanto Eui como Christopher eram habilidosos com a sua espada e aquela parecia uma luta que duraria anos ou até mesmo séculos.

Receoso, o príncipe não se atreveu a interferir, deixando-se ficar quieto enquanto observava os corpos de ambos os capitães dançarem naquela dança de sangue.

Num ato veloz e inesperado, o som de roupa a ser rasgada foi ouvido e Park Eui caiu no chão ajoelhando-se enquanto arfava de dor misturada com cansaço.

A espada que o príncipe trazia na mão caiu no chão de pedra ecoando a metros de distância e, naquele momento, Jeongin teve visão para os cortes no braço de Eui causados pela espada de Christopher que tinha apenas cortes ligeiros.

No entanto, o que mais preocupava o príncipe era o tanto de sangue que escorria da barriga de Park Eui.

Pirate Maker || Yang JeonginWhere stories live. Discover now