Pirate Maker || Yang Jeongin

2.2.

As masmorras do palácio real eram frias e húmidas.

Os dedos finos de Eui estavam gelados, pela primeira vez sentiu o seu corpo frio, talvez devido ao facto de ter sido mal alimentada.

A capitã rangeu os dentes irritada, o reino de Lótus nunca lhe tinha trazido boas memórias e sempre que os seus pés pousavam naquele reino amaldiçoado, nada corria bem.

A porta pesada das masmorras foi ouvida e Eui teve visão para os dois guardas que ela tinha derrotado da última vez, um deles parecia ter uma pequena cicatriz na testa, o que fez com que Eui soltasse um breve sorriso.

A cela fria foi aberta com cuidado, os dois guardas aproximaram-se da mulher e, num movimento veloz e frio, levantaram a mulher fraca.

-Nem penses em fugir desta vez. - informou o guarda agarrando no braço de Eui com força.

A capitã revirou os olhos impaciente, ambos os guardas subiram as escadas compridas saindo das masmorras e Eui teve visão para a luz do céu da tarde.

Perguntava-se se o príncipe estaria a fazer o que lhe tinha prometido.

Eui sentia-se a ser arrastada pelos jardins do palácios, várias empregadas encaravam a mulher com desdém, as suas roupas eram brancas e os seus aventais eram castanhos, os seus cabelos estavam penteados num pequeno rolo.

Seria a primeira vez que a mulher observava os jardins do palácios que não eram repletos de flores, apenas arbustos e árvores pouco cuidadas. Eui perguntava-se como seria possível um jardim real ser tão pobre, mas sabia que se devia ao facto de o rei ser uma pessoa que gastava o dinheiro para fins próprios.

Desta vez, Park Eui não entrou pela porta principal do palácio; caminhava em passos lentos pelos corredores com tapetes azuis escuros, quadros enormes de toda a dinastia real e imensos móveis da melhor qualidade.

Eui soltou um breve sorriso pensando no valor dos móveis, no entanto, não fazia mais sentido roubar tal coisa, afinal, toda a sua tripulação estava morta e para ela não fazia sentido usufruir de um tesouro sozinha.

Os guardas pararam de caminhar ao chegar junto de uma porta grande e branca com detalhes em prata, outros dois guardas que vestiam fardas pretas encararam a capitã, com firmeza, agarraram nos seus braços.

Os outros dois guardas despediram-se regressando aos seus postos de trabalho e Eui ficou encarregue dos guardas de farda preta.

-Irás apresentar-te ao rei. - informou um deles.

Eui apenas assentiu, ela sabia o que iria acontecer, por isso não lutou com os guardas, afinal ela nem tinha forças.

Não demorou muito tempo para que as portas fossem abertas pelos guardas e Eui teve visão para um salão enorme com apenas uma mesa comprida no meio.

As paredes eram brancas com imensos detalhes em ouro, algumas estátuas de pequena proporção estavam penduradas e um enorme candelabro, também ele de ouro, estava pendurado no cento do salão.

A mesa comprida tinha as suas bordas banhadas em ouro e duas cadeiras, uma em cada ponta, de veludo branco, os braços e pernas da cadeira eram douradas.

Em cima da mesa estava imensa comida e Eui baixou o seu olhar encarando a barriga que começava a roncar.

Os guardas sentaram Eui numa cadeira mais pequena, no entanto, também ela tinha alguns detalhes em ouro, uma pequena flor de lótus banhada em ouro estava na ponta dos braços da cadeira e Eui sorriu.

Os dois homens agarraram em algumas cordas amarrando Eui à cadeira, impedindo assim que a mulher se conseguisse soltar e, mais uma vez, fugir. Agora, para além de ter algemas nos pulsos, também tinha o seu corpo amarrado a uma cadeira.

Os guardas saíram rapidamente do salão, o que significava que não tardaria muito até que o rei aparecesse.

Aproveitando o pouco tempo que tinha, Eui tentou mexer os seus braços de modo a ficar um pouco mais solta, a sua cabeça virou um pouco encarando a flor de lótus e, com cuidado, virou os seus braços tentando agarrar na flor.

A flor não parecia estar bem presa à cadeira, o que tornaria mais fácil de a retirar e Eui não perderia uma pequena oportunidade de roubar algo de ouro, estava-lhe no sangue.

Com alguma força, a mulher abanava a flor de um lado para o outro e sorriu assim que ouviu o som fino de algo partir. Sendo rápida, guardou a flor dentro das mangas da sua camisa suja.

Assim que soltou um suspiro aliviada, as portas do salão foram novamente abertas e a mulher virou o rosto encarando o rei curiosa.

Era a primeira vez que Eui via o rei pessoalmente e de tão perto. As suas roupas eram chiques e da melhor qualidade possível, vestia umas calças brancas e um casaco dourado com botões de ouro, os seus cabelos grisalhos estavam perfeitamente penteados, a sua coroa estava polida e parecia brilhar com a luz do sol da tarde, nos dedos trazia imensos anéis de ouro que pareciam pesados.

Eui sorriu ao reparar que a companhia do rei era Christopher, o homem caminhava confiante, vestia uma camisa branca abotoada dando visão para um pouco do seu peito, vestia um casaco amarelo e umas calças pretas, as suas mãos estavam pousadas atrás das costas e tinha um pequeno sorriso no rosto.

O rei encarou a mulher curioso sentando-se na cadeira de veludo, Christopher posicionou-se ao lado do rei esperando que este se começasse a pronunciar.

Durante alguns minutos todo o salão permaneceu em silêncio, o rei tentava descobrir no que pensava a mulher, as suas mãos foram entrelaçadas uma na outra pensativo, depois, encostou as suas costas na cadeira e suspirou.

-Então tu é que és Park Eui? - questionou erguendo uma sobrancelha.

-Capitã Park Eui. - corrigiu a mulher. -Esqueceu-se do capitã.

O rei revirou os olhos e humedeceu os seus lábios, Christopher cruzou os seus braços esperando pelo anúncio que tanto esperava.

-Não temos muito que conversar Park Eui. - informou o rei fazendo com que Eui revirasse os olhos por, novamente se ter esquecido de mencionar o "capitã". 

Christopher sentia o seu coração a bater cada vez mais rápido, no entanto, Eui não parecia minimamente preocupada com as próximas palavras do rei.

-Serás condenada à forca e amanhã será o teu último dia.