1.5.

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Os dois homens que estavam dentro do barco pareciam ter ficado envergonhados com a partilha do beijo entre a capitã e o príncipe e, por isso, agarraram nos remos e continuaram a remar sem se atrever a olhar para o casal.

Eui parecia surpreendida, no entanto, sorriu assim que se separaram, começando um pequeno silêncio.

Jeongin voltou à realidade e coçou a nuca envergonhado, Eui soltou uma leve gargalhada.

-Sempre soube que o príncipe gostava de mim. - comentou atrevida enquanto piscava o seu olho.

O príncipe não tinha como responder, apesar de ter sido um ato de ousadia, Jeongin não estava arrependido e esperava pela oportunidade certa para o fazer novamente.

Apesar de ser atrevida, Eui não deixava de ser uma mulher e não podia esconder o facto de ter ficado surpreendida com o beijo repentino do príncipe, naquele momento, ela percebeu o porquê de querer proteger o príncipe que era frágil.

A mulher soltou um pequeno sorriso envergonhada, pela primeira vez ela sentia-se assim, no entanto, tentou não o demonstrar.

Dez barcos pequenos navegavam na direção da ilha Tortuga, o céu começava a escurecer e ainda tinham uma pequena longa viagem pela frente. A mulher agarrou na sua bússola e abriu-a, estavam no caminho certo.

Uma onda de nevoeiro preencheu o mar e Eui fechou os seus olhos respirando o máximo ar que conseguia, o cheiro familiar entrou nas suas narinas e a mulher soltou um sorriso voltando a abrir os seus olhos.

Por entre o nevoeiro, Eui encarou de longe um pequeno ponto com uma enorme montanha. A ilha Tortuga estava diante do seus olhos.

-Vamos lá rapazes, estamos quase a chegar! - gritou a mulher erguendo o seu corpo.

Toda a tripulação pareceu ter arranjado coragem de remar mais depressa após as palavras da capitã.

Jeongin pousou as suas mãos nos joelhos com um breve sorriso no rosto, a pouca distância estava a ilha Tortuga, no entanto, isso significava que estava perto de ter de regressar ao reino.

A ideia de regressar ao reino de Lótus ficou no seu pensamento durante alguns minutos, Jeongin deu por si a pensar que seria impossível regressar uma vez que não tinham nenhum navio.

Preocupado em ficar preso para sempre na ilha Tortuga, o príncipe encarou Eui que estava submersa no pensamento de finalmente conseguir a bússola sem norte.

-Como vamos regressar? - questionou o príncipe. - Não temos nenhum navio.

Eui pousou a sua mão no queixo pensativa, era um facto, mas Eui poderia sempre esperar pela chegada de um novo navio à ilha Tortuga e roubá-lo.

-Ficaremos à espera de um novo navio. - respondeu orgulhosa.

Jeongin pousou a sua mão na testa incrédulo, não era possível que a capitã pensasse daquela maneira. Esperar por um navio poderia demorar semanas, meses ou até mesmo anos e, apesar de não querer ir embora, o pensamento de ficar preso por tempo indeterminado numa ilha que não conhecia deixava-o enjoado.

A capitã, por outro lado, não parecia muito preocupada com isso, sabia que o momento certo chegaria, e, enquanto esperava pela chegada de um novo navio, podia sempre usufruir do uso de bares na ilha Tortuga.

Enquanto remavam, a tripulação começou a cantar em conjunto.

Músicas de piratas eram canções que só os piratas podiam cantar e, depois de quase um mês em alto mar, Jeongin já considerava que pertencia à tripulação e, como já era familiarizado com a música, abriu a boca de modo a também cantar juntamente com o resto da tripulação.

Ainda de pé, Eui cruzou os seus braços fechando os olhos enquanto ouvia a melodia da sua tripulação.

Ela estava viva assim como toda a sua tripulação e o príncipe. Jeongin parecia feliz em ter-se juntado à tripulação e isso era tudo o que importava naquele momento.

Apesar de saber que, mais cedo ou mais tarde, o príncipe teria de regressar para o palácio, Eui desejava aproveitar cada segundo junto de Jeongin, e a ideia de tê-lo sempre junto de si passou pela sua cabeça.

A mulher baixou o seu corpo sentando-se junto do príncipe que humedeceu os seus lábios e sorriu.

Desde o primeiro encontro entre o príncipe e Eui, Jeongin sentiu a necessidade de saber mais sobre a mulher e, agora que já a conhecia, sabia que estava apaixonado, depois de tanto tempo juntos, era algo que ele não podia negar e a capitã pensava da mesma forma.

No entanto, ambos sabiam que não poderia ficar juntos.

Yang Jeongin era o príncipe herdeiro ao trono do reino de Lótus, a sua reputação era perfeita e tinha imenso apoio de todos. Park Eui era a capitã de um navio pirata, assassina e mentirosa, sempre se colocou em primeiro lugar e acabava por ser deveras gananciosa.

Apesar dessas pequenas diferenças, os dois apaixonaram-se e, mesmo que um dia se tivessem de separar, ambos decidiram que iriam aproveitar o momento da melhor das formas.

Pela primeira vez, o príncipe notou no nervosismo da capitã que brincava com os seus polegares e Jeongin sorriu; apesar de ser atrevida, a capitã poderia ficar nervosa com o mínimo de carinho demonstrado, talvez porque nunca o teve.

-Obrigada por me ter ajudado a escapar quando éramos crianças. - comentou Eui com um pequeno sorriso.

O príncipe sorriu, a realidade era que também ele estava feliz por ter ajudado Eui a escapar naquele dia.

-Agora que finalmente te conheço, - começou o príncipe sorridente. - sinto que não te devo deixar escapar mais.

Eui soltou uma leve gargalhada retirando o seu chapéu triangular e pousando-o nas suas pernas. Ela sabia que não era a mulher mais bonita e não percebia como era possível o príncipe se ter apaixonado por ela, por isso suspirou.

-Sei que não me enquadro nos padrões corretos e todo o meu corpo permanece com cicatrizes feias, sei que não sou bonita mas...

Antes de conseguir continuar o seu raciocínio, o príncipe elevou a sua mão abanando-a pedindo que a mulher não falasse mais e depois sorriu. A sua mão foi esticada e com cuidado pousou os seus dedos nos cabelos da mulher, colocando alguns dos cabelos rebeldes atrás da sua orelha.

O príncipe pousou depois a sua mão na da mulher e sorriu novamente.

-Aos meus olhos, és a mulher mais bela que alguma vi. 

Pirate Maker || Yang JeonginKde žijí příběhy. Začni objevovat