0.2.

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O navio tinha um péssimo estado.

As velas que deveriam ser brancas estavam manchadas e a sua cor agora era bege, a madeira não parecia ser tratada, uma pequena bandeira preta estava no cimo do mastro principal, tinha uma caveira com dois ossos cruzados.

Assim que o navio se aproximou, Eui caminhou sorridente até ao seu navio; uma corda foi deitada ao mar e a mulher encarou o príncipe.

-Precisas de saltar. - informou a mulher.

O príncipe estava receoso, o navio ainda estava um pouco longe, mas não se podiam dar ao trabalho de parar o navio ou seriam todos apanhados. Jeongin cerrou os punhos e retirou o seu casaco pesado deixando-o no chão sujo e húmido.

Eui já tinha saltado e agarrava a corda grossa com força esperando que o príncipe saltasse. Jeongin balançou o seu corpo e soltou um breve suspiro fechando os seus olhos e correndo o mais rápido possível.

Sem pensar muito, o príncipe saltou e, quando abriu os seus olhos, reparou que ainda estava longe da corda e que por isso iria cair no mar, no entanto, foi surpreendido pela mão da mulher que agarrava com força o seu pulso.

Jeongin não esperava que a mulher tivesse tanta força e por isso sorriu, agradecendo mentalmente pela ajuda enquanto subia para dentro do navio com a ajuda da corda.

Assim que os seus pés pousaram no convés imensos homens o encaravam curiosos, todos eles pareciam novos, os seus olhos estavam demasiado abertos despertando a curiosidade nos seus corpos enquanto se perguntavam o que fazia um príncipe dentro do navio.

Todas as suas roupas eram velhas apenas compostas por calças largas e camisas brancas largas, sujas e molhadas, os cabelos de todos os homens estavam despenteados devido ao sal do mar e ao vento.

Eui ergueu o seu corpo e estendeu a sua mão, ajudando assim o príncipe a recompor-se; o príncipe limpou as suas calças com cuidado e depois suspirou.

-Bem vindo a bordo Yang Jeongin. - desejou a capitã com um sorriso confiante. - Rapazes, a partir de hoje temos um novo marujo connosco, espero que o tratem bem.

Toda a tripulação retirou os seus olhos de Jeongin para encarar a capitã com um sorriso animado; todos eles soltaram um breve grito de felicidade.

Eui caminhou até junto do mastro principal onde alguns barris estavam posicionados, as suas mãos retiraram dos bolsos diversos sacos pequenos com moedas de ouro que Eui tinha conseguido roubar e toda tripulação correu até ao barril.

Park Eui sabia que a sua tripulação adorava ouro e, ao verem um príncipe a bordo, a tripulação estava desejosa de poder roubar tudo o que conseguia do príncipe e Eui precisava de o preparar para isso, começando por mudar de roupas.

De longe, a capitã abanou a sua mão pedindo que o príncipe a seguisse e ele assim fez caminhando em passos largos até conseguir alcançar a mulher que entrou dentro do seu quarto.

Assim que fechou a porta, Jeongin contemplou todo o espaço. O local era amplo e tinha imenso espaço, uma cama de casal estava posicionada num canto junto de algumas velas apagadas, a cera caía sobre o chão fazendo com que este se tornasse sujo. Perto da porta estava uma mesa redonda com imensos mapas em cima da mesma, algumas bussolas estavam em cima dos mapas para que estes não voltassem a dobrar.

Eui esperou que o homem terminasse de observar todo o espaço e depois baixou o seu corpo até uma caixa grande preta abrindo-a, de dentro retirou algumas roupas de homem enquanto as atirava para que o príncipe as conseguisse apanhar.

-O príncipe precisa de mudar de roupas. - informou erguendo o seu corpo com um sorriso. - Toda a minha tripulação espera por uma oportunidade de lhe roubar os botões que tem nas calças.

Jeongin baixou o seu olhar observando as suas calças, o seu rosto ficou quente enquanto tapava as suas partes com vergonha, o que fez com que Eui soltasse uma forte gargalhada.

-Antes de ir trocar de roupa, - começou a mulher sentando o seu corpo na cama - preciso de saber o que sabes sobre a bússola sem norte.

Jeongin suspirou ainda tímido e encostou o seu corpo à mesa pensativo, porque estaria ela à procura de uma bússola estragada?

-Com base nas informações que sei, é apenas uma bússola estragada. - respondeu encolhendo os ombros.

Eui abanou a cabeça negativamente e com um sorriso no rosto.

-A bússola sem norte é uma bússola que aponta apenas para os desejos das pessoas. - informou enquanto levantava o seu corpo. - E eu preciso dela para encontrar alguém.

Jeongin ergueu uma sobrancelha confuso, talvez os seus estudos tivessem sido em vão. Agora que ele sabia que a mulher queria a bussola, ficou curioso com as palavras.

-Encontrar alguém? - questionou.

A mulher sorriu caminhando até à mesa enquanto apontava para um local no mapa.

-Recebi informações sobre a localização da bússola. - informou enquanto apontava no mapa. - É cerca de um mês de viagem.

O príncipe encarou a mulher, nunca tinha entrado num navio e muito menos tinha feito uma viagem tão longa, mas agora que estava ali dentro, não tinha como voltar atrás e por isso Jeongin assentiu com um sorriso nervoso no rosto.

A capitã encarou o príncipe, sabia que ele estava nervoso e, por muito que ela quisesse reconfortar o príncipe, ela ainda sentia raiva dento de si; sabia que o príncipe não era culpado de nada do que lhe tinha acontecido no passado, mas ainda assim sentia raiva de toda a família real.

Park Eui aproximou-se do príncipe e pousou a sua mão no ombro com um pequeno sorriso nos lábios.

-Irei deixar o príncipe sozinho para que possa trocar de roupa. - informou a mulher. - Depois venha ter comigo ao convés.

O príncipe ainda estava nervoso, depois de tudo o que Eui lhe tinha dito, ele estava com medo que a tripulação entrasse dentro do quarto e o tentasse roubar, por isso pousou a sua mão na de Eui que o encarou surpresa.

-Podes ficar junto da porta? - questionou tentando não parecer nervoso.

A mulher soltou uma leve gargalhada e depois assentiu enquanto apontava para a porta.

-Ninguém entra nos meus aposentos sem a minha autorização, podes descansar. - respondeu ainda entre gargalhadas.

A mulher limpou algumas lágrimas que se atreviam a cair depois de tanto rir, o príncipe sentiu-se novamente desconfortável, ele não parecia ser tão inteligente nestas condições.

Mesmo assim ele aceitou o seu destino e, enquanto despia as suas roupas, rezava para que ninguém entrasse.

Pirate Maker || Yang JeonginWhere stories live. Discover now