Capítulo 93

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AVISO DE CONTEÚDO: cárcere privado, manipulação, gaslighting, abuso físico e psicológico, confusão mental, síndrome de estocolmo (leve).



Jimin fitava Taehyung na televisão sorrindo para o falso-noivo. Ele estava tão lindo, com sua pele brilhando de tão bem cuidada, porém, Jimin conseguia perceber os pequenos gestos e era óbvio para ele que Taehyung estava exausto.

Havia se passado um mês que estava naquele quarto. Wooyoung acordava pela manhã, soltava suas mãos e os dois comiam o café-da-manhã juntos. Após ser permitido um banho e higiene matinal, Jimin voltava a ser preso na cama e ficava assistindo um canal o dia inteiro. Na hora do almoço, Nabi aparecia no quarto para lhe alimentar e também lhe deixar ir ao banheiro e depois lhe prender outra vez até Wooyoung chegar.

Era um ciclo sem fim e Jimin não sabia mais reconhecer os dias, mesmo se esforçando para contá-los, por vezes Wooyoung lhe dizia qual era a data e ele podia se localizar no tempo. Jimin queria ter forças para lutar, porém, era melhor não resistir, ao menos Wooyoung não o dopava mais.

Taehyung ainda estava na televisão, agora beijando Seojoon e sem perceber, Jimin sentiu algumas lágrimas descendo pela sua bochecha. Ele sentia tanta falta de estar daquela maneira com o namorado, por mais que soubesse que os beijos em Seojoon eram falsos.

A verdade, é que estava morrendo de saudades dos namorados, dos amigos e do mundo. É, do mundo. Naquele quarto refez cada pedacinho dos seus dias fora dele, lembrava-se de se acordar as quartas-feiras com o som dos pássaros e ficar os olhando pela janela, brincando no alimentador de pássaros que Jungkook colocara para eles.

— Um pouco de natureza no meio de arranha-céus — Jimin murmurou as palavras que Jungkook proferira quando comprara o objeto plástico e enchera de ração de pássaros.

Jimin desviou o olhar da televisão quando o programa entrou em propaganda e fitou a porta. Ele ouvira um barulho longe e sua mente logo pensou em Seokjin — por mais que fosse loucura. Há alguns dias, Nabi o contara que Woobin estava mantendo o duque no antigo quarto de Namjoon e além de ele não estar ferido ou tentando resistir, a moça não tinha mais informações. Jimin queria o ver, pelo menos pela porta, mas ainda estava pensando uma maneira de pedir a Wooyoung sem parecer desesperado.

Talvez estivesse enlouquecendo. Tudo passava, mas ele permanecia naquela cama, em um cativeiro. Wooyoung o queria como amante, mas aquela era a coisa que Jimin prometera a si mesmo que nunca cederia, passaria seus dias presos, mas não fingira amar aquele homem somente para poder sentir a luz do sol outra vez na sua pele.

Houve outro barulho na porta, mas dessa vez foi Nabi, que passou por lá com um carrinho multiuso.

— Oi, Minnie — ela cumprimentou, fechando a porta atrás de si. — Como você está hoje?

Seu sorriso estava sempre em seu rosto, mas Jimin conseguia notar que ela estava fazendo isso para lhe dar um pouco de esperança que nem tudo estava perdido. Ele agradecia por isso.

— Normal — Jimin respondeu, por mais que tivesse certeza que ela podia observar as lágrimas em seus olhos. — Assistindo Tae e o noivo.

Nabi olhou para a televisão, como se desse conta de que ela estava ligada somente naquele momento. A moça fez uma careta ao ver Taehyung e Seojoon andando de mãos dadas por Seul.

— Você quer que eu desligue a televisão? — Nabi perguntou, fitando Jimin outra vez.

— Não — disse Jimin, com um fraco sorriso. — É a única hora que posso o ver.

A expressão da moça foi ao chão e ela perdeu o sorriso simpático. Por um instante, ela se deixou demonstrar como estava com o coração apertado em ver o amigo daquela maneira, mas após engolir a seco, recuperou-se, pelo bem de Jimin.

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