Regulus passou a língua pelos lábios, observando Peter e seus movimentos.

— Uma adição? —  Peter se encolheu, e nessa posição, Regulus podia ver como ele parecia um rato. Ele havia percebido isso nos últimos meses, desde que havia percebido que seu irmão e seus amigos eram animagos. Eles haviam pego traços de seus respectivos animais, e, em Peter, estava cada vez mais evidente. Ele não sabia muito sobre James, porque ele não convivia com o mesmo, porém ele imaginava o que o garoto poderia ter de traços de um cervo. — Ao grupo?

— Claro! Você se provou um amigo leal —  Regulus segurou uma risada sarcástica quando Crouch disse isso. —  E eu tenho certeza que um olhar grifinório poderia nos ajudar em muita coisa. —  Bartô disse, rondando Peter.

— O que ele quer dizer —  Regulus intercedeu —  é que está na hora de fazer uma escolha, Peter.  —  Ele flexionou os próprios dedos. —  Nós precisamos saber de que lado você realmente está.

Peter deu dois passos para trás, mas colidiu com o corpo de Bartô. O peão estava a suas costas e agora a torre só poderia ir para os lados ou para frente, porém o bispo estava a sua frente, e não importava para que lugar Peter mexesse sua peça, Regulus podia o derrubar do tabuleiro em um movimento. E ele sabia disso, ele sabia muito bem disso. Mesmo se Peter se movesse para bem longe, o bispo iria atrás, e isso sem contar os diversos peões. Ele estava preso, e a melhor coisa nessa situação, era ficar parado. Encurralado pelas peças, se ele não se mexesse, sua ruína estaria controlada.

— O gato comeu sua língua?—  Regulus perguntou, com um sorriso. Ele tinha que admitir que adorava os trocadilhos que fazia.

— Você não pode cobrar um posicionamento meu enquanto você mesmo ainda está em uma corda bamba.

Isso chamou a atenção de Bartô, que parou com o cigarro entre os dentes.

— O que ele quis dizer com isso?

— Eu sei que você foi conversar com o Sirius hoje. Ele estava usando uma fita verde no café da manhã. —  O medo estava longe da voz de Peter.

— Você não é o único que está fazendo sacrifícios. —  Regulus respondeu, seu sorriso já havia sumido. Sirius realmente não sabia ser discreto. — Mesmo que vá contra meu gosto, manter contato com meu irmão nos traz vantagens. Minha mãe pediu o mesmo, você mesmo sabe como ele é impulsivo e confia em quem não deveria.

— Pelo o que eu vejo, eu não sou o único a tomar uma decisão e-

— Você está duvidando de minhas intenções?

— Eu não tenho nenhuma dúvida.

—  Que bom. — Bartô respondeu, não entendendo o tom de Pettigrew.

Regulus respirou fundo, ele tinha que fazer isso logo.

—  Escolha seu lado, Pettigrew. E logo. A guerra não é mais uma hipótese, ela está aqui, e você não quer estar do lado errado quando a cortina cair.

Ele sabe qual é o lado certo. Regulus torcia para que ele escolhesse certo. Era arriscado, muita coisa poderia mudar dependendo da escolha daquele garoto. Ninguém levava Peter a sério, mas esse era o maior erro de ambos lados. Regulus via o potencial em Pettigrew, via como, por ser subestimado, ele era a mais perigosa das peças.
—  Eu tenho um prazo?

— As férias de verão. —  Foi Bartô quem tomou as rédeas da situação, e Regulus ficou grato por isso. —  Quando as aulas voltarem em Setembro, é bom você nos dar sua resposta.

— Será o começo do seu último de ano em Hogwarts. Faça a escolha certa.

Peter assentiu com a cabeça, nervoso. Até o momento ele estava andando em uma corda bamba, e ele teria que tomar uma decisão. Regulus inclinou a cabeça para o lado.

ConstelaçõesWhere stories live. Discover now