"Vou o quê? "

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Sydney, 7th May 11:54am.

Os meus dedos encontravam-se unidos aos de Luke como se nunca mais os quisessem largar, ele caminhava apressadamente até ao bar da escola, provavelmente teria fome, tinha sempre. Em certas alturas ele fazia-me lembrar o Justin. A sua maneira de me tranquilizar ou acalmar, a forma como agarrava a minha mão e me puxava, simples promenores, coisas mínimas.

Luke- Queres comer alguma coisa, babe?- perguntou enquanto largava a sua mão da minha para poder tirar a carteira do seu bolso.

- Não quero, obrigada! - sorri-lhe enquanto me sentava numa das mesas.- Traz-me apenas uma àgua por favor.

Luke- Outra?

- Sim, a minha acabou.

Luke pronunciou um "ok" enquanto se dirigia para a fila do bar. A verdade é que me sinto cada vez pior mas a vontade de melhorar também não é muita, sinto que se melhorar tudo vai ser pior. Talvez estivesse errada, a meu ver eu não estava assim tão magra quanto todos diziam, eu estava bem, aliás demasiado bem. Notava gorduras no meu corpo e marcas das mesmas, no corpo. Nunca as quis ter, nunca. Sempre fiz de tudo para não engordar, e ao contrário do que dizem- eu sentia que era isso que estava a acontecer. Anemia foi uma das doenças que me havia sido diagonósticada à relativamente pouco tempo, falta de nutrientes derivada a uma má alimentação.

Isto era tudo bastante confuso para mim.

Eu sentia que estava gorda, mas supostamente estou com anemia, uma contradição que na minha cabeça não fazia qualquer sentido. Sempre fui bastante reservada, e ao contrário do que a minha mãe me aconselhou a fazer, eu não falei de nada com o psiquiatra. Não o ia fazer tão cedo, eu não conheço o homem de lado nenhum, eles prometem sempre segredo mas no fim eu sei que ele iria contar aos meus pais todas as conversas e os porquês de estar assim, doente supostamente.

Luke voltou a sentar-se a meu lado, entregando-me a àgua que lhe havia pedido. Pegou no seu croissant misto levando-o à boca, só de o ver fazer aquilo eu já me sentia cheia, e culpada por ter comido imensos daqueles, tudo coisas desnecessárias, que agora me fazem sofrer as consequências, bastante notórias no meu corpo.

Luke- Queres?- desviou a sandes mostrando-ma, neguei.- Tens a certeza?

- Sim, tenho a certeza!

Odiava que insistissem comigo, era uma das coisas que eu não supostava. Se havia dito que não/sim há uns segundos atrás, não era numa fração de poucos segundos que iria mudar de opinião. Odiava que falassem e insistissem sobre o facto de supostamente não comer, eu comia, pouco que fosse era o suficiente para mim. Minutos depois foi-nos avisado que Mr.Lee não vinha, o que significava não ter matemática logo saíamos mais cedo. Luke aproveitou para me convidar para ir almoçar a sua casa de novo.

Luke- Almoças comigo? Vamos para minha casa!

- Sim, pode ser!

Para ser sincera não me conseguia sentir ainda muito à vontade, a timidez sempre foi um dos meus maiores defeitos, ou qualidade talvez. Podia conhecer o Luke há bastante tempo mas agora namorando com ele, parecia que não me sentia tão à vontade para avançar, ou até para estar sozinha com ele. Enquanto Luke esperava por Jai após lhe ter ligado, este falava comigo sobre os assuntos mais diversos e aleatórios, não me considerava uma pessoa que gostasse de debater sobre qualquer assunto que fosse. As minhas respostas podiam ser curtas e óbvias mas Luke continuava a conversar comigo. Agradeci por Jai já ter chegado, significava que iriamos agora para casa. Odeio a escola, odeio conviver com aquela gente. É simplesmente, horrível.

É horrível ter que lidar com uma multidão com o olhar fixado em mim, é horrível ter que ver que estão a falar de mim, é horrível saber que muitas das vezes sou o centro das atenções.

As long as you love me || j.bWhere stories live. Discover now