44 - Varrer de Frente

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O resto das aulas passaram devagar, principalmente porque eu só conseguia me torturar, repassando a cena da Moon com o Falcão na minha cabeça. Quando finalmente o sinal tocou, eu fui uma das primeiras a sair da sala, fui até o armário da Sam, já que marcamos de nos encontrar lá. Assim que entro no corredor, vejo Miguel conversando com a Sam.

- Pronta? - Miguel pergunta, assim que me vê.

- Acho que não - eu digo, e realmente não tinha certeza.

- Relaxa, vai dar tudo certo - Sam me tranquiliza, e eu realmente estava contando com isso.

O dojô não ficava muito perto da escola, então levamos um tempinho até chegarmos, principalmente porque passamos comprar lanche no caminho. Sam compartilhava da mesma empolgação do Miguel, ambos estavam eufóricos, e eu só conseguia pensar que eu teria que ficar cara a cara com o Falcão, coisa que antes era a melhor parte do meu dia, agora me deixava apreensiva só de pensar. Assim que descemos do carro, pude notar a presença de alguns garotos espalhados pelo local, a casa era bem típica oriental e haviam uns carros antigos na frente, era muito bonito.

- Bonito né?! - Sam diz, como se pudesse ler meus pensamentos.

- Demais! - eu afirmo.

- É que você não viu o fundo ainda - ela diz, e pega na minha mão, me levando para dentro da casa. - Vem, tem um banheiro aqui.

Ela me leva até um banheiro, não era muito grande, mas o espaço era suficiente para nós duas. Tiro as roupas que eu trouxe, da mochila, e as coloco sob a pia e começo a me trocar.

- Miguel me contou sobre você e o Falcão... - ela diz receosa, enquanto se trocava também.

- É, nós terminamos - digo, e doía demais dizer aquilo.

- O Falcão é estressado mesmo, as vezes ele só disse da boca pra fora - ela diz, e pude perceber o olhar de pena, com que ela me olhava.

- Também achei que fosse isso, até ver ele com a Moon... - digo, e a raiva estava nitidamente instalada no meu tom de voz.

- A MOON?! - diz Sam, e ela parecia tão chocada quanto eu.

- Também fiquei em choque - digo, quando estava prestes a explicar, sons de batidas na porta nos interrompe.

- O treino já vai começar - diz Miguel, do outro lado da porta.

- Já estamos indo - Sam responde, então amarro o tênis, prendemos o cabelo e saímos.

Bem que a Sam disse, o fundo da casa, era mil vezes mais bonito. O lugar, LITERALMENTE transmitia paz, era uma energia surreal de boa, era até engraçado de imaginar um lugar desses ser um dojô de karatê, sendo que é um esporte... como posso dizer, agressivo. Estava observando cada detalhe daquele lugar, até que meus olhos se deparam com os do Falcão. Ele estava olhando pra mim, mas não sabia dizer que tipo de emoção ele expressava, não era ódio, mas também não era amor. Antes que eu pudesse tentar descobrir, a voz do Sensei Lawrence interrompe meus pensamentos.

- CUMPRIMENTEM - ele berra, então nós fazemos uma saudação.

- Eu e o Sensei Lawrence, temos o mesmo objetivo de preparará-los para o torneio - diz o senhor Larusso.

- Mas temos modos diferentes de fazer isso - continua o Sensei Lawrence.

- Nós percebemos que ensinar pontos de vista opostos ao mesmo tempo, pode ser um pouco confuso. - diz o senhor Larusso.

- Então nós conversamos, e chegamos a uma solução: vamos dividir e conquistar - termina Sensei Lawrence. - Presas de Águia treinam na frente.

- E o Miyagi-Do treina aqui atrás mesmo. - senhor Larusso diz.

Um passado sem compaixãoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon