Capítulo 14 Terror Noturno

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Uma brisa fria de repente acaricia meu rosto, quando dou conta de mim, está escuro, nebuloso e vazio só existem as árvores de madeira escura e tronco grosso. Não existe ninguém, estou sozinha por aqui, como um grão perdido do quilo, ou lobo fora da matilha, é silencioso, exceto pelos gritos do vento e as folhas correndo de um lado a outro. Calmo, quase agradável...

- Alex? Te achei! - Ouvi alguém dizer, não observei seu rosto porque o garoto apenas me abraçou e eu dei de cara com seu casaco. Podia não tê-lo visto mas, reconheci seu cheiro, sua voz, foi como um leve lembrete do que eu antes fugia.

- Pensei que tinha me deixado. Você me assustou. - Ele diz, apenas sorri por ver seus olhos brilhantes novamente.

- Não posso te deixar pra trás. Você está bem? - Pergunto.

- Estar morto é diferente. Não existe estar bem ou mal. - Ele apenas sorri após dizer, mudando totalmente minha expressão. - Meu amor, o que houve? Parece que viu um fantasma. - Diz, enquanto me afastava dele.

- Você não está aqui de verdade? - Questionei, um vento forte nos enfrenta jogando meu cabelo pro meu rosto, impedindo a visão completa.

- Eu sempre estou aqui. Você não me ama mais? - Austin pergunta, seu semblante confuso e triste agora.

- Austin? Austin. Austin! - Gritei, aos quatro ventos quando recuperei a visão, ele não estava mais lá. Agora, o que era uma brisa fresca, se tornou tempestuosa e violenta, quando tentei sair do meio das árvores, tudo se transformou em um campo de plantação, era parecido com a fazenda da família dele.

- Alex, o que fez com meu menino? Te dei como minha filha e assim que agradece? Como pôde sobreviver e deixá-lo pra morrer? - Dora, mãe de Austin, grita em meio ao silêncio agora. Estou novamente diante dele, seu corpo deitado no chão, cacos de vidro perfurando sua pele, ele sente a dor, remoendo pra aguentar tal sofrimento.

- Eu não sabia da explosão, eu só queria deixá-lo feliz... - Falei, lágrimas descem dos meus olhos.

- Pode até não ser sua culpa a morte dele mas, nem sequer voltou para me contar o que havia lhe acontecido! Obtive respostas quando liguei a TV no noticiário e me disseram que você estava em quarentena. Como devo me sentir? Nem teve a coragem de me ligar ou mandar mensagem! Qualquer coisa é melhor do que descobrir que seu filho morreu pelo jornalista. - Diz ela, lágrimas solitárias no rosto. - Por quê? Por quê não ligou?

- Quando ele morreu, eu não tinha onde me apoiar, foi horrível passar por aquilo e sabia que seria muito pior pra você. Ele era a minha coragem. Desculpa... - Cai ao choro, tanto que precisei sentar ao chão e curvar minha cabeça, minha visão está embaçada, soluçava tão forte que doía meu peito, quando ouvi música, ópera. Levantei a cabeça novamente e observei as paredes de madeira, lustres da sala de jantar e meus pais, comendo o jantar.

- Filha, saía de cima da mesa, sabe que não gosto quando faz isso! - Reclama mamãe, enquanto limpa os cantos da boca com o guardanapo.

- Mamãe? Onde eu estou? - Perguntei, agora que limpei meu rosto, tive a visão clara da minha sala. Saí de cima da mesa e observei tudo em volta, quadros, o piano, as portas de até 3 metros de altura.

- Querida, por que está chorando? Não seria Austin, o motivo, não é? - Questiona papai. - Sabe que aquele rapaz nunca foi o melhor para você. Aquela pobre família está desolada neste momento enquanto você pretende ir a uma clínica e evitar o assunto mas, o luto não pode ser adiado. - Ele completa.

- É verdade. Se não tivessem se conhecido, talvez ele estivesse vivo agora. - Comenta mamãe.

- Não fala isso! O melhor dia foi quando nos conhecemos. - Falo, em nostalgia.

- E olhe no que deu! Você quase conseguiu mas, sempre estaremos certos sobre suas companhias. Austin, não era pra ser e não foi. - Apontou papai, apenas cutucando a ferida. Minha mente me levou a escuridão de novo, longe de todos exceto por alguém que sempre pode entrar mesmo sem chave...

- Alex! - Escuto Tony me chamar. Meu irmão sempre é minha salvação, ele me entende mais do que o Austin muita das vezes entendia. Seu abraço é como um urso que me envolve e é quente e agradável sempre.

- Estava com saudades. - Comentei.

- Também estou. Não pode vir para este lado da floresta sempre que o mundo real te assustar, é exatamente por isso que temos a família e mais precisamente, amigos. - Orienta.

- Mas, você me ajudava quando eu estava na clínica. - Apontei.

- Por que lá eu não podia te tirar do castelo mas, agora, você já saiu e vai ter que lidar com isso. - Ele justifica.

- Eu fui idiota de não contar pra Dora o que tinha acontecido. - Confessei.

- Você estava traumatizada demais pra agir. Não teve culpa alguma. - O mesmo acaricia minhas costas.

- Não, assim que sai do hospital, eu deveria ter ido lá e contar do Austin. Não estava traumatizada, só com medo demais. - Completo, tendo a visão do que eu fiz.

Pov. Isadora

     Depois de sairmos da clínica, nos hospedamos em um hotel, Clark de novo só conseguiu pagar três quartos, o que de qualquer forma já está de bom tamanho, ele ficou sozinho e nós quatro, nos dividimos em meninas e meninos. O que foi normal, já que não nos conhecíamos muito bem, o quarto tinha duas camas e um banheiro. A noite parecia tranquila mas, antes que eu pudesse começar a cochilar, ouvi uma inquietação de sua parte, não liguei muito já que ela poderia estar apenas tentando encontrar uma posição agradável na cama.

      Senti uma ventania se formar no quarto, achei ser da minha cabeça mas, quando fui puxar o coberto para me cobrir, percebi que não tinha nada na cama me envolvendo. Escutei outro barulho mais agudo no outro canto, quando apenas por curiosidade abri os olhos, observei o que seria os objetos do quarto flutuando, liguei as luzes e percebi que seu poder era a psicocinese.

     Só o que me faltava agora. Sabia que era poderosa mas só não imaginava isso. O semblante dela era assustado, parecia ter um pesadelo, tentei acordá-la, porém, a mesma quase me acertou a cabeça com a saboneteira. Ela chorava muito, quando finalmente cheguei perto, consegui acordá-la, em estado de total choque, agarrou meu pescoço com tanta força que quase me assustou. A radiação parecia nos envolver em um neblina total, como se quisesse acolhê-la também assim como faz quando me sinto com medo.

Pov. James

       Victor costuma roncar muito durante a noite então, eu simplesmente não durmo, quando imaginei sufocá-lo com o travesseiro para que assim fizesse silêncio, ouvi meu celular toca, aquele que não dei a Clark quando pediu. Não podia deixar Antoni sem respostas mas, logo teria que jogar fora para não sabotar a viagem.  

Antoni às 10:57 James, está tudo bem? Você não vem mais a escola?

Antoni às 15:40 Cara, sua mãe me disse que você viajou, eu sei que está com a Isadora agora. Se cuida.

Antoni às 23:38 Como vai a vida de um Xmen?   

 James às 02:48 Antoni, acho que eu não vou voltar mais.

James às 02:49 Não é mais seguro pra mim. Talvez, eu volte pra me formar. Você sempre será meu melhor amigo mas, agora a distância vai ter que ficar entre a gente.

Antoni às 02:49 Entendo, cara. Te vejo daqui a alguns anos!  

Controles da Mente - OriginalWhere stories live. Discover now