Capítulo 3 Leio Mentes

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    Um pouco mais de esforço e consegui, é consegui abrir meus olhos e notar o quarto a minha volta, desta vez sem luzes no meu rosto ou flashes. O que me agradou de certa forma até eu notar amarrar envolvendo meus pulsos, nos dois braços um de cada lado da cama.

   - É sério? Eu tento saber só mais um pouco do que vocês dizem ser verdade e o que ganho? - Falei, chamando sua atenção para mim que antes se focava no papel em sua frente pousada na mesa da vidro.

   - Se tivesse esperado e escutado o que tinha a dizer, talvez eu mesmo tivesse trago sua mãe aqui e ai? Um reencontro feliz, mas em vez disso, você me cortou e gritou comigo e agora, sabe se lá como está o seu cérebro, já que não apresenta nada nos exames...

  - Se dissesse mesmo a verdade, talvez eu não tivesse te cortado. - Gritei, levantei pouco minha cabeça, expondo minha raiva. De repente, ouvi Clark dizer ' Como pode desmaiar misteriosamente e não apresentar dano algum?''

  - Eu não sei o que aconteceu comigo... Ou o porquê de você omitir coisas, eu estou aqui, estou te ouvindo. Então, pare de ler este maldito papel e me escuta! - Forcei meus pulsos para longe das amarrar apenas para ver que estão bem presas.

  - Escuta você! Eu te mostrei a notícia, o meu crachá, até a sua prancheta no pé da cama! Garoto, você só precisa me responder algumas e eu prometo que sua mãe estará aqui do seu lado. James, você concorda? - Clark apenas começou a dizer, largando os papeis em cima da mesa e se aproximando da cama evidentemente irritado com a falta de respostas pela minha parte.

   - Encontrou minha mãe? Ok, aceito... - Clark assentiu assim que ouviu minha pergunta, logo respirou fundo e voltou a sua mesa pegando um bloco de notas e caneta, seguida voltou a mim.

    - Sente dores na cabeça?

    - Sim, mas somente na parte detrás da cabeça, pouco perto do pescoço e orelhas.

    - E a visão turva, moleza e depois desmaio? - Ele supõe.

    - Não, depois da visão turva, eu ouço vozes, da última vez foi feminina e ela gritava, e ai eu não enxergava mais nada. - Expliquei, Clark por sua vez não estava confuso ou intrigado da mesma forma que ficou quando acordei, sua expressão foi de ' Estou ligando os pontos'' até ' Oh''. Até eu escuta lo ' Preciso pedir minha aposentadoria, não está dando...''.

   - Ainda estou aqui. - Falei, tirando o de seu mundo e faze lo me olhar de uma forma assustada.

   - Han, você consegue sentir seus braços e pernas? - Questionou, logo sinalizei que ainda estou amarrado. O mesmo apenas pegou o lençol que me cobria e expôs meus pés, colocando sua mão junta com o mesmo.

   - Empurre minha mão como se estivesse pisando no acelerador de um carro. - Assim o fiz, meio decepcionado pelo fato de que ele não me soltou daqui. - Bom, até agora tudo certo. Os exames estão perfeitos, você está imunologicamente protegido, tem reflexos, reage aos medicamentos, estável se sua mãe estiver saudável igual a você, poderá ir pra casa amanhã. - Completou, dizendo tudo completamente surpreso e esperançoso.

   - Certo. Posso ver minha mãe? - Pergunto desconfiado.

   - Vou traze la aqui. - Ele diz prontamente, pegou seu tablet e ali reinaram minutos de silêncio até que se virou para mim.

  - Viu? Não precisava de toda aquela desconfiança. - Comenta, logo depois ele aponta para a porta no tom de eu avisei, quando outra médica abriu a porta e puxou a maca contendo minha mãe deitada nela para perto de mim, automaticamente quando a vi acreditei em tudo o que me haviam dito.

  - Mãe! - Chamei logo depois que Clark havia me soltado das amarras, abracei a mesma e fiquei ali por longo tempo, ainda era seu cheiro, o jeito como me envolveu nos braços, a sua respiração ofegante e logo depois a montanha de beijos por todo meu rosto, seus olhos cansados de preocupação mas com um sorriso gigante.

   - James... Pensei que não voltaria a te ver. Você está bem? - Perguntou assim que saímos do abraço.

  - Melhor agora, espera, se você está mesmo aqui. Cadê o papai? - Questionei, agora que consciente das coisas, eu gostaria de ver ele.

  - O seu pai... Querido, ele morreu, faz três meses. Desculpe. - No final da frase, sua voz parecia que tinha sumido. Nem havia percebido o quanto eu estava segurando o choro e quando ouvi suas palavras, foi um gatilho para que enfim, as lágrimas viessem.

  Horas se passaram, Clark decidiu colocar todos para fora do quarto e nos dar privacidade, até que eu consegui perguntar:

   - Como aconteceu?

    - Nós fomos transferidos de Minnesota depois da explosão, naquele momento, tudo estava danificado, aparelhos, a comida, e então seu pai decidiu e assinou a transferência. Quando chegamos, estava tudo lotado, camas, quartos... Ficamos eu e você num quarto com mais duas famílias, seu pai aparentava estar bem e se recusava a fazer exames. Viemos para cá com a ajuda de Clark, fiquei de cama 2 meses até me recuperar e você passou por diversas cirurgias complicadas, seu pai fazia tudo para que sobrevivêssemos, só tinha se esquecido de que precisaria sobreviver. Quando você completou 3 meses de coma, seu pai já não dormia, ficava noites em claro até que sofreu um, duas paradas cardíacas e teve que operar, Clark reclamou pelo fato de quê ele sentia dores no peito mas não comentava, nem comigo. Acontece que ele comeu diversas frutinhas da praia após a explosão já que estava em falta e ele não queria que passemos fome, eu não comi e falei para que ele as jogasse fora mas, era teimoso e as comeu durante 1 mês. Foi o suficiente para que o que tivesse nas frutas rasgasse as paredes do intestino dele lentamente durante 2 meses e quando foi operado, era tarde demais.

  - E quando foi o enterro?

 - Logo 2 dias depois da operação ser finalizada. - Respondeu, tentava buscar alguma expressão em meu rosto mas, eu só tinha o vazio agora. Quando parei um pouco para tentar processar tudo, ouvi Clark dizer 'Eu vou dar altas a eles, já passaram por muita coisa.''

 - Você pediu para que Clark nos desse alta? - Perguntei, fazendo a mesma franzir a testa.

  - Não, você gostaria de ir pra casa? - Indagou, ainda franzida pelo fato de não entender a mudança de assunto repentina. Antes que eu pudesse responder, Clark entrou pela porta e sem aviso, entregou papeis brancos a minha mãe que aceitou ainda me encarando com um olhar 'Você é responsável por isso?''

  - Vocês tem alta agora, pode ir para casa e tentar voltarem ao que era antes, bom, eu fiz os exames e de novo, parece que ele nunca teve nada, diferente de uma semana atrás... - Explicou Clark, cruzou seus pulsos nas costas e abriu um sorriso sem dentes para nós.

  - Parece que estão em perfeita sintonia, James. - Comentou mamãe. - Esta mesmo pronto para ir? - Perguntou a mesma, sua expressão parecia focada em descobrir algum sintoma de desconforto em mim mas, acabou que apenas assentiu quando confirmei a partida.

                                                                               *****

   - Chegamos. - Minha mãe disse depois de passar o caminho todo tentando se comunicar comigo, não me leve a mal mas, eu preciso de tempo pra processar, as férias foram um lixo, as aulas voltam amanhã e eu não quero que perguntem 'Como foi seu verão?'' e ai todos vão me olhar com pena sabendo do ocorrido que apareceu do jornal.

    - Está com fome? Podemos sair e ir ao restaurante, ou fazer pipoca e ficar aqui vendo um filme? - Sugeriu, logo após entrarmos e ela me ver subir pelas escadas, eu apenas parei.

   - Ver um filme seria bom... - Comentei.

   - Pijamas de coala? - Perguntou e eu apenas sorri por cima do ombro dando a entender que sim. Pijamas de coala era o que vestíamos na noite de natal desde meus cinco anos, chovia muito lá fora e eu não conseguia dormir, então meu pai me levava onde minha mãe sempre estava, no sofá vendo desenho e nós sentávamos juntos, minha mãe fazia pipoca e ficávamos ali até adormecer. A água quente que bate no centro da minha cabeça e escorre por todos os relevos das minhas costas parece fazer me sentir melhor com essa lembrança do meu pai.

   - Estava com saudades... - Comentei quando finalmente eu sentei no sofá ao lado dela, relaxando todo o meu corpo.

  - De mim ou da pipoca? - Perguntou ela, colocando uma porção exagerada de pipoca na boca.

  - Os dois. - Falei com humor, fazendo ela rir tanto que acabou por se engasgar e tomar a cor de uma pimenta em todo o rosto.

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