Epilogo

477 28 10
                                    

GABRIEL BARBOSA

— Puta que pariu, para de tremer Gabriel. - Gerson falou rindo ironicamente, enquanto ajeitava o nó da minha gravata.

—Seu rabo que estou tremendo. Estou tranquilo.

Ah, caralho! Uma porra que eu estava tranquilo.

Enfim chegara o dia do meu casamento. Até passamos na frente de Gerson , porque eu e Carol chegamos à conclusão de que tinha que ser antes da barriga dela aparece completamente, o que já estava começando a acontecer.
Entretanto, descartando o nervosismo, eu estava tão feliz como nunca imaginei que me sentiria no meu casamento. Era diferente do casamento de conveniência que tive com Letícia, em que só desejava que os seis meses acabassem logo para eu me ver livre da relação.

Carol me perdoou e estava me dando a joia mais preciosa que eu poderia ganhar em toda a minha vida: um filho. Naquele dia, eu iria selar nossos laços, meu compromisso não só com ela, mas com a vida que gerava dentro de seu ventre.

Nosso noivado, foi íntimo. Apenas nós dois no lago da Fazenda que representava tanto para mim. Eu a surpreendi abrindo a caixinha diante dela e a pedi em casamento ali, com o pôr do sol e toda a natureza deitada em crepúsculo como testemunha.

Ela gritou tanto quando viu o anel, tornando o lugar ainda mais marcante, pois jamais irei esquecer o surto de alegria da minha abacaxi.

Depois disso, tivemos quinze dias para arrumar tudo. E ela tomou a frente com sua experiência de fazer casamentos. Carol estava transbordando euforia em preparar a própria festa.

— Não precisa trabalhar pesado, posso contratar uma empresa. - opinei, pois estava com medo de ela se esforçar demais.

— Está com medo de eu dar um novo golpe e superfaturar as contas? - veio até mim, mordendo os lábios, exibindo uma expressão maliciosa.

— Faça isso de novo abacaxi, e adorarei te prender pelo resto da vida. - Eu a puxei pela cintura e ela me abraçou.

— Vai me prender?

— Vou. Te prender ao meu lado.

— Se todo mundo que roubasse tivesse uma proposta deliciosa dessa, o mundo seria do crime. - Ela beijou meu pescoço, meu queixo e em seguida minha boca.

A sombra de um sorriso brotou em minha expressão fechada, ao lembrar dos nossos momentos de semanas atrás. 

Olhei para Gerson, que acabava de ajeitar minha gravata. Eu estava nervoso de felicidade.

— É normal o nervosismo. - Virei quando Miguel falou. Ele estava no meu escritório também, junto com os meus três irmãos. Todos eles seriam meus padrinhos, e o casamento acontecerá aqui, na fazenda onde tudo começou.

Miguel continuou sem ter a total atenção dos meus irmãos.

— Eu estava mais nervoso ainda por ser uma garota de família tradicional. Eu fui o primeiro homem de Dhiovanna e pensava que todos iriam descobrir que tínhamos antecipado tudo.

Ele parou de falar quando notou que nos quatro o encarávamos. Daniel até deu um passo na direção dele.

— Acho que não é legal você contar esses detalhes para os irmãos da sua esposa. – Thiago disse da poltrona onde estava sentado, com um copo de whisky na mão.

— É, foi mal... - Ele achou por bem tomar uma distância segura de Daniel, o mais rebelde nós, que o olhava com fúria. Daniel não teria problema em deixar um olho roxo nele. - Eu só achei que esses assuntos eram normais em uma roda de homens.

— São normais. - Gerson se afastou de mim e foi pegar uma bebida. - Desde que a o assunto não seja a irmã dos caras.

— Bom, vou ver se estão precisando de algo. - saiu pela tangente, buscando refúgio fora do escritório, e claro, ao lado de Dhiovanna.

— Doze anos que esse cara está com a Dhio, e me pergunto como eu ainda não desci a porrada nele. – Daniel comentou e foi se acomodar na minha cadeira com os pés na mesa de trabalho. Eu estava ansioso demais para me importar com sua pose desleixada.

Eu me olhei no espelho de corpo inteiro que Tereza pediu para que trouxessem ao escritório, onde eu estava refugiado até o grande momento.

Minha roupa foi escolhida por mim mesmo, com algumas objeções de Carol. Eu não abriria mão do chapéu que era a minha marca e, usando isso como base, ela e Dhiovanna encontraram a opção perfeita. Meio-fraque de três peças, tudo preto, exceto a camisa, que era branca, e gravata cinza.

— Nunca achei que me casaria antes que todos vocês. - comentei sem olhar para eles.

— Nem espere que eu vá acabar meus dias, que já são fodidos, em uma droga de casamento. – Daniel opinou, aborrecido.

— Estou contigo. Eu lá quero problema na minha vida. — Thiago concordou

— Pra mim, a presidência vale o sacrifício. - Foi a vez de Gerson dizer e a porta se abriu, dando espaço a Dhiovanna.

— Esta pronto? - veio até mim, e com brilho nos olhos, ajeitou meu traje. - Está lindo, mano. - Ela olhou para os outros, todos os três bebendo. - Vocês. Larguem esses copos e tomem as posições lá fora. - Ninguém pareceu se importar e ela bateu palmas. - Depressa, Daniel, não temos o dia todo.

— Tá. Não bata palma para mim. -Daniel se levantou e foi o primeiro a sair, seguido de Thiago e Gerson. Dhio voltou a me olhar.

— Estou tão emocionada. Carol está linda, só esperando o momento de entrar.

— Cacete. Estou nervoso. Como o pai está?

— Bem ansioso, sorrindo de orelha a orelha.

— É bom ver nossa família tão forte e unida. Obrigada por ter ajudado a minha noiva todo esse tempo. - Eu a abracei e Dhio logo retrubuiu meu abraço. 

— Ela é a irmã que eu não tive. Você está trazendo uma pessoa fantástica para nossa família.

Eu tinha certeza disso.

Eu saí e olhei para o espetáculo arrumado. Tudo estava enfeitado, era fim de tarde e dali a pouco, milhares de luzes bem posicionadas ascenderiam, deixando tudo bem mais bonito. As pessoas já estavam sentadas em cadeiras brancas postas em fileiras ladeando a passarela. Lá na frente havia um arco floral, onde o juiz de paz esperava em uma bela mesa arrumada.

MINHA REFÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora