19º

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Mais tarde, Gabriel foi pro escritório, e fiquei sozinha com minha bolsa. Imediatamente peguei o celular, coloquei para carregar e fiquei chocada com o tanto de chamadas não atendidas. A maioria de Letícia. Minha mãe havia ligado apenas duas vezes. Apenas elas duas tinham esse número, e antes de retornar para minha mãe, toquei no número de Letícia e esperei chamar.
Ela atendeu prontamente.

— Carol! Pelo amor de Deus! Onde se meteu? Eu precisei de você, precisei desabafar.

— Menina, nem te conto. - Sentei no chão. - Gabriel me sequestrou.

— O que? - berrou do outro lado da linha. Eu dei risada do pânico dela. - Como assim, Carol?

— Bom, ele conseguiu me encontrar, me trouxe para fazenda, e agora estou aqui, sendo a amante de estimação dele. - Não que isso fosse algo ruim. Relembrei do nosso momento ainda há pouco tempo, no quarto dele, e meu corpo clamou pelo toque masculino. Eu estava completamente viciada!

Meu Deus, amiga! E agora?

— Bom, não queria que conte pra ninguém. Isso fica entre a gente, tudo bem? - Eu estava feliz por ter de volta alguém para ouvir meus lamentos.

Sim, claro.

— Vou esperar o tempo que ele estipulou para nosso acordo. Ele disse que é a forma de eu pagar o dinheiro. Estarei disponível para satisfazê-lo. Gabriel é muito ativo e viril, você já sabe disso. Acabamos de fazer sexo no quarto, e ele me deu dois orgasmos, e ontem de manhã, já tinha me dado três no celeiro. Me fez ensaboar seu corpo e nos banhamos juntos na piscina.

— Vocês dois...Se banharam na piscina? - estava chocada.

— Sim. Ele me puxou para a água e me fez nadar com ele. - Acabei rindo enquanto lembrava do momento. Eu estava mesmo louca por ele.
Eu sinto muito, amiga.

— Eu estou bem. Muito bem na verdade. Ele me trata bem, estou em um quarto ótimo e já dormimos juntos.

Como é que é? Vocês... no quarto dele? Ele te deixou dormir na cama dele?

— Sim. Não era assim com você?

Não. De jeito nenhum. Toda vez eu ia visita-lo, sempre ficava no quarto de hóspedes. Gabriel era muito distante e rabugento. Sempre.

— Estamos falando do mesmo homem? Esse que está me mantendo prisioneira, é debochado, gostoso... safado demais.

Tá, entendi. - Me interrompeu. - Não tentou fugir?

— Tentei, mas é impossível. Ele está ajudando minha família, então vou ficar por aqui mesmo, sendo amante do fazendeiro.

— A putinha dele, você quis dizer, não é? - O tom dela ficou rude inesperadamente. - Acorde, Carol! Esse homem está te usando. - Concluí que Letícia estava magoada por me ver tão passiva, sem lutar.

— Eu já sei disso, Letícia. Já sou adulta para entender que não estou em um conto de fadas. - Decidi que não queria mais falar sobre Gabriel. - Bom, me conte, o que queria desabafar comigo?

Nada... nada de mais. - Ela soprou pesadamente. - Apenas queria bater papo. Quer que eu vá te ver?

— Claro que não. Você não seria bem-vinda. Mas pode me ligar quando quiser. Estava morrendo de saudades, amiga.

Eu também, amiga. Muitas saudades.

Leticia me contou como estava sua nova vida com o ex amigo de Gabriel. Dizia estar feliz, porém, apesar de afirmar isso, não foi o que mostrou sua voz. Eu forcei para que ela contasse a verdade, mas Letícia reforçou que estava mesmo tudo bem. Quando ela desligou, eu pulei para a cama e, deitada, pensei sobre nossa conversa. Eu teria sido insensível de ter contado a ela que estou ficando com seu ex-noivo? Ela não o queria mais, então não vi problemas nisso. Todavia, minha consciência pesou por ter contado do sequestro.
A porta se abriu e ele entrou.

MINHA REFÉMWhere stories live. Discover now