Cap. 5

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Aos poucos vou despertando, o quarto está frio, está tudo escuro. A chuva caia duas vezes mais forte que mais cedo, podia se ouvir trovões pesados e relampejos de luz vindos do céu que iluminavam por milésimos o ambiente. Espero um tempo para que meus olhos se adaptem a escuridão e logo procuro o celular para ligar a lanterna. Me ponho de pé e vou em direção à porta, apenas giro a maçaneta e já me deparo com uma silhueta masculina na minha frente, dou um pulo para trás.
–Que susto, puta que pariu!
Falo com a respiração acelerada e com uma das mãos no peito esquerdo.
–Foi mal, eu ia te chamar mas fiquei refletindo se era uma boa ideia, mas na hora que deu o apagão o cabo da TV meio que faiscou, sabe... Aí achei que você devia saber e...
–O quê?
Saio correndo em direção a sala.
–Não se preocupa, eu já até tirei as tomadas de todos eletrônicos.
–Ufa, obrigada.
Vou em direção à cozinha e pego um copo d'água, ele está do outro lado do balcão. Olho a tela do celular e vejo que são 3h da manhã, foi a última coisa que vi antes do celular apagar junto com o flash.
–Caralho, a bateria.
Tudo fica escuro novamente, saio tateando pelo balcão até sentir o calor humano.
–Você tá com o celular, certo?
–Pra nossa sorte ele morreu desde mais cedo.
Ficamos em silêncio por alguns instantes, eu o chamo para ficarmos observando a chuva da janela do quarto. Sentamos à beira da janela.
–Quando será que isso volta?
–Provavelmente não vai demorar muito.
Ficamos jogando conversa fora por alguns minutos, apesar do escuro consigo ver os contornos do seu rosto, por alguns instantes pensei ter visto algumas marcas pelo seu rosto.
De repente uma ideia estúpida lampeja na minha mente.
–Você bebe?
Não sei o motivo de ter perguntado aquilo, só me veio à mente.
–Sim.—Diz com uma voz consideravelmente grossa e diferente da que ouvi segundos atrás.–Não!—Agora sua voz estava no tom familiarizado por mim.
–Sim ou não?
–Bom, eu não tenho o costume sabe.
–Nem eu, tem uma garrafa de vodka que era do meu pai, em algum lugar por aqui.—Falo enquanto saio procurando a mesma pelo quarto, vasculho as gavetas e não demora muito para achá-la.—Tá dentro?
Ele resiste por um instante, mas no mesmo momento toma a pequena garrafa da minha mão e dá um gole grande.
Arregalo os olhos enquanto ele me devolve a garrafa.
–Pega leve, também não tenho costume de beber mas se beber rápido e demais assim vai acabar desmaiado.
Dou um gole, sinto o líquido rasgando a minha garganta enquanto sinto um calafrio.
Aos poucos vamos esvaziando a garrafa sem perceber, e nem percebi quando o mundo começou a girar e tudo ficou agradável de repente. Não sei se era efeito do álcool mas quando pairo meus olhos sobre ele novamente percebo marcas no seu rosto, era só efeito do álcool, então relevei esse detalhe.
Presto atenção no fato de enquanto rimos é nossa conversa vai tomando outro rumo, ele olha para mim como se eu fosse uma presa. Como um predador pronto para agarrar sua presa a qualquer instante, sua cabeça estava levemente inclinada para o lado e suas mãos entrelaçadas.
–Por quê me olha assim?—Pergunto entre um riso frouxo, eu já estava sentindo o chão girar em baixo dos meus pés.
Ele não parecia tão queimado como eu estava.–Quer me beijar, é?
–Eu não quero, eu vou.
No mesmo instante sinto sua mão agarrar os cabelos da minha nuca com uma força considerável, enquanto sinto sua boca colada à minha e sua língua invade minha boca como se sem pedir permissão. Sinto um calor forte subindo dos pés à cabeça e vice versa. A outra mão dele vai de encontro com a minha cintura, por incrível que pareça ele me colocou em seu colo apenas com uma única mão.
Apesar de eu ter bebido, eu queria aquilo, mas só fui ter certeza depois que o álcool entrou no meu organismo, para finalmente a coragem de fazer o que me vinha à cabeça sair.
Em questão de segundos já nos encontramos ofegantes, rapidamente me livro da parte de cima do uniforme que ele estava vestindo, me deparo com seu tórax marcado, pareciam tatuagens, estranhas. Não dei muita importância, o tesão ia tomando conta de cada lapso da minha mente. O fôlego faltava mas não parávamos por um segundo.

𝕷 𝖚 𝖝 𝖚 𝖗 𝖞 Where stories live. Discover now