Vigésimo Oitavo Capítulo.

111 10 556
                                    


(Alerta: Pode conter cenas pesadas e de extrema violência explícita neste capítulo. Será marcada com um (*) no início e final da cena.)


[Capítulo 28]

1922.

Verão.

21:30pm.

Ensanguentado, mal conseguindo se manter em pé e sabendo que em breve sua visão ficará mais turva ao ponto de que poderá perder a consciência, Charles desceu daquele carro acompanhado de uns capangas, pois como dito não conseguia se manter em pé sozinho. O carro parou na frente da entrada daquele hospital, devido a hora as ruas já estavam mais desertas e não havia cidadãos perambulando por aquela parte da cidade.

Com os braços em volta dos dois capangas, foram em passos rápidos até a entrada do hospital, empurrando a porta principal com certa ferocidade. Devido aos seus ferimentos, Charles ia deixando um rastro de sangue por onde passou. Dentro do estabelecimento não demoraram para fitar a recepção mais ao longe, sem esperar mais um segundo, Charles se soltou de seus aliados e tentou correr até a moça da recepção. Com dificuldade, ele alcançou, jogou os braços sobre o balcão, com a respiração bastante ofegante e suando bastante.


– O-Onde... Onde ela está? – Indagou alterado.

– P-Perdão, senhor? – Respondeu a recepcionista, sem jeito e com medo ao ver os dois capangas do homem se aproximando dele, com feições nada amigáveis. – Como... Posso ajudá-lo? – Tentou se manter calma e não perder a postura.

– E-Ela... Cadê... Ela? – Perguntou outra vez, agora mais alterado e os olhos cerrados. – Eu n-não estou de bom humor, senhorita. – Disse com um tom intimidador, não deixando se abater pelos ferimentos. Segundos após, os capangas atrás de si apenas abriram seus paletós, revelando as armas de fogo que continham ali dentro. A moça do outro lado do balcão viu e arregalou os olhos, começando a tremer. – Não me faça... Perguntar de novo.


Sem saber o que dizer, ou como prosseguir, a tal moça não conseguiu dizer nada, sequer ter um movimento, devido a paralisia do medo. Mas logo uma mão salvadora pousou sobre seu ombro, fazendo-a relaxar. Ela olhou para o lado, vendo o doutor ali em pé, bem ao seu lado. Sentiu como se pudesse respirar tranquila outra vez, fez contato visual com ele e o homem apenas concordou com a cabeça. Ela entendeu, era sua retirada. Não querendo ficar mais um segundo ali, a recepcionista assentiu com a cabeça e correu para longe dali, deixando aqueles "visitantes" à sós com o doutor Morrison. Não é como se ela temesse por ele, todos o viam como um anjo, e como dizem, anjos não podem ser feridos.


– Não há necessidade para isso, senhor. – Disse Ethan, sério, olhando fixamente para o mafioso bem a sua frente. – Armas de fogo são proibidas dentro do hospital, peço por gentileza que seus homens esperem lá fora enquanto eu levo o senhor até ela.


Charles pensou por um segundo, tentando entender quem era aquele homem. Sabia que ela tinha seus contatos dentro do hospital, então era daquele homem bem apessoado de quem ela se referia? Depois de tantas emoções daquela noite, o mafioso decidiu não trazer mais problemas para si naquela altura do campeonato, então apenas fez um sinal com a mão direita, indicando para que aqueles seus dois aliados fossem para fora do hospital e aguardassem lá fora. Ora, Charles não era bobo. A última coisa que precisava era causar mais um tumulto dentro do hospital de Sheerground, mesmo que a polícia pudesse acobertar o seu lado não poderia contar demais com a sorte. Afinal, tal sorte já lhe custou três tiros só hoje, queria terminar vivo até ao amanhecer, nem que pra isso precisasse recuar uns passos, para posteriormente avançar o triplo deles. Era seu modo de jogar aquele jogo.

Sheerground - A Era da ProibiçãoWhere stories live. Discover now