Vigésimo Segundo Capítulo.

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[CAPÍTULO VINTE E DOIS]

1922

Verão.

– E-Evan... Eu juro, eu posso explicar! – Exclamou Melissa, se recompondo junto de Carl, enquanto virou-se para ele. – Por favor, me escute! – Após ter fechado sua blusa e arrumado seu cabelo, andou devagar até ele com as mãos na frente do corpo, com as palmas para frente, em forma de defesa.

– Você... e o chefe Carl... – Evan permaneceu imóvel, não conseguindo ter uma reação diferente. – Eu pensei que você estava... Se relacionando com o chefe Sebastian...

– Olha, é uma situação complicada, e eu posso te explicar tudo.

– E tem uma explicação para isso, Melissa?

– Deixa ao menos ela falar, cara. – Falou Carl, terminando de fechar suas calças.

– Com todo respeito – olhou na direção de Carl, sério. – mas creio que o senhor não esteja em posição de me dizer o que eu tenho que fazer agora.

– Chega, vocês dois. – A mulher abriu os braços, falando mais alto. Mas logo se aproximou mais de Evan, botando as mãos em seus ombros, olhando-o nos olhos. – Evan, por favor, me dê a chance de te explicar. Que tal irmos almoçar juntos, mais tarde? Eu prometo que te conto tudo, mas até lá... Não conte nada do que viu aqui, para ninguém. – Evan cerrou os olhos. – Algumas horas, é o que eu te peço, por favor, Evan. Pela nossa amizade! – Fez uma expressão de tristeza, querendo comovê-lo.

– Tudo bem, Melissa. Eu a conheço, então imagino que você deva ter uma boa explicação para isso. – Suspirou. – Nos vemos na nossa hora do almoço então. Estarei te esperando na porta da delegacia. – Melissa apenas concordou com a cabeça e sorriu. Ele então girou os calcanhares, para sair dali, após pegar os papeis que deixou cair no chão quando entrou na sala. Abriu a porta da sala, mas antes de sair. – Ao menos tranquem a porta da próxima vez. – E saiu daquele cômodo.

– Você viu a cara dele? Pareceu que nunca viu duas pessoas se pegando, coitado. – Zombou Carl, enquanto Melissa trancou a porta.

– VOCÊ É RETARDADO, CARALHO? – Aos berros, ela virou-se de costas e em passos rápidos foi até ele. – Como que você esquece de trancar a porta?

– Esquecendo, ué. E não jogue a culpa só para mim, pois você também nem se lembrou disso na hora, ficou preocupada em dar uns amassos logo no seu macho. – Riu, sentando-se outra vez na mesa de Sebastian, apoiando-se com as mãos.

– Isso é sério, Carl! Agora que o Evan sabe de nós, corremos o risco de... Estragar tudo. E falta pouco, mas tão pouco para conseguirmos o que queremos. É questão de alguns meses até que aquele preto velho não consiga mais andar, e conhecendo-o, irá se aposentar alegando invalidez. Estamos tão perto, para perdemos agora, merda!

– Não entendo porque está tão preocupada. É só o Evan. Você já levou gente mais inteligente na sua persuasão, com o Evan vai ser moleza. Até porque, convenhamos que ele não é conhecido por sua tamanha inteligência, não é?

– Não sei se é uma boa ideia subestimá-lo assim. Ele já me surpreendeu, muitas vezes. Eu fico pensando, se ele não acreditar no que eu disser... – Desviou o olhar.

– Nos livramos dele, ué. Do mesmo jeito que já nos livramos de outros. Qual seria a diferença? – Ao terminar de perguntar, Carl reparou uma reação estranha de Melissa. Ele então cruzou os braços, rindo baixo. – Ah não ser que... Não me diga que você gosta daquele carinha? Eu pensava que era só atuação. Me enganei?

Sheerground - A Era da ProibiçãoWhere stories live. Discover now