Décimo Oitavo Capítulo.

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[CAPÍTULO DEZOITO]

1922.

Verão.

10:00am.

M-Meu Deus... O que é isso? – Indagou Evan, abrindo os olhos devagar devido as fortes batidas na porta de sua casa. Logo de início já sentiu sua cabeça doer, por conta da ressaca do dia anterior. – D-Droga, eu não deveria ter bebido daquele jeito...


Passou a mão em seu rosto, forçando-o a acordar de vez. Logo percebeu os papeis abaixo de seu rosto um tanto molhado por causa da saliva que escorreu de sua boca durante seu sono pesado. Assim que reparou trincou os dentes, se arrependendo de novo das atitudes da noite passada. Mas não teve muito tempo para ficar pensando demais pois as fortes batidas em sua casa continuaram. Parecia realmente que estavam esmurrando a porta, como se fosse a maior emergência da terra.


– Calma, já vai! – Exclamou, indo até a porta daquele jeito mesmo. – Caramba, pra que essa pressa toda? – Sussurrou para si, enquanto ia passando a mão pela sua roupa, tentando deixá-la menos pior e mais apresentável. Logo, chegou na entrada da casa e abriu a maçaneta da porta. Ao fazer isso se deparou com Melissa em prantos.

– E-Evan... – Disse com dificuldade, devido ao choro incessável. – O Ryan...


Não foi necessário ela dizer mais uma palavra para que Evan arregalasse os olhos, os quais iam se enchendo d'água. Enquanto seu corpo... Travou, não conseguia ter qualquer reação. Ele entendeu o recado dado de Melissa. Naquele momento nenhum diálogo se fez necessário entre eles, deixaram o silêncio reinar enquanto a mulher de madeixas escuras apenas se jogou nos braços do mais alto. Melissa o abraçou fortemente, apoiando a cabeça sobre o peito dele, molhando-o com suas lágrimas. Porém Evan... Não conseguia retribuir aquele abraço. Continuou com seu olhar perdido no horizonte a sua frente, com o corpo ainda imóvel.

Era como se não conseguisse acreditar naquilo. Ryan, seu amigo? Não, seu melhor amigo? Tantas coisas passaram-se pela sua cabeça, ele não conseguia entender. Definitivamente, não fazia o menor sentido. Aquilo era um pesadelo, o qual queria muito acordar. Não podia ser real. Não poderia ter perdido mais um amigo, depois de Nathan. Aquilo seria muito para a sua cabeça, para o seu coração, não iria saber como reagir. Há de ter algum engano. Melissa deve ter se confundido, óbvio.


– O-Oi... – Disse uma outra mulher se aproximando da entrada daquela casa, com os braços na frente do corpo, um tanto tímida.

– Senhorita.. L-Luna? – Logo o policial voltou a si, trazendo sua atenção a mulher de madeixas vermelhas um pouco atrás de Melissa. – O que você est-...

– Eu a chamei, Evan. – Melissa o interrompeu, cessando aquele abraço, enquanto enxugou seus olhos com as costas das mãos.

– Mas, por que...?

– Eu não quero que você fique sozinho até a hora da missa para o Ryan. – Assim que Evan ouviu aquilo seu corpo tremeu, então era verdade... Ryan havia...? – Eu sei, amigo, você deve estar muito confuso e com muitas perguntas. Mas, não temos muito tempo, a família do Ryan me pediu ajuda para tomar a frente da situação, pois eles não estão em condição de fazer isso.

– Sim, mas...

– Eu passei toda a situação para ela. – Olhou para Luna atrás de si. – E tenho certeza de que ela vai conseguir te acalmar, te acolher, muito melhor do que eu seria capaz. – Abriu um pequeno sorriso. Mas voltou a olhar para o seu amigo a sua frente. – Eu só não posso te deixar sozinho durante as próximas horas, Evan. Eu não iria ficar tranquila, você sabe como eu sou. Eu espero que você não fique chateado c-...

Sheerground - A Era da ProibiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora