Trevo de Quatro Folhas

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— Seus pais não vão falar no nosso casamento. — Alice disse.

Frank riu e negou com a cabeça.

— Minha mãe não faz parte dessas pessoas, ela é ótima, até falei de você pra ela.

— Mesmo? — Alice perguntou, suas bochechas ganhando um tom rubro.

Sirius, se virando para James, fez um sinal de como se fosse vomitar. James riu e deu de ombros.

Peter deu um tapinha no braço de Sirius, o tirando de si.

Lily limpou a garganta.

— Se você é sangue puro, porque sua família não está nos sagrados vinte e oito?

— Porque Potter é um sobrenome trouxa, então eles só assumiram que na nossa linhagem tem algum trouxa. — Ele deu de ombros.

— Esse é o problema, Prongs, se você não está nos sagrado vinte e oito, e nem é um comensal, você pode ser atacado. — Sirius adicionou.

James deu de ombros.

— Desculpe aí, Black.

— Você sabe que eu estou vulnerável, agora.

Marlene arqueou a sobrancelha.

— Como assim?

A porta do vagão se abriu. Ali, no corredor, dois robes verdes o esperavam.

Sirius suspirou alto. Ali, Regulus Black e Bartô Crouch Junior os encaravam. O vagão ficou em silêncio.

— Vaza daqui, Regulus.

O Black mais novo enfiou as mãos nos bolsos do robe e ergueu seu queixo.

— Por que você não responde sua amiga? Por que você pode ser atacado agora, Sirius? — Crouch perguntou, com um sorriso que desconsertava Sirius.

— Ninguém te chamou na conversa, Crouch.

— Com medo de responder?

Sirius se levantou e James se levantou logo após, ficando atrás de Sirius e enfiando a moeda que estava em sua mão, em seu bolso.

Regulus, até então quieto, colocou seu braço na frente do tronco de Crouch, o barrando.

—  Eu preciso conversar com você, Sirius.

—  Tudo que você tem a dizer pra mim você pode falar na frente dos meus amigos.

Regulus suspirou, sabendo que seria assim que Sirius agiria.

— Bem, se insiste — O Black mais novo tirou a mão da frente de Crouch. — Nossa mãe queimou seu rosto da tapeçaria, você não é mais o herdeiro dos Black, eu sou. Ela disse que mais nenhum galeão de nossa família será gasto em você, e se você quiser finalizar seus estudos, você terá de se virar. Eu ainda tenho mais para dizer, você realmente quer ter essa conversa na frente dos seus amigos?

Remus não conseguiu ver a cara de Sirius, mas ele saiu do vagão e fechou a porta atrás de si. James entendeu e não foi atrás. Marlene estava com a mão na frente da boca.

— Ele foi deserdado?!

James suspirou e assentiu com a cabeça.

— Como ele vai continuar em Hogwarts? Como isso aconteceu? Ele tá bem? — Ela estava quase aos prantos.

O garoto pousou sua mão no ombro dela.

— Não se preocupe, ele não vai embora de Hogwarts, eu vou cuidar disso.

Ela assentiu, com os olhos cheios de lágrimas. O vagão todo estava num leve estado de choque.

Fora dele, a tensão crescia.

—  Você não precisava ter dito tudo aquilo na frente deles!

— Eu lhe avisei, você não me ouviu, como de costume. —  Regulus passou a mão por seu cabelo preto como carvão.— Podemos ser civis agora?

Sirius não recuou.

—  Eu ainda ia contar pra eles e não era um direito seu!

Regulus apertou o osso de seu nariz, tentando não se estressar com seu irmão.

—  Então você deveria ter pensado melhor na sua resposta, você teve a sorte de eu ter perguntado, e a desperdiçou, podemos pular para a parte em que você para de dar um chilique?

Sirius deu um passo na direção de Regulus e Crouch se colocou no meio dos dois, deixando um aviso claro. Quando Sirius não se mexeu novamente, Crouch voltou a sua posição original. Como o silêncio se estendeu, Regulus voltou a falar.

—  Ótimo. Eu posso retirar dinheiro da minha conta e lhe entregar para você continuar seus estudos e viver confortavelmente e-

—  Eu não preciso do seu dinheiro. —  Sirius o cortou.

—  Você sabe que dinheiro não é um problema, e a mãe não se importa com o quanto eu gasto, ela nem vai notar, eu posso te ajudar.

—  Eu não preciso da ajuda de um comensal.

Regulus franziu o cenho.

— Você está sendo irresponsável e imaturo.

— Me mostre seu braço esquerdo, Regulus.

— Pare.

— Me mostre! Agora está com vergonha da sua nova tatuagem?

— Fale baixo, Sirius.

Então Sirius partiu para cima de Regulus, puxando a manga do robe verde para cima e quase o derrubando no chão. Regulus sentiu sua respiração descompansar e um tremor em seu peito. Ele deu um tapa no rosto de Sirius ao mesmo tempo que Crouch puxava o grifinório para trás.

Sirius xingou e cuspiu no chão aos pés de Regulus, sentindo seu peito afundar com a visão da marca negra no braço de seu irmão. Quando ele subiu seu olhar para os olhos de Regulus, as duas esferas negras que encontraram a visão de Sirius estavam cheias de lágrimas.

Regulus puxou a manga de suas vestes para baixo e ergueu seu rosto.

— Bartô. —  Ele chamou e o amigo soltou o outro Black. Quando ambos saíram, Sirius se deixou relaxar. Seu rosto ardia.

Sirius estava tentando fingir que nada havia acontecido. Peter estava feliz em seguir desse jeito, a tensão no vagão não o agradava

Dorcas estava contando sobre sua viagem em família pela Europa.

Marlene estava agarrada a Sirius, dizendo que estava com frio. Sirius não reclamou.

— Oh?—  Ela disse, enquanto passava sua mão pelo braço de Sirius, sentindo algo diferente.

Ele sorriu largo.

— É verdade! Eu esqueci  — Ele se afastou um pouco da garota e levantou a manga de sua camisa —  Eu fiz uma tatuagem nova.

Remus se inclinou para ver. Ali, no topo do braço de Sirius, a tatuagem no processo de cicatrização fez o coração de Remus pular.
A tatuagem era composta por quatro patas, uma de cachorro, uma de lobo, uma de cervo e uma de rato. As quatro estavam posicionadas cada uma como uma pétala num trevo de quatro folhas.

Lily estava de cenho franzido, pensativa. Marlene admirou a tatuagem e pousou sua mão no braço de Sirius, longe da tatuagem.

— O que significa?

Ele sorriu, olhando para cada um dos marotos antes de responder.

—  Só me sinto o cara mais sortudo do mundo.

ConstelaçõesWhere stories live. Discover now