05 de Julho de 2016

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Observei Natasha desaparecer da minha vista igual Sam e segurei no braço de Wanda antes que ela saísse dali.

— Foi minha culpa... Eu não devia ter dito pra ele usar o cartão, não devia.

— Não foi sua culpa. Senta aqui. — girei a cadeira de Natasha pra ficar de frente com a minha e coloquei o quinjet no piloto automático — A gente devia ter avisado vocês que não era bom usar.

— A gente devia ter perguntado primeiro, Steve.

— Deviam, mas não aconteceu assim, não é? Eu e Natasha também devíamos ter falado com vocês, mas também não aconteceu e está tudo bem. Foi inesperado e gerou traumas em cada um de nós, mas... Agora nós não podemos fazer nada sobre isso. Eu sei que você está se culpando, eu também estou, mas infelizmente a gente não nasce sabendo. Vai doer agora, eu sei, mas vai servir de aprendizado.

— Você superou Dhaka? — ela perguntou com a voz embargada.

— Só é ruim quando me lembro dela. — ri sem vontade, a capital de Bangladesh estava no topo de um dos meus piores assuntos — Mas eu fiz o que pude, Wanda. O que não pude também e o que não devia e não adianta me lamentar pelo que aconteceu ou pelo que eu fiz ou deixei de fazer. O que pude fazer foi o meu melhor e nesse caso, o meu melhor foi recomeçar. Não é que não dói, eu só aprendi com tudo aquilo. — esperava que Wanda absorvesse as palavras de Peggy, assim como eu tentava todos os dias.

— Eu não sei se vou superar isso... Acho que vou lembrar pra sempre.

— Você não vai esquecer, Wanda. Vai aprender a conviver com isso. — encostei na cadeira, relaxando os músculos das costas. Ainda sofria da pancada do dia anterior. — Você e Natasha são as garotas mais fortes do mundo. Superam qualquer coisa. — pisquei — Agora vou pegar aquele cereal que você ama pra gente comer, essa conversa me deu fome.

Vi um sorrisinho nascer nos lábios dela e me levantei, indo em direção a pseudo cozinha do quinjet.

Não vi Natasha e nem Sam, mas achei melhor assim. Não queria atrapalha-los.

Quando sentei na cadeira de novo, com as tigelas já cheias dos grãos de milho e de leite, pedi que Wanda me dissesse o que tinha feito no fim de semana, pra distraí-la. O melhor de tudo, é que ela contou cada parte empolgada, como se não tivesse chorado minutos atrás.

— Foi bom, sério. Nós fomos no cinema. Sabe quanto tempo tinha que eu não ia em um? Eu não tenho a menor ideia! Eu chorei no primeiro filme, chamava Como eu era Antes de você. O segundo era um de ação, mas com uns efeitos especiais desanimadores e o último foi tão ruim que eu não lembro nem o nome nem sobre o que falava. — fez uma careta — No outro dia nós fomos no parque de diversões e foi incrível! Uma pena que no meio do caminho Sam conheceu uma mulher lá, nem sei o que deu. Aí eu peguei todas as fichas dele e gastei no carrinho de bate bate. Foi uma ideia estúpida na hora... Mas foi legal bater nos outros sem estar machucando eles de verdade. Sem se sentir uma ameaça.

— Eu teria feito o mesmo que você. Quando eu fui com Natasha, ela só queria saber de me dar um urso enorme e ficamos só nisso.

Wanda sorriu e continuou me contanto o que tinha feito, até a voz robotizada soar no painel.

— Área de pouso se aproximando. Sugerido que assuma o volante e retire do piloto automático.

Colocamos os fones de novo e eu avisei pelo microfone que iríamos pousar, mas os dois não apareceram. Pelo menos tinham bancos e cintos espalhados por aí.

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