Diário De Uma Paixão

28 de Maio de 2016

“Hoje faziam três semanas que estávamos na Rússia.

Os jornais e noticiários continuavam ávidos por qualquer notícia sobre o nosso paradeiro, mas eles não faziam ideia da onde estávamos. O resgate perfeitamente concluído na balsa há três semanas ainda era tratado como prioridade e todos tentavam entender de fato o que tinha acontecido.

Eu não gostava muito de ficar vendo essas notícias e evitava que os outros vissem também. O resgate aconteceu, estamos bem e seguros. É o que importa, ao menos pra nós.

Wanda estava melhor, não como era, mas definitivamente melhor do que quando a vi desacordada. Comia pouco, mal dormia, mas melhorava conforme o tempo, porque estávamos juntos e eu particularmente ficava o tempo inteiro dando olhadas de soslaio ou indo e vindo no corredor do quarto que ela dividia com a Nat.

No mais, todos estavam melhores do que antes.

Não tínhamos ideia do que faríamos nas próximas semanas e nem quanto tempo esse acordo estaria em vigor, mas eu sabia que Clint e Scott não aguentariam por muito tempo.

— Esse lance de família... mexe com a gente, sabe? Se fosse só eu, só por mim mesmo, não hesitaria em entrar nessa vida de fugitivo. Os meninos adoram passar uma temporada na casa da tia, mas eles sabem onde é a casa deles. A Laura entende, mas também nunca foi a vida dela. Eu não posso colocá-los na vida do antigo Clint. Você entende, não é?

Óbvio que eu entendia e estudava o máximo possível chances de levá-los em segurança a uma vida que fosse parecida com a que eles tinham antes. Infelizmente, tudo ainda era muito recente e eu não tinha ideia de como faria.

— Trouxe café. — Nat chegou com duas xícaras, num quarto que ela improvisou. Ela disse que quando não conseguia dormir, vinha pra cá, pensar e provavelmente dançar, já que vi as barras e os espelhos nas caixas.

— Ainda acordada? — peguei minha xícara e a convidei pra entrar.

— Dormir não é exatamente minha atividade favorita.

— Parece que nem a minha. — suspirei, cansado. Não fisicamente, mas emocionalmente eu estava no mínimo destruído.

— Está fazendo o que? — sentou no chão e olhou os milhares de papéis que antes eu analisava — Lovaina? Santiago? Kiev? Quê isso?

— Alguns lugares que estão perto de desistir ou abdicar do acordo.

— Em três semanas?

— Não. Não estão perto a ponto de realmente acontecer, mas então mais que...

— Os Estados Unidos. — entendeu rapidamente — Entendi sua lógica. Clint e Scott?

— É. Talvez pra Wanda, Sam. Você.

— Por que eu?

— Não sei, talvez você queira deixar a vida de vingadora e seguir seu rumo.

— Não é que eu queira, mas nós não somos mais os Vingadores, somos fugitivos e se eu quisesse me isolar, já teria um lugar em mente.

— E você já tem?

— É como eu disse, se eu quisesse, já teria. - largou a caneca no chão e levantou.

— Por que não quer? Por que já está aqui na Rússia?

— Você é tão ingênuo. — sorriu olhando pro meu pescoço — Não preciso procurar um lugar pra me esconder ou alguma coisa do tipo.