29 de Maio de 2016

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O clima na sala ficou ainda mais pesado depois que Natasha saiu dela rapidamente. 

Eu vi Yelena se mover pra subir as escadas e provavelmente ir atrás dela, mas eu fui mais rápido, fazendo-a desistir. 

Dei três leves toques na porta de madeira, agradecido por ter uma desculpa pra ter saído da sala, mas me deparei em outro conflito interno: o que eu diria? Em que seria útil pra Natasha agora? Eu mal sabia o que estava acontecendo. 

Wanda abriu a porta num sorriso amarelo e escorou, me impedindo de ver o que estava dentro do quarto. Parecia que não estava dormindo quando a ruiva entrou, mas ainda estava com cara de sono.

— A Nat...

 — Está no banho e disse que precisa de um tempo sozinha. 

— Sim, claro, ela...

 — Steve, não insista. Ela precisa de um tempo sozinha, ok? — me cortou antes que eu conseguisse dizer alguma coisa e logo fechou a porta, me deixando ali, sozinho, no meio do corredor. 

Esperei mais um pouco e constatei que não tinha barulho de água correndo ou qualquer coisa do tipo. Suspirei. Ficava feliz pela relação das duas estar se desenvolvendo a ponto de uma encobertar a outra, mas não posso dizer que gostava quando era usado contra mim. Muito pelo contrário, eu odiava. 

Mas, mesmo me contorcendo pra entrar lá e saber o que tinha acontecido, eu não iria. Não tinha ideia do que estava acontecendo e queria muito entender, mas se ela precisava de tempo e principalmente de espaço, e eu jamais negaria isso a ela.

Passei a mão no cabelo, sacudindo a cabeça. Dei meia volta e segui em direção ao quartinho pequeno que estava com Natasha antes de tudo.

Me abaixei pra pegar os papéis espalhados no chão enquanto tentava não pensar. Não era uma tarefa muito fácil e a presença de Natasha conseguia bloquear a maior parte dos meus pensamentos desagradáveis e agora que ela não estava ali, era um passe livre pra eles voltarem sem restrições.

— Eu sei como se sente.  — uma voz me assustou, primeiro porque eu pensei que estivesse sozinho, segundo que eu não conhecia e ao menos reconhecia aquela voz e terceiro que eu não entendi o sentido da frase — Mentira, não sei, nunca precisei disso. — a mulher que pelo que eu me lembrava se chamava Melina, completou. Sua voz tinha um leve tom de deboche, mas eu decidi ignorar.

 — Me desculpe, acho que não fomos apresentados direito... — me levantei enxugando as mãos na calça — Eu sou Steve Ro...

— Poupe sua saliva, eu sei quem você é. — revirou os olhos e eu puxei minha mão envergonhado. Ela deu de ombros e continuou num tom mais leve. — Eu sei que às vezes a Natasha pode parecer uma pessoa complicada... Ela é mesmo. Ela consegue ser mais que complicada na maior parte do tempo, eu sei, mas não a pressione. Natasha tem um passado bastante complicado, ela precisa que você entenda que vão ter dias que ela vai desaparecer que vai querer um tempo pra si e...

— Eu sei. — interrompi calmo — Pode não parecer, mas eu compreendo a Natasha. Somos bem parecidos em muitos pontos, carregamos muita carga do passado. Eu não a pressiono e nem pretendo...

— Não pretenda mesmo.  Ela não é daquelas que precisa ser salva. — finalizou me dando um olhar ameaçador e saiu, me deixando sozinho com meus pensamentos.

Levantei ambas as sobrancelhas, sem entender — de novo, já tá cansando — absolutamente nada do que tinha acabado de acontecer. 

Diário De Uma PaixãoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora