Count On Me (Mewgulf)

26

Como a grande maioria votou pra ter a visão da Cassie na treta, aqui vamos nós, peguem as pipocas que o negócio vai ser tenso irruuu
Quem não tiver interesse no barraco pode pular esse capítulo, no próximo voltamos a narração dos Mewgulf.
Votem e comentem bastante 💜

Cassie Pov

Eu não queria falar com ela, eu não queria olhar pra cara dela, nem muito menos receber o seu olhar de culpa como se ela se importasse. Eu estou brava, mais do que isso, estou magoada e muito puta.

Depois que Mew foi embora, eu continuei parada no mesmo lugar, olhando pra esquina que o carro virou como se algo muito importante pudesse acontecer ali a qualquer instante, mas a verdade é que eu estava adiando a conversa que eu teria com Jom, pelo simples fato de saber que no estado que eu estou, não vou controlar minha língua.

Sai do meu transe quando ouvi sua voz chamar meu nome, meu corpo no mesmo instante tensionou, porque ouvir sua voz naquele instante só me dava raiva. Foi quando ouvi seus passos se aproximarem que resolvi reagir, andando a passos largos e brutos em direção a porta da minha casa.

- Cassie... A gente pode conversar, por favor? - Perguntou receosa enquanto eu pegava as chaves do bolso abrindo a porta da frente.

- Lá dentro, eu não quero ser o showzinho dos vizinhos essa noite - Nem mesmo a deixei responder e entrei no cômodo deixando a porta aberta, mas com uma vontade gigante de bater com ela na cara da mulher que me seguia.

Joguei minha bolsa de qualquer jeito no sofá e fui direto pra cozinha, pegando uma bebida qualquer e despejando no meu copo, sentindo seu olhar queimar as minhas costas.

- Não queria conversar? Porque não está falando ainda? - Perguntei num tom um tanto grosseiro.

- Se for pra agir dessa maneira me avise e eu vou embora - Respondeu no mesmo tom.

Soltei uma risada sarcástica, virando meu copo com tudo e logo enchendo outra vez.

- Vamos ver se eu entendi, nós marcamos um encontro, eu fico de trouxa durante 2 horas na porta de um cinema, você me dá um bolo, aparece horas depois na porta da minha casa e espera ser recebida com flores?

- Não quero flores Cassie, eu só acho que somos duas mulheres adultas que podem discutir um problema como tal - Respirou fundo se sentando em um dos bancos da cozinha - Eu sei o que eu fiz, e eu não tiro sua razão em ter raiva, eu também teria no seu lugar.

- Você jamais estaria no meu lugar Jom, eu nunca faria algo assim com você - Respondi seca sabendo que essa afirmação a atingiria.

- Cassie eu poderia simplesmente aceitar a minha culpa, continuar na minha casa fingindo que nada aconteceu, mas eu vim aqui porque eu tô muito arrependida e quero de coração me desculpar. Você não tem obrigação alguma de aceitar minhas desculpas, muito menos de me tratar bem, mas eu só peço que por favor me escute.

- Sou toda ouvidos.

- Eu senti medo, ta legal? Eu nunca em toda minha vida senti nada por mulheres, nunca as vi com olhos de desejo ou pensei em ter alguma coisa, em toda a minha vida eu tive a certeza da minha sexualidade. Aí do nada você apareceu, a amiga do meu irmão que dava em cima de mim, eu achava ser brincadeira, que uma hora você iria parar... Só que não parou, e eu vi que você não estava brincando.

- Nunca foi brincadeira.

- Agora eu sei, mas eu de verdade não sabia, e eu achava que se eu não te respondesse, ou se te tratasse com grosseria você desistiria de mim, eu não podia te corresponder sendo hetero Cassie... Mas aí você me beijou, aquele dia no bar... E foi tão confuso porque eu gostei tanto daquilo, eu achei que não sentiria nada mas...

- Mas...?

- Eu não sei Cassie, eu só sei que isso se manteve na minha cabeça todos os dias, a sensação do beijo, e o desejo de que ele se repetisse várias e várias vezes... Consegue imaginar como minha cabeça embaralhou? Eu fiquei tão perdida, confusa e com medo do que poderia surgir de tudo isso.

- E aí você fugiu - Acusei.

- Sim, eu fui covarde e uma puta cuzona, eu me arrumei pra te encontrar, eu juro que estava tudo pronto pra sair de casa e enfrentar um encontro com você... - Jogou os cabelos pra trás com os dedos num ato nervoso - Mas eu travei, eu não consegui, e me doeu tanto pensar no quanto eu estava sendo babaca com você, imaginar que você estava me esperando e eu estava em casa em pânico por medo de me permitir sentir coisas que eu nunca senti antes.

Virei mais um copo me jogando na outra ponta do sofá, ficando longe de Jom.

- Eu fui até o cinema, mas você já não estava mais lá, e eu não te culpo. Quando me dei conta do que fiz eu vim correndo pra cá, eu não conseguiria dormir sem conversar com você antes, sem me explicar e deixar que soubesse que eu não fiz por mal. Eu... Me desculpa Cassie, me desculpa mesmo.

- No momento eu não sei se posso te desculpar, estou magoada e um tanto bêbada, mas eu entendo Jom, também já passei pela fase das descobertas, e também fui babaca com alguém no passado por medo. Eu consigo imaginar o que você sentiu, mas isso ainda não justifica a sua falta de consideração comigo. Eu só precisava de uma mensagem ou ligação, apenas isso, e não veio. Foi bastante humilhante ficar em pé duas horas com as pessoas me olhando e percebendo que eu esperava por alguém que não viria - Suspirei fundo tentando conter o choro, eu não iria chorar na frente dela - Mas eu confesso que a maior parte da minha raiva nem é de você, mas de sim de mim.

- De você? Porque? - Perguntou com o cenho franzido em pura confusão.

- Porque eu coloquei expectativas em algo que não iria acontecer, ainda que você fosse ao encontro, não seria como eu imaginei, porque você não gosta de mim do jeito que eu gosto de você Jom, e você não tem culpa alguma em não me corresponder, eu só-

- Eu gosto - Me interrompeu, me fazendo arregalar os olhos assustada, meu coração descompassou como se desse uma cambalhota no meu peito.

- Que? - Minha voz saiu uns tons acima do que o normal, demostrando meu nervosismo.

- Eu disse que eu gosto, isso é muito novo pra mim, e talvez você nem acredite, mas não é normal pensar tanto em alguém assim Cassie.

Eu vou vomitar de nervoso.

- Quer dizer que-

- Que eu quero tentar, se você me perdoar e me dar uma nova chance, eu gostaria de tentar mais uma vez, sair com você - Ela disse tudo aquilo olhando nos meus olhos, sem nem mesmo piscar.

Se arrependimento matasse eu estaria estirada no chão, porque eu estou a muito pouco de vomitar tudo que bebi de tanta ansiedade.

- Isso não é por pena né? Seja sincera... - Perguntei insegura.

- Me conhece o bastante pra saber que eu nunca faria isso.

- E-eu... Eu...

- Tome seu tempo, pense nisso com carinho, e quando estiver pronta pra me perdoar, e se assim quiser, me dar uma nova chance, eu vou estar esperando a sua ligação, ok?

- Eu posso fazer isso agora mesmo - Respondi rapidamente mal deixando que ela terminasse de falar.

- Não, sem atitudes impulsivas, e sem bebida na mente - Riu baixinho, se levantando em seguida sem parar de me encarar - Eu vou te deixar pensar - Se aproximou deixando um beijo na minha testa - Por favor se cuida, e saiba que eu estou esperando sua resposta - então ela simplesmente se foi, me deixando perplexa no sofá.

Eu devo estar muito bêbada. É, é isso.