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MEW POV

Depois do que apelidamos de "incidente do porra" um silêncio se formou até chegarmos em casa, a real é que nenhum de nós sabia como consertar a merda que a gente fez.

Pode não parecer ser nada demais uma criança repetindo um palavrão, mas quando se trata da nossa criança... Ai a situação não fica tão engraçada. Porque pensem comigo, estão procurando qualquer mero deslize pra tira-la de nós, aí imagine o advogado do cão vendo a Hani gritando "porra" por aí? Pois é, que merda.

Gulf carregava a menina que estava completamente apagada em seu colo, enquanto eu abria a porta trazendo nossas coisas para dentro de casa. Caminhei até o sofá sem acender as luzes, e pude sentir minha alma sair do corpo ao sentir uma mão empurrar minhas costas.

Dei um pulo tão alto que poderia facilmente alcançar o teto, além de soltar um gritinho um tanto fino e histérico, correndo para acender a luz. Minha primeira reação ao enxergar a cara do desgraçado que quase me infartou, foi acerta-lo sem dó alguma com uma almofada.

- TA QUERENDO ME MATAR DEMÔNIO? - Gritei sem parar de acerta-lo, enquanto o outro se debatia tentando fugir do meu ataque.

- VOCÊ SE JOGA NA MINHA CARA E QUEM TA TENTANDO TE MATAR SOU EU? - Pergunta Mild indignado, tomando mais uma "almofadada" na cara.

Gulf que até então estava alheio ao que acontecia na sala, desceu as escadas quase correndo, com o cenho totalmente franzido ao ver seu primo sendo atacado.

- Mild? Ta fazendo o que aqui? - Perguntou tomando nossa atenção para si.

- Nossa uma recepção melhor que a outra! - Revirei meus olhos, voltando a sentar dessa vez sobre o sofá - Eu tenho a chave esqueceu? Você me deu e disse que eu podia vir quando quisesse! - Disse cruzando os braços.
- Ah é... Aliás pode me devolver já - Falou dando de ombros, me fazendo soltar uma risada, por ver Mild abismado com a sua fala.

- Agora é assim né? Quando não tinha o bonitão aí era Mild pra cá, Mild pra lá, agora tu me chuta né? Ingrato de merda! - Resmungou.

- Fala pigmeu, o que você quer? - Perguntei fazendo o mais baixo revirar os olhos.

- Nada, eu só tava com preguiça de fazer comida, então vim assaltar a geladeira de vocês, e agora fiquei com preguiça de ir embora, então vou dormir aqui, e espero não ter mais uma bunda acertada na minha cara, obrigado - Puxou as cobertas voltando a deitar no sofá, ficando de costas pra nós dois.

- Abusado.

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Já era bem tarde quando me levantei para beber água, desci as escadas tentando não fazer nenhum barulho, me surpreendendo ao ver a luz da cozinha acesa, e um Gulf bastante focado em mexer a panela com chocolate.

- Parece que alguém perdeu o sono - O menino deu um pulo de susto, e eu não resisti em deixar uma gargalhada contida escapar, antes de abraça-lo por trás - Desculpa, não era pra te assustar, juro!

- Idiota, quase me mata! - Riu baixinho, jogando seu corpo contra o meu, mas sem parar de mover a colher de pau.

- Chocolate quente? - Perguntei animado.

- Sim, não consigo dormir, e isso me ajuda quase sempre - Deu de ombros.

Deixei que meu rosto descansasse sobre seu ombro, cheirando seu pescoço discretamente (eu amo o cheirinho dele, não me julguem), apertando seu corpo contra o meu.

- O que aconteceu?

- Eu não sei... Eu só... Ainda não digeri tudo isso - Suspirou baixinho desligando o fogo - Eu sinto demais a falta deles, muito mesmo Mew, e eu me sinto péssimo por estar vivendo normalmente, quando eu devia estar na cama chorando, eu só... Aish.

- Vem cá.

Me sentei em uma cadeira da mesa de jantar, o trazendo comigo devagar e o colocando sobre meu colo.

- Cada um tem a sua maneira de lidar com o luto, o seu foi seguindo em frente e fazendo o que tinha que fazer. Eu realmente acredito que a Grace e o Charlie estejam felizes em ver que você está sendo tão forte pela filha deles - Levei minha mão até seu rosto limpando uma lágrima solitária - Eu não te julgo por não sofrer pelos cantos, mas sim admiro todo o esforço que você faz todos os dias pra dar uma vida boa a Hani.

- Tenho medo de estragar tudo - Disse baixinho enquanto escondia seu rosto em meu pescoço, apertando o mesmo com seus braços a minha volta.

- Você não vai, e se acontecer, eu tô aqui e vou te ajudar.

- Obrigado, não só por isso, mas por tudo, por sempre, obrigado - Me abraçou mais forte, suspirando antes de voltar sua atenção ao chocolate na panela.

Tomamos nossas bebidas, conversamos um pouco, e logo subimos, afinal já era tarde. Deixei Gulf na porta de seu quarto, me despedindo tomando a direção contrária, onde estava meu quarto. Não dei nem 2 passos e senti a mão de Gulf me puxar de volta.

- Dorme aqui comigo? Por favor... - Pediu baixinho, e eu podia jurar ter visto suas bochechas vermelhas, mesmo com a pouca luz no cômodo.

Com o coração socando forte no peito, eu fui. Nos deitamos lado a lado, mas não levou muito tempo até que o espaço foi se desfazendo, e agora Gulf dormia com sua cabeça em meu peito, abraçando meu corpo contra o seu.  E eu pude dormir com o cheirinho de bebê que vinha dos seus cabelos, junto ao calor do seu corpo contra o meu, e eu poderia dizer com facilidade que essa foi o melhor sono da minha vida.

Se não tivesse sido acordado por um resmungo alto no quarto ao lado.  Alegria de pobre dura pouco mesmo.

Me levantei deixando o mais novo dormindo e fui ao socorro da princesa. E foi lá que perdi toda a minha noite de sono.

Viva a paternidade!

Count On Me (Mewgulf)Where stories live. Discover now