🌒| 𝖬𝗈𝗈𝗇𝗅𝗂𝗀𝗁𝗍

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E, garota, você se apaixona de novo
Você me diz que está tudo acontecendo de novo
Estamos correndo ao luar
Você poderia me mostrar o caminho de novo?

Estávamos estacionados em Point Dume, Kai e eu, os dois entrelaçados um no outro, meio vestidos, meio despidos. O carro de Havertz cheirava a ar marinho e fumaça envelhecida, e no retrovisor pendia um cordão de plástico amarelo e rosa que balançava com a brisa que entrava pela janela aberta. Eu me aninhei em Kai e pensei: Adoro o seu rosto, adoro as suas mãos, vamos lá, vamos lá, vamos lá ... Um braço preso atrás da cabeça dele, o outro pressionado entre dois assentos de couro arranhados, eu me segurando de dor, enquanto pensava, distraidamente, se seria diferente quando se ama a pessoa, ou quando se faz na cama.

Era a mesma praia onde eu já tinha passado zilhões de manhãs com a minha mãe, entrando na água na maré baixa, procurando anêmonas e estrelas-da-mar alaranjadas e roxas. Tinha rochedos, as ondas batiam forte, parecia o local apropriado para fazer algo profundamente não original, como perder a virgindade no banco traseiro de um BMW vermelho vivo, barulhento, de um cara qualquer.

Na verdade, eu não conhecia Kai Havertz muito bem, mas isso não tinha a mínima importância. Lá estávamos nós, criando lembranças fortes e arenosas, na costa de Malibu, a muitos quilômetros de casa. Eram nove horas da noite, aulas no dia seguinte. Eu precisava estar de volta às dez.

— Foi legal - ele disse, arrastando a mão para baixo, por trás da minha cabeça, através dos cabelos.

— Aham - concordei, sem muita certeza do que responder.

Nem tinha percebido que o momento tinha acabado, mas lá estava - o nosso final sem grandes cerimônias.

— Está ficando tarde, não? - Puxei os jeans sobre as minhas coxas. — Será que você pode me levar para casa?

— Sim, claro. - Kai se remexia, arqueado para trás, abotoando as calças. - Vou te deixar em casa. - Ele franziu o nariz, sorriu, e depois passou as pernas por cima do apoio de braços e se colocou no assento do motorista.

— Obrigada - respondi, tentando ao máximo parecer normal e animada. Puxei a calcinha e fechei os jeans, depois me espremi até o banco da frente, para que ficássemos sentados lado a lado.

— Está pronta? - ele quis saber, deixando um cigarro apagado preso entre os dentes.

— Claro. - Prendi o cinto e olhei Havertz passar um isqueiro Zippo na costura das calças, produzindo uma pequena chama. Virei a cabeça em direção à janela e pressionei o nariz contra o vidro. Lá, num local-nem-tão-distante, um brilho alaranjado clareava o céu, que cintilava iluminado. Incêndio na mata, pensei. Perfeito.

— Diz aí de novo? - ele agitou as chaves.

— Hillside, ao lado de Topanga Canyon.

— É mesmo, desculpe. - Ele acendeu o cigarro e deu a partida. — Sou uma droga com caminhos.

𝖨𝗆𝖺𝗀𝗂𝗇𝖾𝗌 - Kai Havertz Onde as histórias ganham vida. Descobre agora