S/n era conhecida no departamento por ser extremamente competente e dedicada. Sabia sempre o que fazer e lidava perfeitamente com a pressão, por isso não demorou para ser bem reconhecida como perita criminal. Era seu sonho desde os sete anos de idade, agora com vinte e três, se sentia orgulhosa de si mesma.
Mas o trabalho estava pesando, com o término da faculdade e início do mestrado, seu desempenho havia baixado, por mínimo que fosse, preocupava seu superior, que a tratava como uma filha que não pode ter.
— S/n!
A garota levou um susto, pulando da cadeira e quase derrubando o café recém passado.
— Minha nossa - ela colocou a mão no peito sentindo o coração acelerado — Você precisa parar de fazer isso, Mark!
— Garota, precisamos conversar! - seu chefe disse sério.
— Bem, pode falar.
— Aqui - ele lhe entregou uma pasta com alguns papéis — É só assinar.
— O que é isso?
— Seu pedido de férias.
— Eu não pedi férias.
— Mas eu acho que você precisa delas, sabe S/n, eu gosto de você e sei o quanto és competente e dedicada a essa profissão, está trabalhando aqui comigo a mais de três anos e nunca tirou férias, às vezes trabalha tanto que esquece de viver. Aproveite seu aniversário longe daqui, vai fazer bem, tenho certeza.
— Mas eu não... - ela desistiu de terminar a frase quando percebeu que nenhum argumento funcionaria.
Então, pela primeira vez em muito tempo, ela aceitou. Assinou os papéis e sairia de férias no final da semana. E naquela noite, planejou uma viagem, merecia um pouco de descanso e ela só percebeu isso quando entrou naquele avião em direção a praia tropical.
E bem, valeu a pena. Uma semana sem fazer nada, longe de autópsias, papéis ou cadáveres. Apenas lendo romances melosos e bebendo coquetéis, realmente precisava disso.
O som das ondas quebrando e a vista de um pôr do sol de tirar o fôlego lhe fizeram falta. A brisa fresca junto com a música alta e as pessoas que cantavam alegremente o início da temporada de verão no pequeno bar à beira mar. S/n sentiu que poderia ficar ali para sempre.
O vento soprou pelo seu cabelo solto fazendo-a instantaneamente fechar os olhos e respirar fundo, saboreando o último gole do seu coquetel à sombra do seu guarda-sol.
A noite foi relativamente calma, ela pensou, arrumando a fenda do vestido branco que usava. Assistiu a uma partida do seu time de coração que não fazia a tempos, estava feliz, o objetivo era esse, fazer as coisas que antes tinha deixado de lado, pequenos prazeres da vida que faziam a diferença. Com esse pensamento, você terminou sua bebida fazendo sinal para o jovem garçom pegar outra.
— Bela moça, você está sozinha aqui?
A voz era inesperada, com um agradável traço de rouquidão e um sotaque extremamente sedutor.
— Desculpe, posso me sentar?
Erguendo a sobrancelha, você virou a cabeça para a esquerda.
A primeira coisa que você notou sobre é que ele não era mexicano, ou britânico. Ele tinha lindos olhos azuis,como o mar à sua frente, azul oceano. Mantinha segurança no olhar, com maçãs do rosto bem marcadas e uma barba bem cuidada. O vento passava pelos seus cabelos escuros e perfeitamente arrumados.
Ele parecia familiar, como se já tivesse o visto antes, mas não sabia dizer de onde. Talvez tivesse esbarrado com ele pela praia, ou estivessem hospedados na mesma rua.
