Prólogo

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18 anos atrás

Meus pés descalços ardem em contato direto com o asfalto áspero, não sei quanto tempo faz que estou correndo, só sei que é tempo suficiente para que o cansaço faça minhas pernas cederem e meus joelhos irem de encontro ao chão,

Meus joelhos ardem e sinto um líquido quente escorrer de ambos, respiro fundo sentindo a ardência, meu corpo clama para que eu pare mas eu não posso parar ou ele me achará.

Olho para o menino ruivo que está usando um pijama azul e segura forte um urso de pelúcia, como se o urso fosse protege-lo do mal que está atrás de nós.

Lindo engano!

Seguro fortemente na mão dele para não correr o risco de nos perder ou algo do tipo, corro atravessando a rodovia de Los Angeles, repleta de carros que parecem está alheios as duas crianças que correm desesperados pela vida, meus olhos estão embasados pela chuva.

Me nego acreditar que estou chorando. sim, É a chuva e não as lágrimas. Meu vestido amarelo florido gruda no meu corpo por conta da chuva que molhou-me por completa e sinto um frio horrível mas não me importo.

Um forte impacto contra meu corpo faz eu ir novamente de encontro ao chão,

Tento levantar ainda zonza, procurando desesperada por meu irmão, e quando o acho procuro vestígio que ele esteja machucado mas felizmente não encontro nada, dessa vez além dos meus joelhos e pés sinto uma das minhas costelas doerem quando olho em direção ao carro preto que tem seus faróis me cegando, coloco meu irmão atrás de mim tentando fazer alguma espécie de escudo humano

- Ele não pode ter nos achado tão rápido.
Afirmo tentando acreditar nisso

Uma onda de alívio toma conta de meu corpo quando vejo o homem que sai de um dos carros segurando um guarda-chuva para se proteger da chuva obviamente.

Ele usa um terno elegante preto, quando ele chega mais perto posso prestar atenção em seus olhos castanhos claros, seus cabelos loiros perfeitamente cortados, suas grossas sombrancelhas erguidas me observando, ele é dono de uma postura intimidante, seu rosto bonito faz com que parece alguém superior.

- Oque duas crianças fazem a essa hora sozinhos aqui?
Pergunta se abaixando para ficar da minha altura

- Não importa! Levarei vocês de volta para seus pais. Vocês sabem me dizer onde eles estão?

Dou um passo para trás conforme ele se aproxima e com o queixo trêmulo por conta do frio, o encaro com firmeza e coragem ao dizer;

- Eu não vou voltar para ele.

Seguro com mais força meu irmão fazendo com que o desconhecido perceba ele atrás de mim e abra um sorriso,

Um segundo carro para próximo a onde estávamos e meu corpo todo se arrepia quando vejo o mostro que se denomina meu pai, engulo em seco me aproximando mais de Kevin.

O desconhecido percebe o terror em meu rosto e entra em alerta quando o monstro vem a passos duros até mim

- Achou que fugiria de mim? Garota infeliz. Vocês vem comigo agora!

Não respondo e tento me afastar mais, olhando fixamente para seu rosto, ele caminha até mim com raiva, meus ossos parecem tremer,

Ele vai me pegar, meu Deus. Não!

Mas quando ele estava prestes a me pegar o desconhecido entra na frente dele.

- Eles não irão a lugar nenhum com você.
Diz ríspido

- Eles são meus filhos! Eu irei levá-los agora.

Sua voz é como um pesadelo em meus ouvidos. 

O desconhecido me olha e eu nego com a cabeça, desejando que ele veja em meus olhos que não podemos e nem queremos ir, continuo a andar para trás tentando desesperadamente sair dali, escuto o choro baixinho de Kevin.

- Vai ficar tudo bem, ninguém irá te machucar!

Digo tendo certeza que faria qualquer coisa para proteger a única pessoa que me importa.

A luz da morte. Where stories live. Discover now