Melodia extraordinária

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Um homem me disse uma vez que quando estamos perto de morrer o universo nos avisa, 
será essa a razão deles estarem bebendo desse jeito? O universo avisou que eu iria mata-los?

Eles estão em uma das salas vips gastando o dinheiro que receberam para me foder,essa é a forma deles se despedirem do mundo?

O barulho de meus saltos se misturam com o som da música do ambiente, coluna reta e queixo erguido. Subo os poucos degraus que dão até o escritório do gerente do lugar.

O percurso até a porta vermelha é longo, durante o caminho vejo casais praticamente transando no corredor mas ignoro,

Uma batida na porta vermelha e um entre, uma vez que estou dentro do escritório observo o homem com um charuto nos dedos, ele observa meu corpo e engole em seco.

- Há que devo a sua visita?

Ele está fingindo não se abalar comigo, bom.

Caminho até uma das cadeiras em frente a sua mesa e me sento cruzando as pernas.

- Preciso de um pequeno favor seu!

Olhos âmbar me encaram e ele sorrir

- O que te faz pensar que te ajudarei?

Sopra a fumaça em meu rosto, corajoso.

- Você não quer uma bala de presente, quer?

Coloco a caixa de isopor encima da mesa

- Já perdi as contas das pessoas que sentou nessa mesma cadeira e me ameaçou, o que te torna diferente delas?

Dou de ombros

- Eu não costumo ameaçar e não cumprir.

Ele concorda com a cabeça e leva o charuto até os lábios novamente soltando a fumaça em seguida, ergue as sobrancelhas grossas

- Qual é o favor?

Bato levemente na caixa de isopor

- Coloque o conteúdo dessa caixa na bebida dos clientes da sala 16.

Ele me encara por alguns segundos, eu não recuo, fazendo ele ter a certeza que se ele não fizer eu o matarei antes de ir eu mesma fazer.

- Como você sugere que eu faça isso?

Reviro os olhos diante da pergunta

- Dê seu jeito, não me interessa como, mas quero que você faça!

Não demora muito ele fazer uma ligação e um dos garçons aparecer, pegar a caixa e sair.

- O que você vai fazer com eles?

Como tudo começou irá terminar.

- Preciso mesmo dizer, Henrique?

Ele nega com a cabeça e rir.

No escritório existiam telas de câmeras de segurança, assisto a câmera da sala 16 e vejo o momento em que o garçom chega com as bebidas e todos bebem, abro um sorriso enorme que dói minhas bochechas.

15 minutos, só preciso de 15 minutos.

- Foi um prazer conhecê-lo.

Levanto e saio do escritório sem esperar resposta, minha boca salivando de emoção,
um corredor, alguns degraus, viro a direita e então o número 16 dourado brilha, pego minha arma da bolsa e atiro nas câmeras,
abro a porta e todos arregalam os olhos, olham para minha arma e eu sorrio.

Bobinhos, vocês já estão mortos.

Caminho até um sofá de couro vermelho e me sento cruzando as pernas

- Olá passarinhos!

Todos engatilham as armas em minha direção, estalo a língua e faço que não com o dedo.

- Abaixem as armas, isso é inútil!

Sacie minha cede com sua dor, com seu sangue.

Primeiro sintoma tremedeira, calafrios,

Segundo sintoma dor agonizante,

Terceiro sintoma expelir sangue,

Quarto sintoma convulsão,

Quinto sintoma morte.

Apoio o braço no sofá para ter melhor conforto

Eles me olham com os olhos arregalados quando suas mãos começam a tremer, seus corpos começam a suar. Nariz, boca, ouvidos e olhos sangram, eles se jogam no chão e gritam

Pego da minha bolsa uma garrafa de whisky

Gritem para mim, gritem para mim.

Seus corpos começam a convulsionar, olho para baixo quando uma mão pega em meu pé, observo a forma que ele se contorce de dor.
Eles se debatem tentando aliviar a dor, o que só piora tudo, a dor é tanta que eles quebram seus dentes de tanto que apertam.

Bebo meu whisky e solto um gemido de prazer

- VÁ PARA O INFERNO!

Escuto um deles gritar e balanço a cabeça negando me deliciando de suas dores

- Eu já estou nele, o objetivo é trazê-lo para cá!

Vejo um piano no meio da sala e vou até ele, sento no pequeno banquinho e começo a tocar uma canção de ninar que lembro agora.

Eles vão dormir para nunca mais acordar.

A música junto com os gritos de desespero e dor formam uma melodia extraordinária.

Gritem para mim, gritem para mim!

O cheiro da morte, do puro caos tomam conta do quarto, olho novamente para os corpos,

- FAZ PARAR!

As veias de seus braços estão num nível de agitamento tão grande que estão quase rasgando a carne, seus órgãos estão explodindo. Foi desse jeito que Clark iniciou seu plano e nada mais justo que termine da mesma forma, um gole do líquido da garrafinha faz minha garganta arder em sincronia com os últimos suspiros do bando de loucos. Sim, eles eram loucos mas eu sou muito pior! Sei que eles desejaram nunca terem me conhecido, para o azar de todos, o pensamento veio muito tarde.

Levanto e observo os 15 corpos pelo chão, não me importo com o fim dos cadáveres, minha missão aqui acabou, mesmo eu ainda não estando saciada eu coloquei um ponto final nesse ciclo infernal da minha história.

Enquanto passo pelos corredores dessa vez para sair daquele lugar, ligo para Michael.

- Sim senhora?

Olho para o relógio no meu pulso

- Já acabou, pode finalizar a missão. Bom trabalho!

Um suspiro de alívio do outro lado

- Você está bem?

Eu iria responder que vou sobreviver mas

Pare de querer sobreviver e viva!

Suspiro, mesmo depois de tudo e estando morto aquele desgraçado me aconselha

- Vou ficar!

Desligo e abro a porta dos fundos para sair, inclino a cabeça para ver a lua e as estrelas

- Como faço para conseguir viver?

Pergunto para mim mesma. Porém, eu não sei a resposta para minha pergunta, limpo uma lágrima que molha minha bochecha e entro no carro, precisava focar em outra coisa agora.

Eu precisava encontrar Damian e arrancar os órgãos dele com as minhas mãos. 

 





A luz da morte. Where stories live. Discover now