Dez

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Louis

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Louis

Era intervalo, e minha bolsa já se encontrava com muitos livros que os professores deixaram para concluir as tarefas. Estávamos perto das provas e, com isso, os trabalhos e tarefas começaram a vir e, alegando ser novo no colégio, os professores decidiram me cobrir de livros para acompanhá-los. Claro, eles solicitaram que eu fosse com calma, lendo sem pressa. 

Portanto, decidi levar um livro cada dia, para não me acumular e não levar coisas pesadas que podem acabar com a alça de minha antiga e adorável mochila. Fiz um pequeno cronograma no papel para separar cada dia que eu iria levar o livro e estudar. 

Abro meu armário e olho para o papel pendurado na porta. Como já era quarta-feira, seria sociologia. 

Coloco os restantes dos livros empilhados no armário e depois minha mochila, já que eu iria para o refeitório.

Uma semana no colégio. E posso dizer que em uma semana consegui me acostumar com a rotina, já que não era diferente com o meu antigo colégio, só mudava os rostos dos professores, alunos e da diretora, sendo que no meu outro colégio era um diretor. 

Fecho meu armário e ajeito o óculos em meu rosto, virando meu corpo logo após, encontrando um corredor cheio de alunos que perambulavam por cada milímetros de espaço, esbarrando em alguns e outros simplesmente andando, sem ao menos se importar em empurrar as pessoas ou trombar. 

Começo a andar entre eles, pedindo licença a cada um segundo, ou simplesmente tentando me encaixar entre eles. Era um sacrifício, a parte ruim do colégio. As pessoas não se importavam se queria passar ou não, elas apenas queriam andar entre os corredores em seus modos calmos e passivos, conversando tranquilamente com seus amigos. 

A outra parte ruim, era ver os nerds serem alvos dos valentões. No meio do corredor. No meio dos alunos. E acredito que as pessoas estavam acostumadas o suficiente para não se importarem com aquilo além do próprio grupo dos valentões, já que riam com facilidade, enquanto o pobre garoto pedia por seu material de volta.

Desvio a caminhada, abrindo a porta do refeitório e entrando. 

E os falatórios ainda pareciam tão ativos como ao lado de fora. E por mais que existisse guardas andando em volta do colégio e do próprio refeitório, alguns alunos pareciam não se importar, fazendo algumas brincadeiras bobas e estúpidas 

Pego uma bandeja e começo a analisar a comida que tinha, enquanto arrastava minha bandeja para o lado. Pego uma maçã, pizza, suco e a última gelatina. 

Entretanto, alguém coloca a mão primeiro na gelatina. Olho para o responsável da mão, encontrando a íris verde de Harry deslizando para os meus olhos. 

Desde o acontecimento do beijo e o que falei, não o vi com frequência. Ele não me insultava mais. Não estava com suas implicâncias e não me olhava em nenhum momento quando estávamos no mesmo ambiente, como se a sua e minha presença não estivesse ali. Não que isso me abalasse, mas me fez questionar se isso era por causa do beijo ou ele decidiu me deixar quieto, ignorando minha presença como de qualquer outro aluno além de seus três amigos. 

E, depois de quase três dias de puro desprezo, observando seu olhar fixo em mim, trouxe-me um pequeno frio na barriga. 

Ele volta olhar para a gelatina que estava em sua mão. 

— Vai querer? — Sua voz saiu quase baixa, quase em um murmúrio. 

— Não. Pode ficar. —Desvio meu olhar de seu rosto. 

Arrasto minha bandeja para o lado e ele faz o mesmo, pegando uma lata de refrigerante. 

— As cores de sua roupa, pelo menos, estão combinando. — Ouço ele falar, fazendo eu erguer a cabeça em sua direção. 

Seu olhar se mantinha ainda nos alimentos em sua frente. Franzi o cenho, percebendo o quão estúpido eu era por ter achado que ele tinha parado com sua implicância do que uso ou deixo de usar. 

— Qual é o seu problema comigo? — Digo. Honestamente aquilo era irritante. Minhas palavras saíram baixas, quase em um rosnando. 

Ele pega sua bandeja e vira seu corpo, agora me olhando. Seu olhar parecia tão fixo ao meu, que, com apenas aquilo, eu poderia saber facilmente o que significa, sem mencionar uma única palavra. 

Eu. Eu era o problema. 

— Tem algo em você, que me faz criar diversos problemas. — Sua voz soou neutra. Inexpressivo. Calmo. Frustrado. 

Pego minha bandeja. 

— Então o problema não está em mim, está em você! — Viro meus calcanhares, saindo de perto de sua presença, que aos poucos estavam me tirando do sério. 

Vou até em uma mesa que tinha uma única garota sentada e sento. Bufo desejando espantar qualquer raiva que parecia aflorar em cada veia de meu corpo e células. E por mais que as palavras de Harry saíssem indiferentes em seus lábios, era notório a zombaria. 

Idiota. Mil vezes idiota. 

Mordo minha maçã, não sentindo muita fome. Corro meu olhar um pouco para o refeitório, observando melhor as pessoas que pareciam animados e outros simplesmente quietos comendo, como era meu caso. 

— Ele é um idiota. — Viro minha cabeça, encontrando a garota sentada afastada, sozinha. 

Ela tinha uma maquiagem forte em seu rosto, com seu cabelo preto com mechas azuis. Seus olhos estavam carregados de lápis preto e seus lábios com um batom nude. 

Sua voz parecia um pouco carregada de um misto indiferente e raivoso. Ela jogou a pizza na bandeja e isso foi o suficiente para erguer minha sobrancelha por sua fúria particular, pois, desde então, nem ao menos sabia o que de fato passava com ela. 

A garota me olha. 

— E você é mais idiota por não ter desferido um tapa na cara dele. 

Encolho levemente meus ombros ao vê-la se levantar e pegar sua bandeja com uma certa raiva. Pergunto-me se ela era assim sempre ou estava revoltada com alguma coisa.

Assisto o momento que ela sai e passa no meio de dois garotos que conversavam tranquilamente. Eles viram para protestar pela atitude inconveniente dela, mas ela simplesmente mostra o dedo do meio, continuando a andar. 

E, antes mesmo que eu voltasse meu olhar para a bandeja totalmente surpreendido, vejo o olhar de Harry em mim. Sentado no canto da mesa, inclinando sua cadeira para trás e suas costas encostado na parede. Ele baixou o olhar, jogando a maçã para cima e pegando, enquanto seus amigos conversavam entre eles. 

Volto olhar para minha bandeja. As coisas realmente eram estranhas naquele colégio, mas algo era reconfortante, apesar que não tinha nada para ser. Era estranho a forma como todos eram peculiares. Sei que em qualquer lugar do mundo poderia ser de tal forma, mas aquilo, estando ali, me fazia criar uma outra visão. 

Digo, eu estava observando mais do que eu gostaria de fazer. 

Após me alimentar, levantei e fui até onde colocava as bandejas sujas. Apressei meus passos para sair dali, buscando esquecer o episódio de minutos atrás, mesmo que já era tarde demais. 

O corredor estava um pouco mais vazio, com pessoas sentadas no banco, outros para fora, outros na biblioteca, quadra, a parte do fundo e em todos os cantos do colégio. 

Olho para o meu relógio e vejo que faltavam cinco minutos para bater o sinal e o abismo de corpos começar a colidir um com outros. 

Vou até em meu armário e pego os livros que iria ter aulas, colocando em minha mochila. Coloco a alça de minha mochila em meu ombro e seguro, fechando a porta do armário e caminhando preguiçosamente até a sala. 

Provocations | l.sWhere stories live. Discover now