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POV - CABELLO 




Nos arrumamos e fomos para a psicóloga, chegando lá ela nos cumprimentou simpática, e chamou a Lauren que estava apreensiva

Horas se passaram com Lauren dentro da sala, a porta se abriu quase nove horas e era Dua me chamando.

- Olá Camila tudo bem?

- Tudo sim.- eu disse me sentando ao lado de Lauren.

- Eu te chamei por que você é o apoio da Lauren, sem dizer muita coisa, basicamente quando você foi embora foi só o estopim e que as coisas que ela viveu a fizeram desenvolver isso, depois se ela quiser vocês conversaram, eu preciso que por enquanto nessa semana deixe Lauren tomar todas as decisões, se possível e eu sei que você quer sua autonomia deixar ela tomar as decisões importantes, Lauren apesar de adulta nunca teve autonomia em sua vida pessoal e todas as decisões eram tomadas por terceiros.

- Entendo, esta tudo bem Dua, acho que podemos fazer isso.- Segurei a mão de Lauren que entrelaçou nossos dedos.

- Bom era só isso vejo você na sexta Lauren, como vi que ela terá que fazer o tratamento a passadas largas pelo menos essa parte inicial para que você possa ir embora, decidimos fazer 3 sessões na semana, as 16:00 que é meu último horário, vai exigir bastante de vocês duas em seguir os exercícios para termos sucesso.

- Okay. - Eu disse e esperei Lauren levantar, demorou um pouco e Dua subiu as sobrancelhas e riu.

Logo estávamos no carro.

- E agora amor? - Eu perguntei.

- Podemos ir pra casa?- ela perguntou abaixando os ombros.

Eu só liguei o carro e fomos, embora.

- O que quer comer? - Perguntei lavando as mãos.

- Aquilo que comemos naquele restaurante, que tem frango num molho, arroz e batatinha. - eu não entendi e tentei puxar na memória tudo o que comemos que era assim e ri ao constatar que era strogonoff.

- Deixa eu ver se tem os ingredientes. - Abri a dispensa e a geladeira constatando que sim tinha tudo então logo me coloquei a fazer .

- Podemos conversar enquanto você cozinha? - ela perguntou nervosa.

- Claro que sim, sou toda ouvidos.- eu disse limpando o frango.

- Dua me disse que preciso falar para alguém próximo as coisas e que isso me faria bem, e bom você é a única pessoa que eu tenho.- ela disse olhando para baixo e encolhendo os ombros como se esperasse que eu a repreendesse, isso acontecia todas as vezes que tínhamos que conversar mesmo que ela estivesse certa.

- Pode falar Dengo, eu antes de tudo sou sua amiga.- ela sorriu fraco.

- Antes de você eu tive só 3 relacionamentos na vida adulta, bom Elizabeth foi a primeira e ela não era ruim pra mim, nem de longe, ela me fazia bem, conheci ela quando entrei na faculdade no segundo ano de curso ela apareceu grávida, descobri que era de um rapaz chamado Thomaz, e ele era meu amigo ou pelo menos eu achava, aí eu defini que não me envolveria mais com mulheres por que Elizabeth disse que ela engravidou por culpa minha, por ser uma péssima namorada incapaz de lhe dar um orgasmo. - Eu estava indignada apenas olhei Lauren de canto, sem deixar de cortar meu frango em cubos. - Teve o Andrew- ele não era péssimo mas tinha a vida muito torta e colocava qualquer coisa na frente de mim, então ele preferia ir a festa com os amigos do que comemorar aniversário de namoro, era mais um ficante eu estava terminando a faculdade e não durou muito, só alguns meses.- ela suspirou. - E teve o Bradley, ele era um príncipe, conheci durante minha residência, ficamos juntos por uns 4 anos, eu jurava que iria me casar com ele mesmo ele sendo do jeito que ele era.- ela abaixou a cabeça mas antes dela levar a mão aos cabelos eu a parei.

- Não precisa me contar amor, fale quando estiver mais confortável.

- Eu preciso Camz, me deixe fazer isso. - eu assenti e voltei a cortar o mexer a panela com o molho e selar o frango. - Ele era um príncipe no começo, até que aos poucos ele foi mudando, primeiro começou a fazer piadas sobre meu corpo e aparência, censurar roupas, decidir com quem eu poderia ou não falar, em que lugares eu poderia ou não ir, logo começava a brigar por tudo, gritava comigo, no sexo ou eu era uma puta ou eu era frígida, até que começou as violências psicológicas.- ela respirou fundo- nada que eu fazia estava bom, eu passava tempo demais fora de casa, se eu atrasasse 5 minutos era motivos para gritos e empurrões, mas ele depois me mimava, trazia flores, pedia desculpa e eu aceitava, as pessoas a minha volta falavam que eu tinha sorte de tê-lo, em determinado momento ele começou a forçar sexo, eu cedia sempre mesmo quando eu estava cansada ou quando eu não queria, eu via ele pegar meu cartão e gastar em festas e bebidas, quando ele voltava das noites eu não queria ficar perto dele e ai ele começou a me bater, cheguei a ir pro hospital mas acabar voltando para ele, até que ele começou a me estuprar, dizendo que eu era mulher dele e por isso tinha que fazer quando e como ele quisesse. - Ela estava com ódio na voz e eu também estava com raiva. - Bradley controlada o meu dinheiro, minhas roupas, meu ciclo menstrual pra eu não usá-lo como desculpa para recusa-lo, ele transava com outras mulheres debaixo do meu teto e me fazia me sentir culpada por isso, me batia, me isolou dos amigos e família, até que eu fiquei grávida, eu achei que as coisas mudariam, que ele ia voltar a ser o cara por quem eu me apaixonei, no dia que eu contei, ele tinha bebido, disse que eu tinha destruído a vida dele, eu nunca apanhei tanto na minha vida, eu fraturei 2 costelas e tive traumatismo craniano, abortei e acabei ficando em coma por uma semana, quando acordei, prestei queixa, usei todo o peso do meu nome e ele foi condenado a 20 anos de prisão sem direito a condicional, tinha um rombo de 2 milhões de dólares na minha conta.- Eu sem querer bati a faca forte demais na tábua, fazendo Lauren pular e se encolher e eu vi pela primeira vez ela ter medo de mim. Dei a volta e não toquei nela, eu não sabia se seria o certo. 

- Lauren por favor olha pra mim.- ela me olhou com os olhos aflitos.- eu nunca vou te bater. - Eu suspirei e me afastei, indo pro outro lado do balcão - você já fez sexo comigo por se sentir obrigada? - ela me olhou e eu soube pelos seus olhos que sim. - Quantas vezes?- ela não respondeu e eu suspirei- Lo você...tem medo de mim?- eu não precisei de resposta, quando olhei nos seus olhos eu soube que sim- Desculpa pelas vezes que te machuquei, eu em hipótese alguma quero que você faça sexo comigo por obrigação, e eu tentarei ser mais carinhosa.- Eu estava penalizada não tem nada pior do que ver a pessoa que você ama com medo de você.

Continuei a cozinhar em silêncio, servi um prato para ela e peguei o soco de laranja e um salada de alface e tomate, quando coloquei na frente dela eu não aguentei e fui na sacada que tinha ali na sala, eu precisava respira alguns segundos quando voltei eu estava passando por ela pra dar a volta ela segurou meu braço quando eu virei ela se encolheu e puxou o braço como se eu tivesse dado choque.

- Desculpa. - ela disse baixinho se encolhendo eu fiz meu prato e sentei na sua frente.

- Está gostoso?- eu perguntei a olhando, ela pegou um pouco e comeu e logo depois assentiu- Amor, olha, eu não sei o que dizer, eu sinto muito pelas coisas que você passou, eu quero que você fique bem e bom,farei todo o possível pra te deixar confortável comigo para que você não tenha medo.- eu suspirei olhando pra ela- eu nunca vou te machucar, eu quero simbolizar segurança pra você e não perigo, vamos trabalhar juntas pra isso.- Por favor não chore!- eu disse e fiz um carinho leve em sua mão- Você quer que eu durma no outro quarto?

- Não Camz- ela sorriu leve. 

Assenti e comemos em silêncio. Eu me arrumei pra dormir com um baby doll de cetim e Lauren já estava na cama, pela alça sou que ela usava uma blusa de alcinha e calcinha como ela gostava de dormir. Me deitei na outra ponta da cama, e o ar já estava ligado deixando o quarto semelhante a um freezer que o uso polar ao lado gostava. Me aconcheguei debaixo do grosso edredom e estava quase pegando no sono senti Lauren se aninhar em mim me fazendo suspirar.

- Eu amo você Pequena- ela sussurrou baixinho.

- Eu também te amo princesa- dei um beijo em sua testa e assim adormecemos.

 Lauren teve uma reação diferente hoje, ela acordou e se encolher pedindo por favor, eu a abracei e ela fez o mesmo de sempre, esfregou o rosto no meu peito, respirou fundo em meu pescoço e relaxou.


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ADENIUMWhere stories live. Discover now