Eu nunca seria uma pessoa forte. Eu nunca seria aquela pessoa que apesar de enfrentar uma tempestade, conseguiria erguer a cabeça. Eu entendo que todos não somos feitos de ferros e sempre vamos ter nossos momentos fracos. Vamos carregar coisas que jamais podemos perceber a dimensão da situação, e que já enfrentamos coisas que hoje em dia nos questionamos o quão fortes fomos por ter aguentado, por ter lutado, mesmo quando tudo parecia desmoronar diante de suas mãos. 

Eu luto. Eu sinto que eu luto constantemente dentro de mim e continuo lutando, mesmo que às vezes paro para refletir se estou apenas esperando a situação amenizar ou esperando por algum milagre vir do além e cair como prato cheio em cima de mim. 

Acredite, eu luto dentro de mim, mas nunca foi o suficiente para expandir para o exterior. 

Tiro minhas roupas e vou tomar um banho. Lavo meu rosto. Cabelo. Corpo. Finalizo desligando o chuveiro. Pego uma toalha, enxugo meu corpo e coloco minhas roupas limpas. 

Deitei na cama e dormi. E acredito que acabei dormindo mais que o esperado, pois, ao abrir os olhos, vi que já estava a noite e uma das funcionárias estava me chacoalhando. Esfreguei os olhos e observei a mulher que me chacoalhava e me chamava. Zara. 

— O que foi? — Digo em um gemido, deitando minha cabeça no travesseiro novamente. 

— O jantar está pronto. — Informa. 

Grunhindo, virei meu rosto para o lado oposto. 

— Eu não estou com fome, Zara. — Digo manhoso. Eu ainda estava sonolento e demoraria alguns minutos para me recompor. 

— Louis...— Ela me chama, mas eu simples a ignoro, fechando meus olhos e desejando querer voltar a dormir. — Você ficou a tarde toda sem comer, e talvez você só tenha comido no colégio. Você comeu no colégio? — Assenti. 

— Sim. Eu comi. — Digo com minha voz abafada. 

— Mas ainda sim você está há muitas horas sem comer. — Ela insiste. 

Gemo frustrado e levanto meu corpo, arrastando para a beirada da cama. Olho para ela com minha cara de sono e a vejo com um pequeno sorriso em seu rosto. Zara me lembrava um pouco minha mãe, não as características físicas, já que Zara é muito mais nova que minha falecida mãe, mas o jeito que ela insiste que eu faço as coisas para o meu bem, me lembra muito ela. 

— Meu pai já chegou? — Digo bocejando. Coloco minha mão em meus lábios. 

Zara assente. 

— Assim que ele chegou, vim aqui já lhe chamar. Ele já deve estar na mesa. — Ela diz, passando seus dedos em meus ombros para incentivar que eu me levante e vá até ele. 

Assim fiz, me arrastei para fora do quarto, passando pelo o enorme corredor e descendo a escada. Segurei na barra de ferro. Não confio muito em mim quando acabo de acordar, pois sinto meu corpo mole e minha mente não processa certo. 

Passo pela sala ouvindo ao fundo talheres bater levemente no prato. Meu pai já estava na sala de jantar, sem, ao menos, me esperar para podermos jantar. Era sempre assim, ele chegava, tomava banho, jantava e às vezes ia para o seu escritório, se não, para o seu quarto.

Conversávamos poucas vezes. Alguns assuntos sobre nossa rotina e, após, cada um ia para o seu canto na enorme casa. Chegava a ser irônico ter uma casa imensamente grande para duas pessoas ocupar apenas dois cômodos. 

— Oi. — Digo, sentando na cadeira. 

Ele ergue seu olhar, agora me olhando. Ele sorri levemente, mas logo tratou em desmanchar seu sorriso, voltando a mastigar. 

Provocations | l.sWhere stories live. Discover now