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Pra felicidade de Remus, o dormitório estava vazio, ele desprendeu sua capa e a mesma deslizou de seus ombros até o chão, o cômodo tinha a brisa fria do final de outono, então Remus se apressou ao se despir das roupas da escola, logo se vestindo com uma calça moletom e um suéter um número maior. Rapidamente ele se encontrava debaixo das próprias cobertas, com as cortinas fechadas. Ele não queria deixar suas cortinas abertas e ceder a tentação de ir até a cama de Sirius e sentir seu cheiro, de lembrar o que eles haviam feito apenas três dias atrás. Do que eles haviam feito e de que novamente Sirius não mostrava um sinal de lembrança do acontecido. Mas, dessa vez, Remus sabia que ele lembrava, assim como após o primeiro beijo deles, Sirius havia feito questão de falar de garotas mais que o comum e necessário, de ocupar boa parte de seu tempo livre em armários de vassouras e salas vazias.
Remus suspirou com o pensamento e cobriu o rosto soltando um som exasperado, ele não conseguia tirar isso da cabeça. O mais velho havia feito questão de mostrar que o que os dois tinham era apenas uma diversão consequencial da bebida, que ele era de fato hétero.

Remus riu com o pensamento. Claro, que garoto hétero nunca teve seu pau chupado por seu amigo?

Seus olhos fecharam e ele lembrou do jeito que aqueles dedos finos agarraram seu cabelo. Do jeito que aqueles dedos finos haviam acariciado o queixo da Marlene há poucas horas. Do jeito que aqueles dedos tocavam piano numa agilidade que Remus nunca seria capaz de alcançar. Do jeito que os cachos escuros se esparramaram no travesseiro, do jeito que ele gemeu seu nome.

Ele abriu os olhos, encarando o teto da cama. Ele não ia conseguir dormir desse jeito. Além de sua respiração, o outro único barulho no aposento era o do ponteiro do relógio fazendo Tick-Tock e deixando Remus louco. Ele precisava parar de pensar em Sirius. O ego de Sirius aumentaria se ele soubesse quanto tempo Remus desperdiçava pensando nele.
Remus não compreendia isso completamente, essa sensação de carinho e ódio.
Ao mesmo tempo que ele queria beijar os lábios vermelhos de Sirius, segurar sua mão, dizer como ele é o garoto mais bonito do castelo inteiro, Remus também queria socar o amigo, ele queria arrancar o ego de dentro dele, mostrar que o mundo não gira ao seu redor.

Com as batidas do ponteiro ecoando pelo quarto, logo Remus caiu no sono.

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— Moony?

A voz doce de Sirius ecoou em seus ouvidos. A grama brilhava verde e o ar estava quente, Remus levantou o olhar de seu livro e sorriu largo.

— Hey, Pads, achei que você ia se atrasar novamente. — Ele abaixou o livro.

— Eu nunca me atrasaria para te encontrar, querido.

— Ah, claro. — Remus riu e seu sorriso cresceu. — Você é um grande mentiroso, sabia?

Sirius se aproximou e seu dedo percorreu o topo da maçã do rosto de Remus.

— Eu sei que você gosta.

Remus piscou envergonhado, o jardim estava vazio, esse era o lugar deles. As mãos de Remus se ergueram para segurar o rosto do garoto mais velho, e ele se perguntou onde seu livro havia parado.
A pele de Sirius brilhava na luz natural do dia, o sorriso do mesmo cresceu.

— Sem palavras, querido? Eu causo esse efeito nas pessoas.

Remus revirou os olhos e não respondeu, puxando Sirius para um beijo. Uma risada ecoou perto demais. Remus abriu seus olhos.

— Então é verdade! Ele realmente está caidinho por você, Sirius!

A risada de Sirius ecoou em seguida, seus olhos brilharam, olhando para Remus como se ele fosse a coisa mais estranha e engraçada que ele já havia visto, havia orgulho e ego brilhando naquele olhar.

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