IV

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Romana

Era Natal e cada um estava passando com suas famílias, eu e Bernardo estávamos assistindo um filme enquanto Massimo estava no banho e os cookies estavam assando.

- Mamãe, o papai vai demorar muito? - Bernardo pergunta inquieto.

- Ele está no banho, meu amor. - Olho no relógio e são 19h, ele tinha entrado há 30 minutos. - Vou lá dar uma olhada.

Subo as escadas e vou em direção ao quarto onde ele estava.

- Massimo? - Bato na porta e espero alguns segundos. - Massimo, você está aí? - Abro a porta e escuto sua voz vindo do banheiro. Ele está conversando com alguém pelo celular.

- É estranho mas é meu filho... Ok, a gente se vê no Réveillon. - Ele sai do banheiro com uma toalha amarrada em sua cintura, estava sem camisa e tinha alguns pingos de água escorrendo por seu abdômen definido. - Está gostando do que vê? - Seus lábios tinham um leve sorriso.

- Bernardo está perguntando por você. - Falo e viro as costas para a porta.

- Toma cuidado para não cair na baba. - Ele fala e sorrio discretamente.

- Idiota! - Contorno o caminho para o sofá novamente.

Queria saber com quem ele estava no celular, ao tocar no nome do Bernardo me deixou curiosa. O forno apitou e fui para a cozinha retirar os cookies e deixar esfriar.

Ao voltar para a sala vejo Bernardo abraçado em Massimo, suas pálpebras estavam fechadas e o pequeno grande homem se divertia assistindo o filme infantil na televisão.

A porta se abre e Domenico aparece com Alessia e Pietra.

- Mas o que é isso? - Domenico aponta para Massimo e solta uma gargalhada alta.

- Shiii, o Bernardo está dormindo. - Repreendo Domenico.

- O que foi Domenico? Você é pai de uma menina, deve assistir filmes piores que esse. - Massimo joga uma almofada em Domenico que se esquiva.

- Eu daria tudo para gravar o Don da máfia italiana assistindo Kung Fu Panda e sair mostrando pra todo mundo.

- Se você sabe o nome então já deve ter assistido. - Massimo retruca.

- Stronzzo (Cuzão). - Massimo se levanta e se joga em cima de Domenico fazendo com que os dois caíssem no chão.

- Tá vendo, Pietra? Por isso que eu digo que você pode chamar seu pai para brincar de boneca, porque ele é um verdadeiro crianção. - Alessia fala para Pietra que olha assustada para o pai e o tio que rolam pelo chão.

- Se vocês acordarem o Bernardo, vou fazer vocês colocarem ele para dormir. - Ameaço e os dois se levantam rapidamente.

- Vou te quebrar na próxima luta. - Domenico ameaça.

- Tô pagando pra ver. - Massimo ajeita seu cabelo e se senta.

Vou para a cozinha com Alessia e Pietra para preparar a janta.

- Como vocês estão? - Alessia pergunta colocando Pietra na banqueta do balcão.

- Nem chegamos a conversar direito ainda. - Falo cortando a carne em cubos. - Agora pouco escutei ele no celular falando sobre Bernardo e que iria ver alguém no réveillon. - Dou de ombros.

- Ele não é mais o Massimo de antes... - Ela se aproxima de mim. - Não quero te magoar mas ele pode voltar a ser o Massimo de muitos anos atrás e amiga... - Ela nega com a cabeça. - Isso não é coisa boa.

- Como assim? - Desvio o olhar da faca para ela.

- O Massimo de muitos anos atrás era tenebroso, muitos tinham medo dele e ainda tem né! Mas naquela época a Sicília era mais segura, devido a rigorosidade do Don. Até que um dia surgiram boatos de que ele havia sido sequestrado. - Ela fala como se lembrasse da situação. - Logo depois ele foi encontrado todo ensanguentado e baleado, daí as coisas ficaram mais flexíveis.

- Mas se isso que você tá dizendo é verdade, por que ele está sendo tão carinhoso? - Pergunto sem entender.

- Romana, ele acordou do coma ontem. Não estou dizendo que isso vai acontecer mas é um aviso prévio para você se preparar.

Volto minha atenção para a janta e fico relembrando no que Alessia falou. Ela mora aqui desde criança e é a única que eu conheço que não é envolvida na máfia, eu acredito nela e pode ser que ela esteja falando a verdade.

Chamas do amorWhere stories live. Discover now