II

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Romana

Era véspera de Natal e as ruas de Sicília estavam cobertas de neve e lindamente enfeitadas, crianças brincavam no parque e algumas pessoas patinavam no lago congelado.

- Mamãe, o papai não vai vir esse natal de novo? - Bernardo perguntou brincando com meu cabelo.

Era dolorido quando ele tocava no nome do seu pai.

- Não sei, meu amor. O papai está muito ocupado. - Tento dar um leve sorriso mas sinto a saudade da pequena criança de cabelos escuros em meu colo.

Após deixar Bernardo na casa de Domenico, fui para o hospital pois havia recebido uma ligação do médico me pedindo para ir lá com urgência.

Ao chegar no hospital, caminhei em direção ao Dr. Fernando que estava na recepção com um sorriso no rosto.

- Bom dia, doutor! O que é tão importante? - Pergunto preocupada.

- Me acompanhe! - Ele me dá passagem.

- Aconteceu algo? Por favor, me conte!

- Você vai gostar! - Ele fala com entusiasmo.

Fico quieta e preocupada porque poderia ser um milhão de coisas.

Abro a porta do quarto e meu coração dispara ao ir de encontro com os olhos castanhos de Massimo. Ele estava sentado na cama e tinha um prato em seu colo.

- Não pode ser! - Sussurro com lágrimas nos olhos.

Caminho até ele, seu semblante era sério como se tentasse lembrar de algo.

- Você está... - Gesticulo com as mãos e o abraço forte mas não fui retribuída.

- Quem é você? - Pergunta se soltando de mim.

- Meu amor, sou eu, sua esposa! - Sorrio.

- Eu me casei? - O tom de voz soou um pouco irônico.

- Você se casou sim, e teve um filho. - Lembro de todas as vezes que Bernardo se perguntava por ele e sinto uma pontada forte em meu coração. - Ai!

- Você está bem, Romana? - O doutor me pega antes que meu corpo caísse no chão.

Meu mundo girou e ouvia vozes ao fundo da minha cabeça.

- Romana! - Uma mão chacoalha meu corpo e volto ao normal.

- Ele não se lembra de mim. - Sussurro fitando o chão.

- Eu acho melhor você esfriar a cabeça. Enfermeira, leve ela, por favor!

Me levanto da poltrona com a ajuda da enfermeira e vou tomar um ar na rua.

Na minha cabeça se passa um filme de quando vim para Sicília e nos conhecemos, não imaginei que eu suportaria por tudo isso. E depois de 3 anos, ele acorda e não se lembra de mim.

- Calma! Vai ficar tudo bem! - A enfermeira passava a mão em meu cabelo para me acalmar.

- Mas ele não se lembra de mim, eu venho todos os dias aqui e como isso pôde acontecer?

- Romana! - O doutor me chama assim que sai do quarto. - Como eu disse para você, ele poderia ter sequelas e como podemos ver, ele não se lembra de você. Vocês terão tempo para conversar!

- Obrigada, doutor! - Respiro fundo antes de entrar no quarto e abro a porta com o resto das minhas forças. - Oi!

- Oi! - Seu olhar era sério e observava cada parte do meu corpo.

- Como você está?

- Estou agoniado, preciso voltar para casa.

- Você precisa fazer alguns exames e depois o médico vai te dar alta.

- Cadê o Domenico?

- Ele está com nosso... - Desvio o olhar para a janela.

- Com nosso?

- Filho! - Olho para ele que não obteve reação.

- Como ele se chama?

- Bernardo Torricelli Keilani! Ele pergunta por você quase todos os dias, sente muito sua falta.

- Por que ele não veio?

- Ele não sabe que você estava em coma.

- Entendi!

- Com licença! - O doutor abre a porta. - Vamos fazer alguns exames? Se ir tudo bem, você ganha alta hoje. Ninguém merece passar a véspera aqui, né? - Da uma leve risada.

O doutor leva Massimo para a sala de exames e eu pego meu celular para conversar com Domenico.

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Chamas do amorWhere stories live. Discover now