Fui

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O suster da sua respiração me faz ainda o encarar.

- O que você quer dizer com isso Lilith? - as palavras saem rápidas.

- O que você ouviu. - eu suspiro. - Eu sabia que era o George naquele dia, naquele momento. Foi por isso que eu deixei, foi por isso que eu não gritei, foi por isso que eu perdoei tão facilmente.

- Eu fui burro não fui Lilith? - os seus olhos estão presos nos meus. - Eu realmente fui burro em achar que você gostava de mim como dizia, que você estava magoada com tudo o que ele lhe fez. Eu ia pedir você em casamento, era essa a surpresa. Eu ia pedir para você ser minha mulher, mesmo com tão pouco tempo que estamos juntos. Eu ia.

- Fred. - tento falar mas só vejo ele erguer a mão e a levar mais atrás mas parar. - Você ia me bater?

- Você merecia Lilith, mas eu não vou me sujar por você. Eu não vou perder tempo. - ele limpa algumas lágrimas com a palma da mão, me olha e em alguns segundos, ele sai do quarto, batendo a porta com toda a força. Eu fico a olhar para o espaço vazio, e respiro rápido, bastante rápido. Fecho os meus olhos, sentindo os sinais da crise a de aproximar, quando a porta se abre novamente.

- O que você fez com o meu irmão?

Ginny aparece completamente irada e eu me forço a abrir os olhos.

- Calma Ginny, eu posso explicar. - antes que eu consiga falar mais alguma coisa, só sinto os seus cinco dedos bem em cheio na minha face. A mesma face que se vira só com a pancada, e eu sinto o ardor. - Ginny.

- Nem Ginny nem meio Ginny. - ela vem para cima de mim, e só sinto as suas mãos nos meus cabelos, os puxando, e ela joga o meu corpo no chão. Suas mãos começam a bater na minha cara novamente, apanhando a minha nuca.

- GINNY! - berro alto.

- É para você aprender A RESPEITAR OS MEUS IRMÃOS, SUA VADIA. - deixo de sentir o seu corpo em cima do meu, e quando olho, Fred está a agarrar a irmã. - SAI DESTA CASA LILITH, VOCÊ AQUI NÃO É MAIS BEM VINDA.

Os vejo sair do quarto, e quando estou a tentar me levantar, uma mão aparece na minha frente. Olho para cima.

- Você está bem? - agarro a sua mão e me ergo, acenando que sim com a cabeça.

- Eu estou, ou melhor eu vou ficar. - tento sorrir e sinto a sua mão na minha bochecha.

- Ficou marcado. - ele fala, enquanto os seus dedos passam na minha pele.

- Tudo passa George. - ele continua a acariciar a minha pele. - Eu vou arrumar as minhas coisas.

- Para onde você vai? - ele fala me olhando.

- Para Hogwarts, ali sim é o meu lar. - me afasto dele, e me volto para o closet e em segundos tenho tudo arrumado. - Bem, até qualquer dia George.

Ele se aproxima de mim, e os seus lábios tocam a minha bochecha. Eu fecho os meus olhos, e quando os abro, estou em Hogsmeade. Como não posso aparatar em Hogwarts, o melhor é fazer o caminho pela via tradicional. Coloco a mochila mais junto ao meu ombro, e agarro na mala, e percorro o caminho, quando vejo a carruagem na minha frente. Pelos vistos, alguém sabe que eu estou a chegar.

Quando chego aos portões de Hogwarts, a professora McGonagall me espera.

- Boa noite Senhorita Lilith. - o seu timbre está entre o compreensivo e o levemente irritado.

- Boa noite professora. - a minha face se baixa, como se finalmente a vergonha tivesse tomado conta de mim.

- Você sabe que Hogwarts apesar de estar sempre de portas abertas para os seus alunos, não tem por hábito os receber tarde da noite, não sabe?

- Sim professora, me desculpe. Eu tive um pequeno imprevisto e tive que voltar.

Ela acena e eu mexo lentamente a minha manga, de forma a que a marca não APAREÇA e começo lentamente a subir as escadas.

- Senhorita Lilith? - volto a ouvir a voz dela e paro no meio da escadaria e me viro.

- Sim professora?

- Existe algo que a senhorita me queira falar? - ela me olha de uma forma tão simples que parece que sabe de tudo. Eu engulo rápido.

- Não professora, não existe nada.

Ela, levemente acena a cabeça e eu volto a virar o meu corpo, e a caminhar pelas escadas e pelos imensos corredores. Chego ao quadro da dama gorda, e falo a senha vendo o salão comunal na minha frente. Entro e sigo para o dormitório, onde deixo a mala junto à cama e a mochila em cima da mesma. Sento o meu corpo e o deixo cair de costas, olhando o teto e sentindo as lágrimas finalmente caírem.

Eu fui uma idiota do caralho, eu sei tão bem isso, mas eu nem sei se mereço esta dor que estou sentindo dentro de mim. Que merda.

O choro se torna mais alto e eu começo a soluçar e lentamente a sufocar e ergo o meu tronco, tentando respirar fundo. Baixo a cabeça até aos meus joelhos e sinto o meu corpo a tremer e as minhas mãos a suar, assim como a minha testa.

Me levanto devagar e caminho o melhor que posso até ao banheiro, e vou deixando a roupa espalhada pelo chão, até entrar debaixo do chuveiro. Sinto a água quente cair em meu corpo, e o meu choro frio, contrasta com a temperatura da água. Me sento na box, e agarro fortemente os meus joelhos.

Quando o choro acalma, eu me levanto e quando saio do banheiro enrolada numa toalha, olho para os pequenos móveis que contêm alguns objectos em cima, e me dirijo à mala e coloco uma roupa.

Em segundos, as minhas mãos varrem todo o conteúdo em cima dos móveis que se espalham no chão e se partem. Solto um grito alto, tão alto que o meu coração se parte também.

- Me perdoem. - falo entre soluços, enquanto saio do dormitório e do salão comunal. Percorro novamente os corredores, até chegar nas masmorras. A minha mão se ergue e duas pancadas são deixadas na porta na minha frente.

- Posso? - falo baixo olhando os pés.

- Claro doce Lilith. - consigo ouvir o seu riso e os meus pés me levam para dentro da sala de Grindelwald.

¬ O Gémeo Improvável ¬× George Weasley Where stories live. Discover now