O Gémeo Improvável

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- George. - Angelina fala, olhando o ruivo que ainda tem a sua mão a rodear o braço dela. - Você tá me machucando.

- Vamos embora Angelina. - ele fala sério e eu olho para um e para o outro, e quando fixo o meu olhar nela, vejo que o efeito da poção em pouco tempo vai sumir e eu vou ficar sem saber nada.

- Não, ela não vai. - dou um passo em frente e agarro a mão dele, tentando que ele a solte. - Angelina está a falar comigo, e você vai deixar ela acabar.

George me olha, solta o braço dela e o seu olhar vai até ao chão, como uma clara declaração de culpa. É, e eu só estou à espera do pior, daquela revelação que a me irá custar tanto que eu desejarei nunca ter pisado em Hogwarts pelo resto da minha vida.

- Angelina, fala. - as palavras parece que saem como um suplico e eu controlo a vontade que tenho de começar a chorar. Ela olha para George e novamente para mim.

- Lilith. - mesmo eu sabendo que ela está sobre o poder da poção, um sorriso cinico aparece em seu rosto, como se ela tivesse todo o prazer em me falar fosse o que fosse. - O seu namoro com o George, ou seja lá o que vocês tenham, foi tudo fruto de uma aposta entre nós dois.

Os meus olhos se abrem ainda mais, a minha boca também e eu sinto tanto o meu corpo tremer, que dou um passo para o lado, sendo amparada por uma mão, que reparo ser de Fred.

- Sim, doce Lilith, eu e ele fizemos uma aposta, em que ele teria que levar você para a cama, e fazer você se apaixonar por ele. Sabe, era só uma foda, um coração a bater mais forte e nada mais. - o sorriso dela aumenta, ao passo que o meu coração começa a, lentamente bater. As lágrimas, que eu não fiz esforço nenhum, já correm pela minha face.

- Como? - a minha voz sai aos soluços, e eu ouço a voz de Fred bem junto ao meu ouvido.

- Isso que você ouviu. - Angelina continua, e a mão de George sobe para a calar.

- DEIXA ELA. - berro alto, entre lágrimas e ele baixa a mão, sem me olhar.

- Vocês nunca passaram de uma simples aposta, de saber quanto tempo você duraria até abrir as pernas para ele, e se apaixonar. É, pelo que sei, não  demorou muito tempo, nem uma coisa nem outra, pois você andava chorando por ele pelos cantos.

George ergue a cabeça e se aproxima de mim, tentando tocar os meus braços, e eu afasto as suas mãos com tapas.

- Não. - respiro rápido. - Não me toca, seu, seu. - as lágrimas cobrem o meu rosto, ao passo que tudo o resto é silêncio. - Você, eu nunca pensei isso de você George. Eu poderia imaginar isso de todo o mundo, de todas as pessoas há minha volta, mas nunca de você. Eu pensaria isso do Fred, mas você era claramente o gémeo Improvável, para que eu pensasse alguma merda desta dimensão. Que merda, que caralho. - ergo as minhas mãos, até ao meus cabelos e os agarro, sentindo a mão de Fred apertar ainda mais o meu braço.

- Lilith. - George sussurra o meu nome.

- LILITH O CARALHO, GEORGE. LILITH O CARALHO. - a minha voz sai tão alta, que eu sinto a vibração da mesma nos meus pés, e a minha garganta ficar seca. - Você estragou tudo, tudo o que poderia acontecer ou vir daqui, desta merda de relacionamento. Você. - me aproximo dele e aponto o dedo no seu peito, batendo com o mesmo. - Você é o único culpado, de me ter perdido. Que raiva, que nojo de mim. Eu tenho nojo de mim própria. Você é pior do que eu alguma vez imaginei.

Ele agarra os meus braços, com força e eu, subo uma das minhas mãos e a acerto em cheio na face.

- NUNCA MAIS ME TOCA, SEU FILHO DA. - calo a minha boca, sentindo o sal das minhas lágrimas e me solto das suas mãos e da de Fred, e saio da casa indo até ao exterior onde um grito alto sai dos meus lábios. Fecho os meus olhos e estico as minhas mãos, e quando estou prestes a aparatar, uma mão agarra a minha.

Quando sinto os meus pés seguros, e abro os olhos, antes que eu tenha qualquer reação, um abraço é me dado com imensa força.

- Calma amor, calma. - Fred sussurra e o meu choro se torna mais alto.

- Está doendo Fred. - soluço alto. - Está doendo tanto.

Eu me deixo cair no chão, de joelhos, e ele acompanha o meu corpo, e eu sinto várias gotas de chuva caírem em cima de mim, se juntando as lágrimas que escorrem.

- Eu sei, eu sei que está doendo pequena. - ele continua com a sua voz calma. - Vamos procurar um local para nos abrigarmos.

Fred me ajuda a levantar, e eu agarro a lateral do seu corpo, enquanto percorremos as ruas quase desertas do Beco Diagonal. Ele para em frente a uma porta, a abrindo.

- Pode nos arranjar um quarto? - ouço ele falar, enquanto eu soluço, de olhos fechados. - Obrigado.  - ele fala antes de juntar os seus lábios ao meu ouvido. - Vamos pequena.

Caminhamos novamente e ele me ajuda a subir umas escadas até um corredor, e uma porta que se abre e ele entra comigo. Fred me senta na cama, e se coloca de joelhos na minha frente.

- Por que Fred? - o meu choro volta em força e eu sinto as minhas mãos tremeram, e ele as agarra.

- Eu avisei ele Lilith. - abro mais os olhos e o encaro.

- Você sabia? - me ergo da cama mas ele me agarra.

- Eu sabia, mas eu não participei disso. - ele passa a mão na minha face, tentando limpar as lágrimas que continuam a cair. - Angelina usou a parte que ela tem na loja para o fazer aceitar a aposta, e ele me contou isso. Eu disse para ele não fazer, para ele não brincar com ninguém, muito menos com você.

- Mas ele brincou. - Fred puxa a minha cabeça para o seu peito, e me aperta. - Ele brincou Fred, ele usou e abusou e brincou comigo e com os meus sentimentos.

- Eu sei pequena. É, eu sei. - ele ergue a minha face e me olha. - Se você soubesse o quanto eu quis avisar você, o quanto eu evitaria que você se apaixonasse. Se você soubesse.

Volto a abraçar Fred, ouvindo a chuva cair na rua, e o meu próprio choro. Fred faz uns pequenos barulhos com os lábios, e eu fecho as mãos nas suas costas, deixando que dor toda saia pelo menos um pouco, de mim. O ar volta a sumir dos meus pulmões, e eu faço o todo o esforço para o puxar.

- Calma Lilith, respira. - Fred agarra novamente a minha face. - Abre os olhos. - Eu os abro e encaro os dele. - Respira comigo, vamos. - ele começa a fazer os movimentos de respiração e eu o imito. - Isso princesa, isso. - ele sorri, mantendo os movimentos, e eu sinto cada vez mais lágrimas caírem.

- Anda amor. - ele fala baixo, e me puxa para a cama, onde se deita e me faz deitar em seu peito, me abraçando ainda mais forte. Minha mão repousa em seu peito, e ele a aperta, enroscando os nossos dedos. - Eu deixei isto acontecer, me desculpa Lilith.

- A culpa não é sua, nem minha mas sim dele. Ele que tem que sofrer e perceber que foi ele que fez o pior erro da sua vida. - soluço um pouco mais. - Ele, não você.

Fred me aconchega mais, e eu fecho os meus olhos, ouvindo o seu coração.

- Tenta dormir, descansar. - sua mão passa em meu cabelo.

- Duvido que consiga. - falo ainda mais baixo que ele.

- Tenta. - ele beija a minha testa delicadamente. - Eu amo você Lilith.

¬ O Gémeo Improvável ¬× George Weasley Where stories live. Discover now